Nível artístico elevado no Festival do Sobral de Monte Agraço

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Passados 49 anos do Dia 25 de Abril de 1974, festejamos a liberdade de cada um ser o que quiser, dizer o que bem entender e sobretudo o que aqui vem ao caso, recrear-se artisticamente conforme a gana e o sentimento de cada um…

A arte de tourear deverá ser livre, inspiradora e isenta de joguetes… já nós, escreveremos sempre aquilo que sentirmos, doa a quem doer e mesmo que nos doa a nós, assim será…

Meia casa fortíssima em tarde calorosa e tauródromo renovado, com evidentes melhorias na sua apresentação, o que é de louvar, em mais uma organização de José Luís Gomes.

Vamos lá ao festival e a “coisa” resume-se muito facilmente. A parte equestre muito mais homogénea e entretida, sendo que a parte a pé, penitenciada por uma inferior qualidade das reses de Falé Filipe.

Abriu José Ignácio Uceda Leal, não deixando muito por recordar, visto que a matéria-prima era escassa para grandes obras. Mais apurado esteve Manuel Dias Gomes, com uma actuação muito mais inteira, com uma boa entrada de capote e uma faena de mérito, com passes por ambos os pitons e sobretudo, com temple.

Gonçalo Alves andou “benzinho” de capote, voluntarioso com os pares de bandarilhas, sofrendo uma aparatosa colhida (afortunadamente sem complicações a registar) no primeiro de quatro e, na muleta, andou com solvência, embora o novilho não transmitisse nada de nada, tornando tudo mais complicado em termos de “conexão” com o público.

João Moura Caetano foi o primeiro “pintor” de uma obra de várias leituras possíveis… Bem nos compridos mas soberbo nos curtos, deixando grande nota da sua templadíssima brega, montando o Campo Pequeno, que esta tarde, diga-se, se transcendeu em categoria. Caetano está moralizado e apenas três dias depois do triunfo de Brinches, volta a armar o taco, desta vez em Sobral.

Manuel Telles Bastos esteve também ele em bom plano, dentro do seu costumeiro conceito clássico. Toda a sua actuação teve nível, mas o penúltimo curto foi de muitos quilates.

Joaquim Brito Paes não foi a excepção do naipe de artistas em termos qualitativos. Bem nas cravagens e nas abordagens ao oponente, tal como na brega a duas pistas, de muita vistosidade.

Diogo Oliveira foi o ar fresco deste Festival. Presença agradável, sem cansar, com modos e alegria sem ser espalhafatoso. Ar feliz a lidar, sem brigas. Gostou, fez-se gostar, lidou bem, rematou com efusividade e piruetas ajustadas.

Caetano lidou uma rês da sua própria ganadaria, Irmãos Moura Caetano, de muito bom comportamento e os restantes, da ganadaria Charrua, também eles cumpridores no geral.

As pegas foram consumadas por Pedro Félix e Duarte Nascimento, ao primeiro intento, vestindo a jaqueta dos Amadores de Lisboa e; Paulo Ganhão e Francisco Rosado, à terceira e primeiro tentativas, respectivamente, representando os Académicos de Elvas.

O festejo foi antecedido por um minuto de silêncio em memória do embolador Manuel Patrício e dirigido por João Cantinho, com assessoria de Jorge Moreira da Silva.

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(Fotos: João Dinis)

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