A Praça de Touros Dr. Ortigão Costa, um português reconhecido por todos, quer pelos seus méritos enquanto empresário, quer enquanto homem e defensor de Portugal e das suas tradições, recebeu este Domingo, a sua tradicional Corrida de Touros inserida na Centenária Feira de Maio, com um cartel variado, cuja entrada de público surpreendeu pela positiva.
Confesso que pessoalmente andava com dúvidas se existiam assim tantos aficionados como aqueles que se apregoam, afinal de contas se há um jogo de futebol adia-se uma corrida, se há uma corrida para o mesmo dia volta-se a adiar, se o toureiro “x” atua em a Portugal não se pode dar mais nenhuma corrida… mas a Azambuja confirmou que eu, estava, felizmente, enganado.
Três quartos de lotação, uma casa “cheia à vista”, mostram que Portugal pode, e deve, receber os seus espectáculos tradicionais e dar a cada público aquilo que ele gosta de ver.
Um carte variado, cinco cavaleiros lusos e um rejoneador espanhol já “quase português” e três grupos de forcados divertiram um público que ali estava para isso mesmo, passar uma tarde agradável em torno da festa brava.
À arena azambujense saíram touros da ganadaria António Lampreia, na generalidade cumpridores, anunciados com os pesos, 510 quilos, 480 quilos, 500 quilos, 500 quilos, 440 quilos e 510 quilos.
Abriu a corrida a cavaleira Ana Batista, confirmando em Azambuja que está num ano de reencontro.
Destaque para o terceiro ferro curto, cravado com o seu cavalo estrela com ferro Pablo Hermoso.
João Moura Caetano decidiu alterar este ano a gestão da sua temporada, sobretudo por actuar em maior número de espectáculos que em temporadas anteriores e isso começa a notar-se na naturalidade como lida os touros.
Com o “Campo Pequeno” Moura Caetano executou uma vistosa lide, destacando-se sobretudo a “brega” que executa e o seu último ferro curto, numa sorte que quase parece um improviso e resulta num momento muito ajustado.
Marcos Bastinhas conhece cada público e sabe dar-lhe aquilo que este procura e valoriza. E em Azambuja não foi diferente. Um toureio alegre e variado, a quem um touro que tinha tendência para tábuas serviu na perfeição.
Apesar de um primeiro curto cravado de forma incorreta, ainda que após um bom momento de brega, Marcos recebeu as maiores ovações da tarde nos últimos ferros, dois de palmo, um em sorte de violino e o tradicional par de bandarilhas.
Duarte Pinto levou à Azambuja o classicismo, e ainda que tenha actuado após a irreverência de Marcos Bastinhas conseguiu dois bons ferros curtos, segundo e terceiro, que o público reconheceu.
Andrés Romero é um toureiro conhecido dos aficionados de Azambuja, por ali já ter actuado algumas vezes.
Nesta aparição na arena azambujense Romero destacou-se sobretudo no segundo ferro curto, onde o seu cavalo Fuente Rey esteve enorme na “cara” do touro.
Encerrou o espectáculo Parreirita Cigano, que deixou o melhor ferro comprido da tarde, entrando depois numa série de bandarilhas bem executadas.
A jogar “quase” em casa, Parreirita quis deixar a sua marca, com o ferro de câmbio, mas um touro que não se arrancava como este desejava acabou por tirar brilhantismo à sorte.
Em tarde de concurso de pegas saltaram à arena os Forcados Amadores do Ribatejo, Amadores de Azambuja e Amadores de Arruda dos Vinhos.
Pelos do Ribatejo foram caras Ricardo Regeia, à terceira e Rafael Costa, à primeira.
A formação da casa, ou seja, Azambuja, teve como caras João Gonçalves, à primeira tentativa e João Branco, à segunda.
Com a jaqueta de Arruda dos Vinhos, foram caras: Edgar Simões e Nuno Aniceto, ambos à primeira tentativa.
No final, o júri constituído pelos três cabos decidiu entregar o Prémio Junta de Freguesia de Azambuja a Edgar Simões do Grupo de Forcados de Arruda dos Vinhos.
O espectáculo foi dirigido por Lara Gregório de Oliveira, assessorada por José Luís Cruz.
Um último destaque para o justo minuto de silêncio em memória do grande aficionado e apoiante de muitos toureiros vilafranquenses, João Perdigão.
Fotos: João Dinis