Arruda dos Vinhos – O povo ainda é quem mais deveria ordenar…

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Faltou o que mais importa num espectáculo tauromáquico para que o mesmo faça sentido, público. Apenas um terço de entrada em Arruda dos Vinhos, numa data “entalada” entre Santarém e tantas outras. Deixemos as justificações de lado e passemos ao resultado artístico, não sem antes ressalvar, que esse tal elemento que mais importa, o público, é ainda quem mais deve ordenar.

Não havendo em Portugal uma regra que dite e torne justa a saída em ombros de um toureiro, deve ser o público a exigir isso mesmo, de forma clamorosa e sobretudo digna para o toureiro. Sabemos bem a força de uma fotografia, mas nunca nos esqueçamos, que a memória do que se vê, essa jamais nos atraiçoa.

Outras coisas terão que ser tidas em conta, como por exemplo, as voltas à arena atribuídas a um toiro. Bem João Cantinho a “ordenar” o encerramento da porta dos curros para que o toiro lidado por Casquinha fosse justamente ovacionado. Se o mesmo não deu volta, encabrestado, pois pena, mas não tem que se ser o toureiro a “forçar” isso mesmo.

Posto isto… Sigamos…

À cavaleira Ana Batista coube inaugurar a tarde de toiros, enfrentando-se com um toiro que em compridos dificultou, “abrindo” para curtas, num momento em que a toureira de Salvaterra deu boa nota do binómio “cavaleira e cavalo”, rubricando uma boa actuação, com bons ferros e epílogo num palmito.

João Moura Caetano lidou o segundo, de maior trapio e que viria a servir ao toureio do cavaleiro alentejano. Esteve bem a receber, num palmito de terreno, elevando a fasquia enquanto montou o Campo Pequeno, num toureio de muitos quilates, templado, em que a brega foi rainha, deixando curtos de nível, rematados superiormente.

A cavaleira Ana Rita viu-se impossibilitada de cravar curtos ao único toiro que haveria de lidar. Aquando do segundo comprido, a rês foi devolvida aos currais por aparente lesão ou debilidade física. Ainda assim, regressou à arena Ana Rita, sob a cortesia da Câmara Municipal e Junta de Freguesia ofertando ambas as instituições, o toiro sobrero. O público ovacionou e ficou, feliz. Ana Rita andou ligeira, alegre e a tentar criar “impacto”, tendo e pondo em prática o seu forte sentido de espectáculo. Actuação ritmada, em que cumpriu com a ferragem da praxe, a terminar com um violino e palmo.

Francisco Núncio cumpriu com regularidade a papeleta, deixando a ferragem da ordem com eficácia e sem que o cumpridor oponente levantasse questões de maior, usando do seu classicismo.

As pegas estiveram por conta dos Grupos de Forcados Amadores de Arruda dos Vinhos e Clube Taurino Alenquerense.

Vestindo a jaqueta do Clube Taurino Alenquerense, pegaram de caras: Rafael Brás, ao primeiro intento, e, na pega do toiro sobrero, João Rocha, também à primeira tentativa.

Pelos Amadores de Arruda dos Vinhos, foram na linha da frente: João Costa, à primeira tentativa e; Pedro Belmute, à primeira.

António João Ferreira cumpre nesta temporada 15 anos de alternativa e por isso foi homenageado antes do início da corrida. Esta tarde, não teve sorte com o toiro que lhe tocou. O oponente de Jorge de Carvalho não ligava muletazos, tendo o toureiro que sacar da brusquidão do toiro, algo que ele não queria dar. Cumpriu com ofício.

Se a Tojó tocou a fava, a Nuno Casquinha tocou a pérola, um toiro que tudo permitia, que ajudava e levava o toureiro por caminho direito, como ao contrário também é verdade. Bem Nuno no capote, num par de bandarilhas e na muleta, a crescer com o toiro e arrancar séries por ambos os lados, sendo que pelo lado esquerdo, conseguiu muita profundidade. Boa actuação.

Lidaram-se toiros da ganadaria de Eng. Jorge de Carvalho, com comportamentos e apresentações dissemelhantes. Destaca-se pela positiva o que foi lidado por Nuno Casquinha, sendo permitida e com justiça, volta à ganadeira.

O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico João Cantinho, coadjuvado pelo Médico Veterinário, Jorge Moreira da Silva.

Fotos: João Dinis

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