Salvaterra – O melhor estava no fim… Miguel Moura!

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A bonita Praça de Touros de Salvaterra voltou a abrir portas esta temporada, para receber uma corrida de touros nocturna, num espectáculo que pretendeu evocar os 40 anos de alternativa de António Ribeiro Telles, sendo-lhe tributada mais que justa homenagem ao intervalo do evento.

Noite fresca, com mosquitos e melgas abundantes, mas boa disposição por parte de um público acalentador e que preencheu cerca de dois terços fortes do tauródromo ribatejano.

Em praça para a lide de toiros Vale Sorraia (substituindo os inicialmente anunciados de São Marcos e Falé Filipe), estiveram os cavaleiros António Telles, Luís Rouxinol e Miguel Moura, tendo por diante reses com trapio, mobilidade e comportamentos díspares.

António Telles foi autor de uma primeira passagem mais discreta pela arena salvaterrense.
O toiro teve tónica de manso e o cavaleiro teve de porfiar para cumprir. Frente ao segundo houve António, muito mais António Telles, protagonizando uma actuação de grande nível artístico, com poderio e a sua costumeira classe e elegância na interpretação das sortes frontais e reuniões exímias.

Luís Rouxinol, à semelhança do que havia acontecido com António Telles, destacou-se na lide do segundo toiro do seu lote, deixando três bons compridos, evoluindo nos curtos, montando o seu cavalo Douro, com ele bregando de forma muito ligada, rematando as sortes. Terminou em crescendo com um bom par de bandarilhas e um bom palmito.
A sua segunda prestação foi mais morna, com altos e baixos, um violino que não se concretizou… Actuação em tom apenas regular.

Se a sua primeira lide se ficou pelo tom cumpridor e correcto, mas sem brilhantismos, frente ao segundo toiro do seu lote, Miguel Moura arrebatou, empolgou, com um triunfo de muitos, mas mesmo muitos quilates. Há o bater de palmas porque sim, mas há aquele bater de palmas genuíno, que sai de dentro e foi isso que o Miguel provocou em Salvaterra. Todos, mas mesmo todos se levantaram dos seus lugares, de forma espontânea e natural, numa galvanização absoluta, naquele que volto a escrever, é o mais Moura dos Mouras da actualidade.
A forma como cravou o primeiro curto e levou consigo um toiro ainda com muita velocidade, a forma como conduziu a duas pistas o seu cavalo, foi qualquer coisa de indescritível. Depois, o resto, foi mais e melhor a cada bandarilha, com o conclave a pedir mais e mais… Terminou com dois palmitos, mas poderia ter continuado, porque não aborreceria ninguém.
Um triunfo gordo, que pode, deve e é justo que o coloque em cartéis de competição, de postim e que faça parte da lista de figuras do nosso país.

As pegas da noite, estiveram destinadas aos Grupos de Forcados Amadores de Santarém e Ribatejo.

Pelos Amadores de Santarém, foram na linha da frente os forcados, João Fado e Vasco Salazar, em consumações ao primeiro intento e; Pedro Valério, à segunda tentativa.

Vestindo a jaqueta dos Amadores do Ribatejo, pegaram de caras: André Laranjinha, à primeira muito boa tentativa e Ricardo Regueira, também ao primeiro intento. A última pega não aconteceu devido ao facto do toiro se ter inutilizado.

O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Manuel Gama, assessorado pelo Médico Veterinário, José Luís Cruz, sendo cumprido um oportuno minuto de silêncio em memória do cavaleiro Rui Alexandre, falecido recentemente.

Fotos: João Dinis

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