Gostos não se discutem e se há público que gosta de duas oportunidades para cada toureiro por corrida, a verdade é que outros há que mais apreciam elencos diversificados e com miscelânea de conceitos. Contudo, o público não respondeu ao chamado, não preenchendo muito mais que um terço de lotação, em tarde fria e ventosa, com muito pouco de verão.
Iniciou a função o cavaleiro da ‘casa’ e esse facto nunca passa em claro, embora Luís Rouxinol seja acarinhado um pouco por todo o lado. Actuação em crescendo, brilhando sobretudo nas curtas, montando o Douro e com ele deixando também um bom par e palmo.
Filipe Gonçalves surgiu no Montijo de boa forma, levando a efeito também ele uma exibição de bom nível, com curtos após batidas ao piton contrário, com epílogo num bom par à passagem pelo corredor. O público pediu mais e mal, o director a não conceder mais um…
João Moura Caetano abriu o livro frente ao terceiro toiro da ordem, que à sua saída à arena evidenciou a sua característica de andarilho e dificuldade de colocação. Mérito para Caetano, o mesmo que aliado à arte exibiu nos curtos, primeiramente com o Campo Pequeno e bonitas hermosinas e depois, já com outra montada, mas o mesmo temple. Espectacular actuação com remates de profunda beleza, num triunfo gordo.
Marcando o equador do festejo, uma grande actuação de António João Ferreira, tendo por diante um toiro que colaborou e denotou boa condição. Bem de capote, a iniciar por veronicas e de muleta, a não deixar para trás a sua condição de toureiro fino, com classe e condições “naturais” que de resto concretizou com séries por ambos os pitons. Iniciou de joelhos, no centro da arena aquilo que foi uma actuação triunfal.
Duarte Pinto teve uma passagem regular pelo Montijo, deixando a ferragem da praxe de forma discreta, mas cumprindo de forma fiel ao seu conceito clássico, embora sem alardes de triunfo. Função pautada por alguma intermitência no ajuste das sortes…
Andrés Romero cumpriu no Montijo o seu quarto compromisso da jornada. Esteve bem, muito bem o rejoneador espanhol, evoluindo sobretudo por ocasião das curtas, deixando uma série de bandarilhas com impressionantes entradas ao piton contrário, com alegria, efusividade mas também, qualidade nas reuniões. À excepção da primeira, as restantes bandarilhas foram de enorme qualidade.
Deixar ainda uma nota importante, para o facto de a Festa não viver de santos, claro está, mas também não de ameaças e insultos dos “santis” desta vida, e uma conclusã: para que existam corrompidos na imprensa lusa, existem os que tentam corrumper e por aí ficamos… Aqui, no TouroeOuro não nos custa contar o bom, mas que não nos ameacem por contar uma noite menos feliz, como aconteceu ao rejoneador Romero, no Campo Pequeno.
Mara Pimenta encerrou a longa noite, de quase quatro horas de festejo. Esteve igual a si própria, alegre e de presença simpática e efectiva nas sortes.
As pegas estiveram por conta dos Grupos de Forcados Amadores do Ribatejo, da Tertúlia Tauromáquica do Montijo e Amadores do Montijo.
Pelos Amadores do Ribatejo, foram caras Dário Silva, efectivando ao segundo intento e; o cabo Pedro Espinheira, à primeira tentativa.
Representando o Grupo da Tertúlia Tauromáquica do Montijo, estiveram na linha da frente Tiago foguete, numa consumação à segunda tentativa e; Iuri Cardoso, à primeira.
E por último, vestindo a jaqueta dos Amadores do Montijo, pegaram: Hélio Lopes, ao primeiro intento e; José Pedro Suiças, também à primeira.
Estava em disputa um prémio para a melhor pega, sendo o júri composto pelos cabos dos três grupos. Sagrou-se vencedor Iuri Cardoso, da Tertúlia Tauromáquica do Montijo.
Antes ainda da entrega do troféu ao forcado Iuri Cardoso, assinalou-se a despedida do histórico forcado dos Amadores do Montijo, Nuno Dias, sendo que teria merecido que a dita despedida, fosse feita com o todo o público ainda presente e não ao fim de quatro horas de espectáculo, com o público já a abandonar o tauródromo.
Lidou-se um curro de toiros da ganadaria Varela Crujo, com apresentação correcta, sendo que no que concerne ao jogo dado, todos exibiram mobilidade e bom jogo, sem que se levantassem problemas de maior.
O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Ricardo Dias, assessorado pelo Médico Veterinário, Jorge Moreira da Silva.
Fotos: João Dinis