Um colosso nunca vem só e Moura, além da sua invejável trajéctoria na tauromaquia, pode bem orgulhar-se pelo facto de perpetuar a sua continuidade, “encarnada” nos seus filhos…
Não fui amante do slogan publicitário que promovia a corrida, dizendo que esta era a última encerrona de Moura, afinal de contas, Moura reinventa-se a cada instante dos seus 63 anos.
Pois bem, a história, rica em factos, bons e maus como de resto é feita uma vida, vangloria-se de termos na nossa vida, mas mais, na nossa nação, um artista predestinado como João António Romão de Moura, capaz de sobreviver a todas as intempéries, mas também, capaz de nos fazer ainda e hoje, recordar de tudo o que foi, o que é e o que sempre representará para a tauromaquia mundial.
Não fosse o mau tempo, evidente mau tempo e a verdade é que nos acompanha a convicção de que a Praça de Touros José Elias Martins, tivesse mais bancada preenchida que não somente os dois terços fortes. Mas o que interessa mesmo, foi a qualidade do público presente, que à sua entrada na arena para cortesias, se colocou em pé, como sinal de agradecimento por tudo, e não foi pouco…!
Por entre pingos e chuva a sério, Moura nunca virou a cara à luta, tendo feito da sua encerrona de Portalegre, não a melhor, mas quiçá a que se irá uma vez mais recordar como um feito heroico. Lidou sem sobressaltos ou erros, jogando pelo seguro mas brindando os presentes com apontamentos de grande nível, do seu nível e com o seu cunho pessoal.
Ninguém saiu aborrecido, porque Moura não deixou. Bons ferros em todos os toiros, remates, ladeios, tudo e tudo e a mais não foi obrigado, nem tão-pouco lhe foi exigido, apenas agradecido.
Bons momentos, os melhores da tarde, aqueles em que dividiu arena com o seu filho Miguel Moura. Como está este toureiro… O que se passa? É pai! Está genial e mantém, a tal descrição que se aprecia… partilhou arena frente ao quarto e sexto e João Soller Garcia, também bem, no quinto.
Houve fados, a cargo de D. Manuel da Câmara, houve brindes sentidos, como aquele que fez aos seus filhos e sobrinhos; a Fermín Bohórquez, à Presidente da Câmara de Portalegre, à empresa Toiros com Arte, mas… o de Francisco Romão Tenório, foi o brinde!
Os toiros de Veiga Teixeira, primaram em apresentação e não complicaram a função. Destacou-se pela positiva o quarto, premiando-se o ganadeiro com volta à arena.
Ao ruedo saiu também um toiro sobrero, da ganadaria de António Charrua. que serviu…
Tomás Moura deu continuidade ao espectáculo depois de seu pai ter saído em ombros, sacado por Francisco Palha e João Augusto Moura… Toda uma praça rendida ao Maestro de Monforte (quem como eu viu tudo o que a minha idade me permite, apenas pôde ter regozijo e já alguma saudade… que o tempo não passe…). O “peque” Moura, andou bem, com desenvoltura e eficaz nas sortes, fechando com chave d’ouro uma tarde longa, húmida, mas muito feliz.
Não se pode e não se deve deixar passar o detalhe do Director de Corrida Marco Gomes, a conceder música ao sexto toiro mal Moura entrou na arena para a sua lide. Fantástico. Taurino
As pegas estiveram por conta dos Grupos de Forcados Amadores de Portalegre, Arronches e Académicos de Elvas.
Pelos de Portalegre, foram na linha da frente: Gonçalo Costa e Ricardo Almeida em consumações, ao primeiro intento e Filipe Rodrigues, à segunda tentativa.
Vestindo a jaqueta de Arronches, pegaram de caras: Nuno Carrajal, à quarta tentativa, a sesgo e Luís Sarrato, ao primeiro intento.
Representando os alentejanos de Elvas, estiveram: João Bandeiras, à primeira tentativa e; Gonçalo Machado, também à primeira tentativa.
O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Marco Gomes, com assessoria veterinária de José Guerra.
Fica a certeza, em jeito de conclusão, que nunca haverá outro toureiro como Moura…!
Fotos: João Dinis