A última de três corridas integradas na Feira Taurina da Moita, por ocasião das Festas em Honra da Nossa Senhora da Boa Viagem, não logrou alcançar mais de meia casa no que a público concerne. Os alertas de mau tempo terão motivado, ou melhor, desmotivado a deslocação de algum costumeiro público deste certame moitense, contudo, a persistência do empresário Ricardo Levesinho, fez com que o espectáculo fosse por diante, quando outros, tantos outros, foram adiados ou mesmo cancelados.
O cartel misto, como a Moita gosta, anunciou um elenco que congregou António Telles e João Moura Júnior para um mano-a-mano a cavalo e; Juan Ortega e Joaquim Ribeiro ‘Cuqui’ para o ‘duelo’ a pé…
Comecemos pelo toureio a pé, porque foi a esta a ordem de lide para que se imprimisse alguma rapidez e ritmo ao espectáculo que se previa longo, afinal de contas, lidaram-se oito toiros!
Juan Ortega, elegantemente vestido de branco e azabache, tem um fino corte e isso, também faz o ‘tipo Moita’, um tauródromo sempre muito mais tourerista que torista. E tanto assim é, que não se ouviu um único assobio pelo justo peso dos toiros, ainda que rematados.
Ortega andou bem no primeiro do seu lote, sendo esta sua mais feliz passagem pela arena moitense. Bem de capote, mas melhor de muleta, sendo autor de uma faena para bons apreciadores, pela quietude impressa no seu labor. Pintureria, profundidade e pena foi que o oponente não exibisse repetição.
Frente ao segundo, bem no capote, desenhando duas lindíssimas meias veronicas. De muleta pouco ou nada mais que apontamentos, sem redondear, sem música e sem volta.
O matador de toiros da ‘casa’ andou voluntarioso de capote frente ao primeiro, mas, de muleta, pouco assertivo, sendo certo que o toiro era como um poço sem água. Pese embora a ma qualidade do oponente, ficou a sensação de que foi volteado por mais que uma vez, com alguma responsabilidade sua.
Joaquim Ribeiro ‘Cuqui’, andou muitíssimo bem de capote no segundo do seu lote, lanceando à veronica de perna flectida. Bandarilhou ambos os toiros com solvência, mas, nada teve que sacar do seu segundo toiro e aqui sim, isento de todas as responsabilidades. Faena sem música e sem volta.
Juan Ortega saiu ao quite no segundo de Cuqui, com bonitas chicuelinas e meias veronicas.
Os toiros de Juan Albarrán, pequenos mas rematados, não contribuíram para o sucesso do espectáculo no que ao toureio a pé concerne.
António Telles, ícone de classe e elegância, andou esta noite, na Moita, em tom discreto.
Frente ao primeiro, cumpriu sem alardes de triunfo, consentindo um forte toque na montada, deixando as sortes de forma regular e por isso, optando por não dar volta, embora autorizada. O toiro que teve por diante, não foi colaborante e pareceu mal visto, colocando dificuldade acrescida na função.
Frente ao segundo, andou uns ‘furos’ acima, mas ainda assim, sem romper em sonoro triunfo.
João Moura Júnior foi o mais entregue e aquele que conseguiu no conjunto dos dois toiros, um maior luzimento.
Frente ao primeiro, deu primazia a uma brega ladeada e ferros com batidas ao piton contrário; no segundo, citou de largo, partindo para o oponente com afinco e mão certeira. Terminou com uma mourina de boa nota.
As pegas estiveram por conta dos Grupos de Forcados Amadores de Santarém e Vila Franca.
Pelos Amadores de Santarém pegaram: Francisco Cabaço e o cabo, Francisco Graciosa, em efectivações à primeira tentativa.
Vestindo a jaqueta dos Amadores de Vila Franca, estiveram na linha da frente: Rodrigo Andrade e Guilherme Dotti, em pegas consumadas ao primeiro intento.
A ganadaria eleita para o toureio a cavalo foi a de Monte Cadema, com toiros na casa dos 500 quilos, que exibiram mobilidade, sendo o primeiro mais complicado e os restantes a deixarem-se lidar.
O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Ricardo Dias, benevolente no que à primeira volta concedida a Cuqui diz respeito, assessorado pelo Médico Veterinário, Hugo Rosa.
Em suma, festejo não demorado, mas longo dado o pouco interesse que foi mantendo, sem triunfos e com poucos destaques. ‘Nem fu, nem fa…’
Fotos: João Dinis