Santarém – Entre a tradição e La Modernidad… e não tem mal nenhum

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Não tem mal nenhum ser bairrista, ser adepto do Vitória de Setúbal em detrimento do Benfica ou Sporting… não tem mal nenhum, se preferirmos ser de um só e não ser de todos. Não tem mal nenhum, se gostarmos mais de água do que de vinho, mas também não tem mal nenhum, preferir numa corrida andar escada acima e abaixo, em detrimento de sentir o espectáculo e não incomodar quem o quer ver. Não tem mal nenhum que se trate a imprensa com critérios diferentes, porque também não tem mal nenhum que uns se “comprem” e outros não, porque na verdade, também não tem mal nenhum, dizer-se que os bons, serão sempre os melhores! Não tem mal nenhum, que se cumpra a tradição, mas também não tem mal nenhum, que se introduza la modernidad

Hoje Tristão Ribeiro Telles foi neto desse gigante ícone do toureio, chamado David Ribeiro Telles. Usou a sua casaca, cumprindo a tradição, mas não tem mal nenhum que não use tricórnio… a tradição não é inimiga do cunho pessoal e até de novos conceitos, mesmo e quando a igualdade aos demais parecia ser mais adequada ao politicamente correcto. E não tem mal nenhum, dizer-se que António Telles, fez o que pôde, dentro da sua condição de toureiro veterano, com todas as limitações que isso lhe possa conferir, evoluindo na lide, frente a um toiro complicado e mansote.

Não tem mal nenhum, dizer-se que Manuel Telles Bastos andou entre linhas direitas e um ou outro desvio, mas sem muito errar e brilhar… Não tem mal nenhum, dizer que João Ribeiro Telles começou bem, andou benzinho nos iniciais curtos e seguiu para o seu “número Ilusionista” com desacertos, terminando com dois curtos de muito boa nota.

Não tem mal nenhum, dizer-se com carinho, que os “gaiatos” foram os que exibiram maior vitalidade, sendo António Telles filho a melhor obra de seu Pai. De menos a mais, com um inicial comprido muito traseiro, mas não tem mal nenhum. Também não tem mal, dizer que se agigantou e que recuperou sítio, terminando em grande.

Por entre a tradição de ser o mais antigo toureiro a conceder alternativas, também não tem mal nenhum que tenha sido um primo e um mentor a conceder tão importante aval para a ascensão na carreira. Não tem mal nenhum, que Tristão tenha iniciado a “medo”, controlado e que de repente, se tenha positivamente descontrolado. Ladeou fazendo lembrar outras “correntes” do toureio e isso, não tem mal nenhum. Cravou depois de batidas ao piton contrário e isso, não tem mal nenhum!

Vitória incontestável numa mega lotação preenchida que rondou os três quartos, não tendo mal nenhum que o último toiro tenha sido lidado em tom de Festa, com todos os Telles em praça. Não tem mal nenhum, sermos diferentes e ousarmos dizer o que pensamos porque não tem mal nenhum, que nos castiguem por isso.

O que sim tem mal, é que os toiros de Herdeiros David Ribeiro Telles não tenham emprestado o dinamismo, transmissão e emoção que se impõe para elevação do espectáculo.

Na tauromaquia, nada tem mal nenhum…

As pegas da tarde estiveram destinadas às formações de Santarém e Aposento da Moita.

Pelo Grupo de Forcados Amadores de Santarém, foram na linha da frente, Joaquim Grave, consumando ao segundo intento; Francisco Paulos e Francisco Cabaço, ao primeiro intento.

Vestindo a jaqueta do Grupo de Forcados do Aposento da Moita, pegaram de caras: João Freitas, Luís Campo Moniz, à primeira tentativa; e o cabo, Leonardo Mathias, ao segundo intento.

O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Manuel Gama, com assessoria veterinária de José Luís Cruz.

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