Pobre tauromaquia portuguesa… ao ponto que chegámos!
Este quase que podia ser o título de um fado, que teria uma letra muito triste, e que a este ritmo tem um fim cada vez mais anunciado.
Numa altura em que já nem se respeita a tradição do Hino da Maria da Fonte, que assinala a chegada da “entidade” à Praça de Touros, o caminho para o fim é traçado diariamente pelos intervenientes no espetáculo tauromáquico…
A temporada 2024, que se alavancou no inverno com um futuro promissor, está a ser uma das mais destruidoras de sempre, lamentavelmente com a colaboração de “altas patentes” dos agentes tauromáquicos lusos.
Começámos logo a 1 de Fevereiro, com a realização de um espetáculo ilegal, na abertura da temporada.
Poderão retorquir que não dar o espetáculo seria sinal de fraqueza, que seria isto ou aquilo… foi um espetáculo que se realizou de forma ilegal, ponto parágrafo!
Queremos respeito, temos de nos dar ao respeito!
Na Inspeção Geral das Atividades Culturais (IGAC) corre agora o inquérito à realização do mesmo, em que moldes foi realizado e quais foram os artigos da Lei vigente, violados.
Sabe o TouroeOuro que, mais que as coimas, a IGAC pode agora “deixar de fechar os olhos” e a tauromaquia em Mourão e na Granja ter os dias contados, se tivermos em conta toda a legislação que aqueles tauródromos têm de cumprir…
Poderia Joaquim Grave ter gerido o processo de maneira diferente? Deveria, sobretudo a bem da tauromaquia!
Anunciava-se por essa altura a “chegada em força” da empresa Toiros com Arte, e da sua “revolução tauromáquica”, e vê-se agora um total desnorte, falta de planeamento e até de conhecimento das praças que gerem…
Comentava-se que a dupla empresarial tinha milhares de euros para investir na tauromaquia… anunciaram de forma oficial uma parceria que os catapultou para a ribalta, até os tornou “empresários dinâmicos” e os “donos disto tudo”… e eis que aos primeiros “dissabores” a máquina mostra que não estava oleada, nem preparada para o volume de trabalho a que se dispôs…
Pelo meio ofereceram-se valores completamente fora de contexto por praças e touros, esquecendo que sem toureiros ainda não se fazem corridas…
Se, sobretudo os ganadeiros, ficaram agradecidos pelos valores oferecidos, muitos deles quase o dobro do que até aqui se pagou, teme-se o futuro da temporada…
É verdade que pelo meio houve o “azar” do tempo, mas o primeiro azar foi a falta de planeamento e de visão, mas sobretudo de preparação da temporada, e de perceber, ou querer perceber, o que cada praça exige, e sobretudo, o que cada afición gosta.
Os festivais de início de temporada foram um descalabro, é verdade, pela sua não realização, mas será que deveriam ter sido anunciados? Não!
Coruche nunca teve um festival naquela altura, os do Alentejo não fizeram sentido, e isso ficou demonstrado pela falta de interesse que o público mostrou mesmo nos que se realizaram.
Sobre a falta de planeamento a que me refiro dou alguns exemplos:
– Chamusca – Terra aficionada, com toureiros, ganadeiros e forcados. Contratar touros “de fora” e deixar os toureiros “da casa” fora da arena foi um acto que os aficionados locais não perdoaram!
– Coruche – Desde dezembro que se sabia que não haveria Feira da Cortiça – FICOR, algo que a empresa, que teve, pelo menos, uma reunião com a autarquia, desconhecia.
A “praça da minha terra” é verdade que tem muitas particularidades e especificidades, mas não é nenhum bicho de sete-cabeças… isso ficou provado em anos anteriores… se se podem ganhar milhares não sei, empatar talvez não seja difícil….
Diz-se agora, porque a empresa terá restruturado toda a temporada, que o 17 de Agosto terá na arena touros de Murteira Grave… aliciante, que poderia ser transferido para outra data… sobretudo quando existem, seis ou sete ganadarias com ligações ao concelho…
Para o dia seguinte, anunciaram um “pai-a-filho” que terá “salvo” o compromisso assumido até dia 31 de Maio… Sim, Samuel e Jorge, eu sei, mas como vêm não falamos na história que todos os dias me entra no telefone…
– Montijo – Anunciar há cerca de dois meses, e agora “desanunciar” é um erro que os aficionados montijenses e das redondezas não sei se irão perdoar, leiam-se as redes sociais…
Um erro de planeamento foi apostar na primeira corrida daquela forma… não falo do sorteio do carro… isso era tudo o menos e sabia-se que não seria isso que levaria os aficionados…
Havia que falar com os grupos de forcados, e conhecer as realidades…
Havendo a Feira do Porco a decorrer, havia que integrar o espetáculo no certame e talvez a comemoração do aniversário dos Amadores fizesse agora mais sentido, até porque a maioria dos seus elementos têm “força” no setor…
Para o São Pedro anunciaram-se e publicitaram-se nomes, que agora não vão comparecer, num cartel de baralhar e dar de novo…
Poderão agora o Samuel e o Jorge dizer que no final é fácil falar… mas caros amigos, lembram-se de algumas vezes que me ligaram a pedir “opinião”, sempre fui frontal e direto convosco. Em Coruche, por exemplo, sempre Vos disse o que achava, mas depois via que faziam o contrário…
Afinal de contas estavam, estão, rodeados de diversas “personalidades” que pensam muito sobre a tauromaquia… ou será que só pensam em safar a sua própria pele?!
A aposta no marketing e na publicidade tem sido totalmente ao lado… uma empresa com a dimensão da Vossa deveria ter uma verdadeira máquina montada e não uma máquina que ainda nem enviou uma nota de imprensa sobre os cartéis do Campo Pequeno…
Por falar em Campo Pequeno e os cartéis…
As críticas são ferozes e fazem-se ouvir, basta andar atento às redes sociais e às mensagens recebidas…
Pedro Brito de Sousa, que nos disse no sábado passado estar “muito contente com o trabalho de Ricardo Levesinho” à frente da Praça de Touros da Moita, foi um dos mais acérrimos críticos, considerando mesmo que “Lisboa morreu!!”, isto por a cartelaria apresentada não contemplar nem um matador.
Diz Luís Pombeiro que as corridas mistas, ou a pé, sempre deram prejuízo… talvez porque nunca se tenha apostado em quem devia, mas sim andarmos ao sabor das amizades e “compromissos”…
Não colocando em causa nenhum dos nomes anunciados nos cartéis, mas “remisturados” de outra forma tenho a certeza que os elencos ficariam muito mais atrativos… mas como diz Pombeiro… “as obrigações” continuam a falar mais alto, ainda que vão mantando aos poucos a tauromaquia…
Caros Luís, Samuel e Jorge, se depois deste escrito quiserem deixar de acreditar o TouroeOuro, compreendo, mas são demasiados erros para os deixar passar em claro.
Não contem com o TouroeOuro para os fretes que estão habituados, para dizer que são os maiores de uma freguesia quase sem habitantes ou para vos aclamar, quando todos sabem que isso é feito a troco de escassas migalhas!
Contem connosco para apoiar o que é bem feito, mas criticar quando é mal feito, e sobretudo prejudicial à festa que todos gostamos.
No dia em que a tauromaquia acabar, e pelo andar da carruagem não faltará muito, teremos, no TouroeOuro, a consciência tranquila de que tudo fizemos para a engrandecer e dignificar!
Muito mais assuntos há ainda para escrever… o Aeroporto e a tauromaquia, São João da Pesqueira e os triunfos bacocos… mas sobre isso voltamos em breve!