Colete Encarnado homenageou Joaquim Correia “Matateu” (com Fotos)

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A Praça Afonso de Albuquerque, junto aos Paços do Concelho, em Vila Franca de Xira foi hoje pequena para receber todos os campinos que se associaram ao “seu” Colete Encarnado, na homenagem a um dos seus, que ajudaram a escolher, numa cerimónia “democrática”, como a apelidou Fernando Paulo Ferreira, Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira.

O campino homenageado este ano foi Joaquim Júlio Correia “Matateu”, que aos 77 anos, viu concretizado um sonho, ao ser distinguido pelos seus pares na festa maior que é dedicada ao Campino e ao Campo, o Colete Encarnado.

Joaquim Correia, recebeu ainda jovem do pároco de Benavente, local onde vivia, a alcunha de “Matateu”, celebre jogador do Belenenses, e com o qual as parecenças físicas fizeram com que o Padre lhe desse um “segundo batismo”.

Filho de Joaquim e Ilda Augusta, é o mais velho de 12 irmãos. Nascido em Benavente, conta que “não sei ler nem escrever. Tinha de trabalhar para ajudar os meus pais a dar de comer aos meus irmãos. Comecei a trabalhar com sete anos, com o Ernesto Batateiro, na Quinta da Foz, em Benavente. Depois saí e fui para a ganadaria do Eng.º Rafael Mendes Calado, para a Herdade do Monte da Saúde, em Benavente, ser camarada do meu tio João Garrafão, maioral dos touros.”

“Depois saí e fui para a ganadaria Manuel António Lopo de Carvalho, para o Mouchão dos Malagueiros, entre Salvaterra de Magos e Benavente. De lá fui para o ferro que hoje trago no colete, da Casa do Sr. António Marques, em Benavente”, conta, acrescentado que “também fui empregado do Sr. José Dias”.

“Matateu” recordou ainda o tempo em que foi para Mafra, aos 20 anos de idade, cumprir com o serviço militar obrigatório. “Fui para a Cavalaria, com o Sr. João Preceito e com o Sr. António Foguete. Estive lá 37 meses e 20 dias e meio. Quando regressei ao trabalho fui montar cavalos para o Sr. Júlio Botelho Moniz, para a Quinta das Carochas, em Benavente”.

Reformou-se quando já tinha quase duas décadas de dedicação à ganadaria de David Ribeiro Telles. Fora das faenas do campo, também foi a várias Praças de Touros espanholas e portuguesas, nomeadamente Abiúl (Pombal), Cascais, Nazaré, Salvaterra de Magos, Santarém, Setúbal, Póvoa de Varzim, entre outras. Em casa tem expostos vários troféus arrebatados nos jogos de perícia e destreza, nas provas de condução de cabrestos, nas corridas à vara larga e noutras demonstrações populares deste género, em várias localidades ribatejanas e também por todo o país.

A homenagem que lhe foi prestada este sábado, 6 de Julho, faz justiça a uma vida inteira dedicada ao campo e ao maneio do gado bravo.

“Mais uma vez, como desde há 92 anos o campo invade a nossa cidade para celebrar as tradições, a coragem e a diferença, para celebrar a valentia e a natureza profunda da nossa humanidade, para celebrar a cultura e a ligação entre o passado e o futuro”, disse durante a sua intervenção Fernando Paulo Ferreira, que afirmou que “Vila Franca é diferente”, pois assume “a nossa natureza de cidade, de parte integrante da capital do país, tanto quanto a nossa ligação ao campo, à agricultura, ao Ribatejo e à Reserva Natural do Estuário do Tejo”, numa diferença que atrai cada vez mais jovens e famílias ao Colete Encarnado, “para connosco celebrar o presente, respeitar o passado e construir o futuro.”

Homenagem a “Matateu” recordou Manuel Borda d’Água

O Pampilho de Honra, com que este ano foi homenageado Joaquim Correia, tinha o nome de Manuel Borda d’Água, falecido em 2019, e que foi representado pelas suas netas.
Natural de Azambuja, o Município de Vila Franca de Xira perpetuou assim o seu nome entre os eleitos do Colete Encarnado.

Henrique Pinheiro incorpora organização das esperas e largadas de toiros

O Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, elegeu este ano o campino Henrique Pinheiro, da Casa Agrícola Veiga Teixeira, para a organização das esperas de largadas de Vila Franca de Xira.
O autarca, acompanhado dos campinos João Inácio “Janica” e Mário Oliveira “Café”, fizeram a entrega da cara de campino, como simbologia do momento.

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