A segunda de quatro corridas no Campo Pequeno parece ter corrido bem… o “parece” foi utilizado de forma consciente e sobretudo porque houve por entre algumas actuações, muitas arestas a limar, contudo, o tom festivo do tauródromo lisboeta nesta noite, contagiou tudo e todos e até o que foi menos bom, leva-nos na onda e com o “barulho das luzes, lá marcha…”.
Aplausos com “fartura”, voltas à arena muitas, música garantida e está tudo bem!
Pena que o brilho das fardamentas, se tenha transformado num tom mate mostarda… pó, muito, em demasia, ingramável! Até a rega da praça por um “ansiano” vestido de bata de oficina foi suigeneries, pois o senhor não largava a mangueira, nem que o matassem… enfim, siga para diante e vamos ao que interessa e que mesmo assim, parece não ter interessado muito.
Fermín Bohórquez foi homenageado. Ok, justo, mas com pouco impacto junto do conclave (que acorreu em muito bom número, preenchendo cerca de três quartos de casa) desta noite, pouco conhecedor destes “toques” elitistas.
A cavalo, seis cavaleiros que não são propriamente desconhecidos do grande público aficionado e alguns deles brindaram ao homenageado da noite…
Comecemos o relato!
Ana Batista assumiu-se nesta noite como a cabeça-de-cartaz e bem, deixando grande ambiente para o restante espectáculo.
Bem nos compridos e igualmente bem em curtos, destacando-se em dois dos curtos, por entre outros em que literalmente teve de “fintar” a investida do inimigo.
Agradável estadia na arena.
João Moura Caetano vê na praça da capital um talismã… Bem de verdade!
Foi receber o inimigo à porta gaiola deixando dois bons compridos, sendo o segundo de “elite”. Nos curtos e montando o Campo Pequeno, deu lição de brega cadenciada, fina e de temple, deixando as bandarilhas de forma correctíssima. Saiu a rematar as sortes como se o seu cavalo-estrela fosse uma muleta.
Detalhe importante e que não podemos deixar passar, foi o facto de ter brindado a Sónia Batista pela perda recente da sua irmã gémea.
Manuel Telles Bastos foi autor de uma lide fiel ao seu conceito artístico e lidador com classe e elegância, contudo, nem sempre as reuniões resultaram cingidas… Compridos regulares e iniciais curtos também, sendo que depois de um bom curto e posteriormente à troca de montada, a sua exibição veio a menos. Muito menos… teria ficado bem entre barreiras como fez o forcado que pegou o toiro que lhe correspondeu.
Duarte Pinto sofreu um refresh e surgiu no Campo Pequeno de forma mais vigorosa, embora não abandonando o seu conceito clássico e de toureiro à antiga. Andou bem em compridos e curtos, cravando a ferragem da praxe de boa forma. Toureou com outra “graça” e fez passar um bom momento.
Andrés Romero foi o “menos” desta noite e não porque não se tenha empenhado, claro está, à sua maneira. Esta sua nova maneira, pois, porque não é um novato por aqui e tinha mais que obrigação de não “abandalhar” a sua presença no Campo Pequeno desta forma. Foi buscar o toiro à porta dos curros e os compridos, ok e atenção, também houve bons curtos e aí não reside a questão. O que sim foi demais, foram os “desafios” aos aplausos do público, as gracinhas a cavalo, o desmontar-se sendo que depois voltou à arena e tudo sem noção de tempo e de que estava a saturar pela sua prolongada estadia na arena. Quando regressou tentou executar uma mourina que não só não resultou em grande coisa, como proporcionou várias tentativas, chegando mesmo a motivar um toque de aviso por parte do Director de Corrida. Depois de tudo isto, vinha com os seus dois cavalos de forma a dar uma volta com os “bichanos” mas o público a dizer, “alto aí…”. Não havia necessidade de subestimar desta forma o vegetativo Campo Pequeno.
Posto isto, o melhor estava para chegar pelas mãos do jovem Luís Rouxinol Júnior, que após brindar a seu pai (em dia de aniversário), deixou na arena cores de triunfo redundante. Verdadeiramente bem em todo o momento, destacando-se em bandarilhas pela lide do melhorzito dos toiros de Vinhas. Bons ferros, bons remates e um ar feliz a tourear, sem se “esparvonear”. Aplaudido de pé, com justiça.
O festejo contou com a presença de três Grupos de Forcados: Amadores de Coimbra, Amadores de Monsaraz e Académicos de Coimbra.
Pelos Amadores de Coimbra, foram na linha da frente os forcados Pedro Casalta, consumando ao primeiro intento e; André Macedo, à primeira tentativa.
Pelos alentejanos de Monsaraz, pegaram: André Mendes (ganhador do troféu em disputa para a melhor pega, sendo o júri constituído pelos cabos das três formações em cartel) e João Ramalho, à primeira tentativa.
Vestindo a jaqueta azul dos Académicos de Coimbra, efectivaram pegas de caras os forcados: Francisco Gonçalves, à terceira entrada ao toiro e; João Tavares, ao primeiro intento.
Lidaram-se toiros da ganadaria Vinhas, dispares em apresentação e até mesmo em comportamento. No entanto, todos se deixaram lidar sem levantar grandes questões.
O espectáculo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Manuel Gama, assessorado pelo Médico Veterinário Jorge Moreira da Silva, sendo que se cumpriu um minuto de silêncio em memória de Manuel Rosa ‘Tatá’. Sobre a Direcção de Corrida, infelizmente dizer que a música não pode, nem deve estar formatada ao segundo curto e as voltas não são um direito inquestionável.
Fotos: João Dinis (CLIQUE PARA AMPLIAR)