É difícil ser pároco nesta freguesia… Estar na bancada, junto da “população” nactiva, dá-nos uma dimensão da aceitação ou falta dela face a certos toureiros.
Em Coruche é assim e não é uma crítica, ou pelo menos não é primeira instância, é sim uma constatação.
Dizia eu noutro qualquer escrito, que o povo é quem mais ordena, que é como quem diz, quem mais deve opinar pois, enquanto pagar o seu bilhetinho, assim tem direito, mas, por vezes, o que é demais, também chateia.
Pois bem, vamos ao que realmente interessa e que não se mede em aplausos cegos de amor, sendo por isso desproporcionais face ao ocorrido na arena.
Falemos de forcados em primeiro lugar, pois o cartel desta tarde, em Coruche, estava exactamente baseado na mudança de Cabo. É legítimo que assim seja e bom sinal para os rapazes das jaquetas de ramagens. Sinal de que o ‘pueblo’ do Sorraia se ‘volcó com los chicos’, preenchendo cerca de três quartos fortes do tauródromo. Estes três quartos, o que aqui significa muita gente, mereciam ter “comido” sardinha graúda e não sardinha enlatada de um lote menor e aqui, literalmente menor. Os toiros de Grave e a ausência de trapio, retiraram importância à tarde, não lhe dando a dimensão que a arena exibe.
José Macedo Tomás pegou o primeiro astado, fazendo-o com aparente facilidade, ao primeiro intento, numa sorte brindada a seus pais. O público ovacionou de pé, com justiça. Despediu-se um Cabo, “entrou” outro. Um dos melhores elementos do Grupo de Coruche – João Prates. Prates brindou à edilidade local, dizendo-se um dos seus… Consumou à segunda tentativa.
Bruno Feijoca pegou à primeira, Martim Tomás, à terceira; João Mesquita, à segunda e; António Tomás, ao segundo intento.
Com a impossibilidade de actuar deAntónio Ribeiro Telles, Marcos Bastinhas passoua ser o que antigamente se designava como “cabeça de cartaz”, de um cartel jovem… Frente ao primeiro, nada a registar de uma lide com muito pouco interesse, que soube a “incompleta” e curta, sem remate da função… Um forte toque na montada aquando dos compridos e foi isto.
Frente ao segundo, um pouco mais de Marcos e uma actuação com vários momentos distintos. Depois dos compridos, colocou emoção no cite, atacando de largo, reunindo com modos, deixando dois bons curtos. Troca de montada e um palmo à meia volta e já com mais exuberância e por último, um par de bandarilhas de boa nota, rectificando o inicial meio par.
Miguel Moura também passou discreto na lide do primeiro do seu lote. Não esteve mal, mas a verdade é que pouco ou nada se recordará desta função. Cumpriu com a ferragem da praxe, sem brilhantismos e apenas um “cheirinho” de brega a duas pistas, mas sem que houvesse a mesma ligação que houve frente ao segundo do seu lote. Aqui sim houve Miguel. Lidou bem, com o selo da casa, deixando as curtas acompanhadas de uma brega poderosa, a duas pistas, saindo a rematar as sortes muito em curto, com recortes de franca beleza.
Tristão Ribeiro Telles entrou no festejo pela porta das substituições, mas, não deixou cair a sua popularidade nem poder de comunicação com o público.
As duas actuações não foram redondas ou exemplares na sua plenitude, mas tiveram ambas, momentos de interesse. Tristão tem gancho e quer muito, havendo de quando em vez, uma ou outra precipitação, contudo, o mesmo predicado, pode levá-lo a deixar ferros de grande nível. Destaco um na primeira actuação e outro na segunda que foram de muitos quilates.
Os toiros foram recolhidos a cavalo e de excelente forma pela dupla de campinos formada por Janica e Henrique Pinheiro.
O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Ricardo Dias, assessorado pelo Médico Veterinário, José Luís Cruz, impondo a direcção o nível de exigência que se impõe.
Fotos: João Dinis (CLIQUE PARA AMPLIAR)