São Manços – A pouca história de uma corrida de Verão e o São Mâncio

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Nem se quer foi demorada, nem sequer os toiros eram péssimos, nem sequer a praça estava vazia, nem sequer estava frio ou calor, nem sequer o cartel era horroroso, nem sequer havia pó, mas a verdade é que a corrida de ontem à noite, Sábado, na aficionadíssima localidade de São Manços não resultou memorável.

Ali, às portas de Évora passeou-se aos ombros dos forcados o Santo Padroeiro da terra, o São Mâncio, mas ainda assim, nada houve que se possa lembrar daqui a uns anos, muito menos daqui a uns dias… Mau quando assim é e principalmente porque a Praça João Jacinto Branco (cujo proprietário foi Homenageado por alturas do intervalo), a cumprir 40 anos, estava magnificamente composta no que a público concerne. Há quem diga que menos que noutras datas homólogas, mas, ainda assim, cheia à vista.

A questão é que, faltou fulgor, faltou emoção, faltou entretenimento, faltou redondear tudo, faltou ambiente, sendo que ainda assim o público muito aplaudiu tudo e todos, mas, com maior regozijo as pegas, ou não fosse São Manços, uma terra onde a pega é a rainha da tauromaquia.

Um minuto de silêncio por Alfredo Rouxinol e pela vítima de uma largada na noite anterior e uma corrida dirigida pela Delegada Técnica Tauromáquica Maria Florindo e pelo Médico Veterinário, Carlos Santana. Paragem a esta altura do texto por muito que nos custe. A Direcção de Corrida deveria ser inquestionável e digamos que, o mais discreta e invisível possível. Só que não. A “inteligente” esteve francamente mal nas atribuições de música e até de voltas à arena. Veja-se o exemplo do terceiro da noite, um toiro inquestionavelmente diminuído. A lide deveria ter sido abreviada se não pelo toureiro, pela presidência da corrida e atribuição de música, foi tão-só completamente injustificada. Algo tem de mudar nesta matéria, a bem da seriedade da festa, seja em que praça for.

Pois bem, actuaram três cavaleiros que não redondearam actuações e se a reses de Luís Rocha não foram brilhantes, é certo, os artistas também não estiveram a 300%.

João Salgueiro da Costa tem uma primeira exibição com alguns bons momentos. Destaca-se o primeiro curto como francamente bom, resultante de uma reunião muito, mas mesmo muito ajustada, usando e abusando Salgueiro de uma verdade que se quer no toureio. Pensou-se que seria bom augúrio, mas, apesar de uma actuação cumpridora, faltou o tal “tom” de triunfo.
Frente ao segundo, algo semelhante. Um ferro ou outro de melhor nota, mesclados com outros que ajudaram a que não houvesse profundidade.

Luís Rouxinol Júnior teve uma primeira passagem pela arena alentejana, que não foi dentro dos quilates que pode e sabe deixar nos ruedos lusos. Frente ao segundo sim, houve Rouxinol, com ladeios, com alegria, reuniões melhores e um palmo e par a rematar a função.

Tristão Ribeiro Telles pura e simplesmente esteve… calma, falamos do tal primeiro toiro do seu lote, terceiro da corrida, que se apresentou diminuído fisicamente e que a cada possibilidade se sentava, meio que aninhado na sua condição enfranquecida. Esta lide não deveria ter ido para além do segundo, máximo, terceiro curto. Mas não, Tristão despejou uma infinidade de ferros a um toiro que “luta” nunca deu, estando parado, paradinho.
Frente ao segundo, Tristão tentou e de certa forma conseguiu compensar o público. Lide alegre, com ritmo e vivacidade, com brega vistosa e reuniões algumas delas de boa nota.

As pegas estiveram como sempre, a cargo dos Amadores de Santarém e São Manços. Até aqui a noite foi de quando em vez “ensarilhada”.

Pelo Grupo de Santarém estiveram na linha da frente José Fialho, numa consumação ao segundo intento e João Faro e Manuel Campos, ao primeiro intento.

Pela formação de São Manços, pegaram de caras Martim Moreno, efectivando à terceira tentativa; João Nuno, à segunda tentativa e; Manuel Trindade, à quarta.

Esta foi a história de uma corrida de Verão, em que muito pouco houve para contar…

Fotos: João Dinis (CLIQUE PARA AMPLIAR)

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