Campo Pequeno – Não houve um…

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Lisboa, a afición em geral e o Campo Pequeno em particular, têm um motivo de regozijo.
Esgotar uma corrida a cinco dias de que se realize, é em Portugal não facto inédito, mas facto pouco habitual, o que nos dará muito que pensar, ainda que sem respostas, ou muitas respostas que se poderão dar em análises vindouras, com coerência e capacidade opinativa…

O segundo grande momento da noite no que à antecipação do festejo concerne era a despedida de um Homem que sempre deu muito a Lisboa, da mesma forma que Lisboa soube retribuir e hoje, uma vez mais assim foi. Pablo Hermoso de Mendoza toureava pela última vez no Campo Pequeno, uma das praças do mundo que mais o idolatrou.

O terceiro e não menos importante, o aniversário do “velhote” Grupo de Forcados Amadores de Lisboa. 80 anos 80! É obra e é História… da tauromaquia, em bom!

Comece-se por aqui um relato, que mais do que pormenorizar uma noite no que a técnicas concerne, foi uma noite de sentimentos diversos, de gratidão, de respeito.
O Grupo de Forcados Amadores de Lisboa, foi homenageado antes do início da corrida. Proporcionou-se uma imagem das que não se esquecem com facilidade. Todo um grupo, à mercê dos louvores e o mais antigo cabo vivo, a ser também agraciado. José Luís Gomes esteve lá, sempre lá…

Cinco pegas à primeira e a última à segunda. Um número apenas, perto de tanta coesão.
Por esta ordem, pegaram: Nuno Fitas, Tiago Silva, Miguel Santos, João Varanda, Duarte Mira e o cabo, Pedro Maria Gomes.

Daqui, deste pelouro, não houve um que estivesse mal.

Passemos às lides equestres e também aqui, não houve um que estivesse mal…

Três lides teriam chegado porque houve três, uma de cada toureiro, que fizeram valer a pena.

Pablo Hermoso de Mendoza está para o Campo Pequeno, exactamente da mesma forma, que o Campo Pequeno está para a sua carreira de sucesso. Esta noite, mais discreta na lide do seu primeiro, ainda assim, em tom agradável, fez-se valer pela lide do segundo, quando o toureiro navarro montou o Berlin. Já se sabe, hermosinas, cambios de sentido, brega a duas pistas, curtas com batida ao piton contrário e claro, o público rendido.
Saliente-se o brinde de Pablo, colocando-se em pé o Campo Pequeno, em êxtase.
Hermoso saiu em ombros, ladeado pela sua quadrilha, carregado por Francisco Palha, ladeado pelos colegas de cartel, por Moura, por João Ribeiro Telles e foi isto… muitas lágrimas!

Abriu praça António Ribeiro Telles e tal como Pablo, Telles não esteve mal. Andou bem e correcto mas poderá dizer-se, sem redondear. Mas frente ao segundo, pois… um taco em modo Mestre da Torrinha, com tudo bem feito, compridos de eleição e curtos de elevadíssimo nível, com uma brega poderosa e de facto… em bom! Grande actuação.

Luís Rouxinol foi talvez aquele que na soma das duas actuações, conseguiu maior regularidade. Bem de verdade a receber o primeiro toiro à porta gaiola, provocando a sua investida, dando-lhe importância e “praça”. Grande momento. Frente ao segundo, um início de bandarilhas curtas de nível máximo. Luís colocou toda a praça em pé pelo seu poderio, soberbo. Com a troca de cavalo, perderam-se 10% dos quilates, fechando o toureiro com um par e palmo e uma praça também ela entregue a si.

Lidou-se um curro de toiros de Charrua, na sua maioria de bom tipo, com o primeiro mais feiote, homogénio na balança e no comportamento.

Cumpriu-se um minuto de silêncio em memória de antigos forcados do grupo lisboeta, entretanto falecidos e também, do cavaleiro Manuel André Jorge, sendo que no intervalo ou no lugar dele, se assistiu a um “mini” espectáculo equestre, que abriu caminho à Homenagem a Pablo Hermoso de Mendoza.

Boa direcção de corrida de Ricardo Dias (com Pablo a pedir música na primeira curta e o director a resistir) e Jorge Moreira da Silva.

Fotos: João Dinis (CLIQUE PARA AMPLIAR)

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