Nem azul, nem verde vestiram os matadores de toiros presentes na Daniel do Nascimento, mas, se há algo a destacar, foi a primeira das actuações de um homem que elegeu a cor magenta para debutar na Moita e fê-lo bem Emílio de Justo, frente a um toiro cumpridor de Álvaro Núñez. Bem de capote, variado de muleta e muito tecnicista, construindo uma faena de poderio e sobretudo, de trabalho, construindo uma obra, acoplando-se a passo à investida do toiro.
Frente ao toiro de Paulo Caetano, não pode mostrar-se em capote e tão-pouco na muleta. Toiro sem passes, Justo a receber somente a ovação de reconhecimento do conhecedor público da Moita.
A sua primeira vez em Portugal deixou ambiente e a substituição de Morante, foi feliz.
O filho da terra, Joaquim Ribeiro ‘Cuqui’ esteve em enorme plano frente ao primeiro do seu lote, um astado voluntarioso de Paulo Caetano. De tabaco e ouro e a mostrar intenções, foi receber o toiro à porta gaiola, de joelhos e olé, sorte limpa e bem desenhada… bem continuou por veronicas também de joelhos e depois, já de muleta, faena com séries por ambos os lados, destacando-se a ligação pelo piton direito e aquele que mais o deixou redondear o triunfo.
Frente ao Núñez, outra boa exibição, não tão redonda mas estando o toureiro completamente isento de culpas. Fez tudo o que havia por fazer e a faena com música atribuída no tempo justo, teria resultado com outra repercussão.
Antes de cortesias, augurou-se esperança de que o espectáculo resultasse fantástico. Se o azul celeste dos olhos de Ricardo Levesinho falassem, diriam com toda a certeza que era um homem feliz. A Daniel do Nascimento registou uma bonita moldura humana, três quartos fortíssimos a provar que o trabalho compensa, que a sorte protege os audazes e que afinal, as dificuldades só tornam os merecedores de sucesso, mais confiantes nas suas potencialidades e que, o toureio a pé até resulta. Falando em azul, outros olhos felizes com a sua Moita, Pedro Brito de Sousa era também um homem ilusionado com a corrida que arrisco em dizer, mais “sente”.
Passamos ao verde ‘Esperanza de Macarena’ e “dela” ensinaram-me a gostar desde que nasci… Pois bem, veio à terra, a nossa e ditou a sorte, a saúde e o sucesso sobretudo numa “Boa Viagem”… pela tauromaquia. Momento profano, profeta, de sentimento… na arena da Daniel do Nascimento.
António Telles e Luís Rouxinol lidavam a cavalo touros da ganadaria Veiga Teixeira. É certo que a arena se encontrou “pesada” não ajudando de sobremaneira à mobilidade dos oponentes, contudo, é também certo, que ambos evidenciaram mansidão, não facilitando ou fazendo marcar o toureio equestre desta noite.
António Telles andou não mais que cumpridor frente ao primeiro, com demasiadas passagens em falso, retirando brilho à sua função.
Luís Rouxinol teve um pouco mais de “colorido” na sua actuação, contudo frente a um toiro que cedo procurou tábuas, denunciando a sua intenção. Rouxinol deixou com “acerto” as bandarilhas da praxe, terminando com um palmito. Fez o possível perante um toiro que não emprestou “muito” à emoção necessária numa lide.
Como de resto costuma acontecer na corrida de terça-feira, as pegas estiveram por conta do Grupo de Forcados Amadores da Moita.
Para a cara dos toiros foram Luís Santinho, efectivando ao primeiro intento e; Tiago Silva com uma muito boa primeira ajuda.
O espectáculo foi dirigido pela Delegada Técnica Tauromáquica Lara Gregório de Oliveira, demasiado exigente com a atribuição de música, coadjuvada pelo Médico Veterinário, José Luís Cruz, sendo que foi cumprido um minuto de silêncio em memória de António José Rodrigues, antigo Cabo dos Amadores da Moita e Manuel André Jorge, falecidos recentemente.
Também Manuel Jacinto foi homenageado pela sua trajetória na tauromaquia.
Fotos: João Dinis (CLQUE PARA AUMENTAR)