Quando se fala ou escreve sobre o toureio a pé em Portugal, o sentimento deve ser dúbio… Se por um lado se lamenta que sejam cada vez menos os palcos ao dispor para esta vertente, fruto das opções dos empresários actuais, certo é também que quem o fez, ou seja, quem optou por dar “cenário” a esta vertente, não se arrependeu e proporcionou aos seus clientes, o público, um bom espectáculo.
De olhos fechados e sem recurso a cábulas, tudo o que me assalta a memória, é curiosamente os festejos que envolveram os mais jovens.
De forma aleatória começo pelo fim… O festival taurino ocorrido na Daniel do Nascimento, promovido pela Escola de Toureio da Moita, foi uma lufada de ar fresco, de sentimento e toureiria a toda a prova. Abriu-se a Porta Grande, com absoluta justiça, mas mais que isso, com romantismo que nisto da tauromaquia é preciso ter e aos “montes”. Dali saímos com a “boca doce”, com a afición reforçada e com a paixoneta renovada.
Andado para trás no tempo, outro dos espectáculos que fica na retina, é a novilhada promovida pela empresa Tauroleve, em Vila Franca e que colocou em frente a frente os jovens Marco Pérez e Tomás Bastos. Se possível e ainda lá estaríamos a assistir a duas grandes almas, promissoras almas e que deixaram bem patente que por eles, isto não acaba tão cedo. Praça quase cheia, ambiente ao rubro e competição a nível máximo.
Terminamos mais do que falando de actuações, falando de sucesso de bilheteira protagonizado por Andrés Roca Rey em Santarém e da garantia que é para qualquer empresário contratar este toureiro.
Há muito, muito tempo que Portugal não esgotava uma praça, sobretudo daquela dimensão (Celestino Graça), com vários dias de antecedência. Isto é a prova viva de que Portugal gosta de capotes e muletas e gosta de qualidade e competição.
Como ponto negativo, obviamente e não poderíamos deixar de o dizer, surge o Campo Pequeno sem toureio a pé, naquela que outrora foi uma praça gerida por um dos mais emblemáticos matadores de touros portugueses, Manuel dos Santos. Lamenta-se. Chora-se o facto e não se pode, mesmo que se queira, dar razão ao promotor quando diz que o toureio a pé não “vende”. Leiam-se os exemplos atrás referidos e veja-se o quão errado estava.