A escassas horas do dia em que se encetam as comemorações do centenário do nascimento de Manuel dos Santos, somos obrigados a refletir as grandes mudanças que a tauromaquia sofreu desde então até aos tempos atuais.
Comece-se pelo lógico. O toureio a pé. Uma, duas ou três figuras por ano em Portugal e não estamos nos piores momentos. Mau de verdade, foi o fato do Campo Pequeno não ter tido uma única corrida a pé, mista ou algo que o valha… Não “mete gente” dizem, mas, a provar o contrário esteve Andrés Roca Rey, em Santarém. Nasceu uma mini figura, Tomás Bastos, mas, aconselhar-se-ia cautela no viver do sonho… um dia de cada vez, sem castelos de areia tendo como exemplo casos muito recentes.
Falando de Manuel dos Santos e além de toureio a pé, surge-nos o Campo Pequeno. Tão diferente de outros tempos. Mantem o glamour, quiçá alguma descaracterização pelos públicos diferentes que alberga, mas o que realmente choca, é a escassez de espectáculos. Quatro e agradeçamos enquanto assim for.
Ao contrário “daquela” altura, agora e de há uns anos para cá, dizem que precisamos de defesa. Defesa dos anti-taurinos, quando na verdade e nessa matéria, pouco ou nada se vê. Nunca se perderam tantas praças de touros. Sim, perderam-se irreversivelmente. Mas não nos preocupemos, porque há por aí sites e atenção, sites, órgãos de comunicação que deveriam ter “tento na língua”, que dizem que o Montijo pode ocupar o lugar de Setúbal. Mas está tudo bem? Ou é só ignorância? É uma total falta de noção. Setúbal e a sua Carlos Relvas é um caso perdido. Um caso que não levantou celeuma por entre os agentes da Festa. Tudo em eterno e ensurdecedor silêncio. Uma angústia apenas falada por quem talvez nunca tenha frequentado este tauródromo.
A saber. O Montijo é o Montijo. Nem melhor, nem pior, diferente. Mas o lugar da Praça de Touros Carlos Relvas é insubstituível. Como outras… Promover uma corrida com argumentos válidos, ok, dizer alarvidades, não é sequer desculpável.
Como não é desculpável o mesmo silêncio por parte das “autoridades da Festa” sobre acontecimentos polémicos recentes… Quem são os homens que se seguem? Não há mais um sobrinho, primo dos donos da Festa que pegue na Associação que deveria ser a grande máquina da tauromaquia portuguesa?
Silêncio é também a palavra de ordem de Joaquim Grave face a Mourão. Ah, desculpem, enganei-me, silêncio por parte de Margarida Calqueiro. Quanto deu afinal o Festival Benéfico de Mourão. Ah, desculpem outra vez. Esqueci-me que nunca se tornou público.
É isto… Viva Manuel dos Santos. Viva à Tauromaquia de outros tempos.