A propósito da primeira corrida de touros da temporada na Praça de Touros Daniel do Nascimento, ocorre-me dizer, que foi um espetáculo de momentos, mais que de triunfos redondos ou irrepreensíveis.
O tradicional espectáculo integrado na Feira de Maio, na Moita (do Ribatejo), foi entretida, mas e apesar de ser de Gala à Antiga Portuguesa, não preencheu mais que dois terços de entrada e diria ainda, que muito, devido à mudança de cabo que se anunciava.
Não creio que a recriação da Gala tenha beneficiado o evento em questão. Muito pelo contrário, conferiu-lhe “apenas e só” mais meia horita ao calor.
A corrida concurso, foi desigual em tamanho e trapio e ainda, em comportamento. Destacou-se a larga escala no que a qualidade concerne, o toiro primeiro saído à arena, da ganadaria Murteira Grave, ganhador do troféu Bravura. Já o de Veiga Teixeira, levou para casa o “galardão” para Apresentação. Relembramos que o quarto toiro, da ganadaria de Mata-o-Demo e o sexto de Conde de la Corte, ficaram aquém do que se exigia em trapio para uma praça da importância que tem a Daniel do Nascimento, sobretudo numa corrida concurso. Lidaram-se ainda touros de Varela Crujo e Conde de Murça (o júri foi composto pela Sociedade Moitense de Tauromaquia, pelo Clube Taurino da Moita e pelo Grupo de Forcados do Aposento da Moita).
Os “reis da Festa” foram os forcados, mas começo pelos toureiro até porque a “história” pode contar-se em meia dúzia de linhas. Destacado pelo todo da atuação (a sua primeira), saiu Tristão Ribeiro Telles. Arrojado, alegre e com atitude. Tristão surgiu diferente, mais irreverente, seguro e a deixar ferros redondeados. Exibição interessante mas sem sequência semelhante no seu segundo, onde passou com mais aparato que eficácia.
Rui Fernandes abriu praça frente ao vencedor do concurso e desde cedo se percebeu qual seria o desfecho do dito concurso. Toiro em modo “estampa” mas mais que isso, touro em modo bravo de verdade. Grande toiro, soberbo toiro, excelente toiro a arrancar-se de todos os terrenos, com alegria e vivacidade, com cara de “tio”. Muito toiro e uma atuação regular de Fernandes… Frente ao segundo, pouco toiro. Pouquíssimo toiro sobretudo em trapio. Actuação discreta.
Francisco Palha é um toureiro de rasgos mas encanta quando faz uma coisa simples e que qualquer toureiro deveria fazer. Mas são poucos os que o fazem. Falo de permitir que um toiro se arranque primeiro… e que o cavaleiro não se negue e Palha é desses. Frente ao segundo, crava o ferro da tarde, ou seja, o primeiro curto e crava um ferro em que não se nega quando o toiro a uma curta distância deu o sinal de arranque, “mandando-o ir”… O restante foram sortes de gaiola eficazes e maneiras e modos positivos…
Mas esta corrida foi mais que isto. Os cabeça-de-cartaz eram os forcados e o resto são cantigas. O Aposento da Moita fardou antigos e actuais elementos para as despedidas do seu cabo Leonardo Mathias. Digno cabo, digno líder, educado, afável e ainda por cima, toda a sua vida de forcado, bom forcado.
Não conto hoje aqui dizer nomes exaustivamente… Isso foi o que menos importou. O que sim importou foi ver os cabos todos juntos, desde o seu fundador, faltando apenas José Maria Betencourt. Unidos, amigos e muitos a ser um único forcado, juntos numa historia de 50 anos.
Houve novos elementos a pegar, antigos elementos a pegar e destaco quatro momentos, de uma série de cinco pegas ao primeiro intento e uma ao segundo. A pega do Cabo Leonardo Mathias. A pega do novo Cabo Luís Canto Moniz e a pega de António Ramalho que se despediu das arenas. Fora isto e foi tanto… o grande, o enorme, o gigante Tiago Ribeiro, o antigo cabo rabejador, que não se negou a rabejar cinco touros. Deu volta no quinto, ficou sozinho no centro da arena, recolhendo a ovação merecida, como um dos grandes desta formação, se não mesmo um dos maiores… A Moita foi agora sim, muito justa com Tiago.
Resta dizer, o expectável, ou seja, que o Grupo abandonou a praça saindo pela Porta Grande, a passo, saboreando a tarde inesquecível.
O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Tiago Tavares, assessorado pelo Médico Veterinário, Jorge Moreira da Silva.
Fotos: Luís Moreira





















































































































