Santarém e a sua Celestino Graça viveram na tarde deste 10 de Junho, a sua tradicional data forte, a do Feriado Nacional, Dia de Portugal.
Parabéns à organização pela lotação conseguida, cerca de três quartos fortíssimos, mas, crítica pelo péssimo estado da arena. Um pó perfeitamente inconcebível, deixando tudo e todos desconfortáveis logo à saída do primeiro toiro. Piorou no segundo e rega a seguir… Haja quem cuide da saúde de quem assiste e sobretudo da dignidade e apresentação dos espectadores – pagantes! Há que oferecer qualidade e condições em todos os aspectos que compõem um festejo. Sobretudo numa praça da categoria do tauródromo em causa.
Chegamos ao conteúdo artístico e ao festejo misto anunciado.
Portugal está sempre muito sequioso de toureio a pé e a verdade é que o público acorre ao chamado. No entanto, o mesmo público quer e exige toureio com verdade, pelo menos a possível e a história, prova que existe essa possibilidade. Ninguém ousará, muito menos eu, discutir a dimensão de uma Figura mundial como José María Manzanares. A prová-lo, além dos feitos menos recentes, a abertura da Porta dos Cônsules (em Nimes) há pouquíssimos dias. Contudo, é possível vir a uma praça como Santarém de outra forma. Com toiros menos “chiquititos” ou pelo menos com mais cara, capazes de disfarçar o que faltava no “resto”. A importância do que fizesse frente ao primeiro toiro de Álvaro Núñez seria quase nula, mas, neste caso, foi zero porque nada fez. E concordo, que nada poderia fazer. Apenas e só mostrar ao público isso mesmo, que não dava para mais.
Frente ao segundo houve um “cheirinho” em capote, três veronicas e duas meias de bonito recorte. De muleta, toureio baseado na mão diestra, com duas séries bonitas de toureio em redondo, rematadas com um bonito passe de peito e uma outra série de naturais, com o seu cunho. O que fez, fez bem, mas soube a pouquíssimo.
Volta à arena, com os fãs em miniatura, que deram colorido à única volta à arena que deu o toureiro alicantino.
Em bandarilhas destacam-se os pares de Juan José Trujillo frente ao primeiro e de Diogo Vicente, ao segundo.
A cavalo, uma competição que se esperava mais efusiva entre João Ribeiro Telles e Francico Palha.
João Ribeiro Telles lidou o primeiro de forma correta, embora sem deslumbrar. Acerto nas reuniões, ladeios e foi isto… Não resisto a dizer, que uma lide é um conjunto de ações, com eventual epílogo em algo mais tremendista e impactante… Abdicar de alguma das partes, pode resultar paupérrimo para o que se espera. Como dizia alguém a meu lado, “paguei o bilhete completo e sem descontos”… Frente ao segundo, tudo morno, muito morno até ao momento em que sacou o Ilusionista para os dois ferros habituais. O primeiro bom, o segundo muito bom.
Francisco Palha lidou dois Graves que não foram fáceis, sorteando quiçá a “sorte menor”. O primeiro do seu lote tinha que ser retirado de tábuas com insistência e Palha ainda assim não desistiu. Não esteve em triunfo, mas esteve em digno. Frente ao segundo do seu lote a história foi outra, sentindo-se que acordou o público já muito conformado ao “pouco” que estava ter. Quatro curtos de emoção, de batidas pronunciadas, mas sobretudo que deram vantagens e importância ao toiro. Muito boa actuação. E mais importante do que o que fez, é a atitude!
As pegas estiveram por conta dos Grupos de Forcados Amadores de Santarém e Vila Franca de Xira.
Pelos Amadores de Santarém, foram na linha da frente António Queiróz e Melo e Manuel Ribeiro de Almeida, ambos efectivando pegas ao primeiro intento.
Vestindo a jaqueta dos Amadores de Vila Franca, pegaram de caras Guilherme Dotti e Lucas Gonçalves, à primeira e segunda tentativa, respectivamente.
Para as lides a cavalo lidaram-se toiros da ganadaria Murteira Grave, bem apresentados, bem como no geral se “deixaram” sem brilhantismos.
Duas notas importantes.
A primeira para dar conta de que antes do início do festejo se tocou e cantou o Hino Nacional e a segunda, contar que no fim do festejo, quando as crianças “invadiram” à arena para estar junto dos seus ídolos, houve um menino que deu uns “valentazos” lances de capote, captando a natural atenção do público, motivando os mais audíveis olés da tarde… Num gesto dos que “valem”, Francisco Palha voltou atrás e sacou o ombros o pequenote grande aficionado.
O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Marco Cardoso, assessorado pelo Médico Veterinário, José Luís Cruz.






































































