A tauromaquia tem por entre os seus ditados antigos, alguns muito certeiros e que dão conta de que um toiro bom pode destapar um toureiro e um mau, pode agigantar outro… a verdade e que muitas vezes esquecemos, é que é o toiro que manda no desenrolar de um espectáculo tauromáquico e quando assim não for, estamos mal.
A Junta de Freguesia de Abiul voltou a dar exemplo na excelente organização, no pundonor do elenco apresentado e na seriedade do curro que apresentou. Foi grata aos nomes que nunca defraudaram em Abiul, como Filipe Gonçalves e Luís Rouxinol Júnior e foi “lista” ou integrar Miguel Moura, porque é ele no momento quem manda nisto tudo em termos de resultados artísticos.
Mas Abiul é isto e não é deste ano. Abiul não nasceu este ano. Abiul não teve mérito apenas este ano. Abiul repito, é constância… Abiul não “se iniciou este ano”, mesmo quando alguns críticos apenas a “reconhecem” este ano. Está dito.
Voltamos à corrida que juntou nas bancadas, também, a lotação habitual. Três quartos de entrada, de um público saudável e colorido, menos cinzento e crítico que outros públicos, mas, conhecedor dos bons logros.
A primeira parte do espectáculo foi de nota muito alta, a segunda parte, manchada pelo mau desempenho dos toiros de Jorge de Carvalho, mansotes e a contrariar o jogo dos primeiros saídos à arena e que contribuíram muito positivamente para o sucesso dos cavaleiros.
Filipe Gonçalves tem experiência, tem ofício e tem um elevadíssimo sentido de espectáculo. É assim que tem de ser. Dar importância aos pequenos gestos, aos sorrisos que agradam o público e até, ao conceito artístico. Merece tourear mais? Claro que sim. Não se entende a astenia de certos cartéis que podem e devem ser refrescados com nomes menos vistos no momento. Esteve bem e diversificado nas lides dos dois toiros e no segundo, foi esse seu ofício quem ajudou a disfarçar o “menos bom” do seu oponente. Filipe encheu a cara do toiro com a sua montada, ligando e templando. Passagem mais que positiva por Abiul.
Miguel Moura está um “caso”. Também não o digo de agora… Entrega-se e emprega-se naquele e daquele seu jeito diferente… Frente ao primeiro todo um show de beleza e mando estético. Um Moura! Soberbo no ferro primeiro em sorte de gaiola e sobretudo, nos ladeios em curtos. O público, o tal que se diverte mas não é leigo, aplaudiu de pé. Frente ao segundo e quem diz que trazia a lide feita de casa, não! Miguel traz o seu toureio na cabeça e isso, foi o que fez. Prova é que, com um toiro que apenas e só queria fugir, deixou ferros com mérito e ainda rematou as sortes, obrigando o toiro a viajar com ele… Escutou música, deu volta e ninguém o mandou para trás. Na bancada, onde se ouvem os comentários genuínos, diziam “este Moura é muita bom…”.
Luís Rouxinol Júnior herdou de seu pai, o carinho que o público de Abiul tem pela família Rouxinol. Frente ao primeiro andou cumpridor, sem deslumbres em demasia, mas com mérito. No segundo, um toiro difícil e com “requintes” de mansote, cresceu. Estes toiros difíceis sempre serviram aos Rouxinois, menos artistas mas mais tecnicistas.
A corrida contou com pegas a cargo de três Grupos de Forcados. Amadores da Moita, Coimbra e Cartaxo.
Pelos Amadores da Moita, pegaram Carlos Rodrigues, ao terceiro intento e; Tiago Silva, à primeira tentativa.
Vestindo a jaqueta dos Amadores de Coimbra, foram na linha da frente, Henrique Góis e Paulo Barros, efectivando pegas ao primeiro intento.
O terceiro grupo no que a antiguidade concerne foi o do Cartaxo, sendo que consumaram pegas os forcados Bernardo Sá, à primeira tentativa e José Oliveira, ao segundo intento.
O festejo foi dirigido pela Delegada Técnica Tauromáquica Sandra Strecht, assessorada pelo Médico Veterinário, José Luís Cruz.
Foi cornetim, José Henriques, uma das justas e grandes “vedetas” de Abiul.
Fotos: João Dinis






































































































