O grande triunfo da noite lisboeta foi de Diego Ventura. Foi de Diego primeiramente porque foi dele a responsabilidade de esgotar praça, facto confirmado a meio da tarde de quinta-feira. Não tiremos ainda assim, parte do mérito a quem de direito e senão vejamos, a reação ao Grupo de Forcados Académicos de Coimbra sempre que a isso o público era chamado, denunciando que ali tinham também a sua costumeira falange de apoio.
Os restantes triunfos e já se “leram” muitos por aí, existiram na verdade e foram sonoros. O público do Centro de Lazer do Campo Pequeno, rugiu muito, vibrou, gritou, bateu palmas e divertiu-se ou pelo menos assim parece, mas, na verdade, vibrou com os toureiros, os cavalos e aceitou aquilo que tinham para dar e deram. Foram eles que colocaram tudo no verdadeiro espectáculo de toureiros e cavalos e muito menos de toiros.
Quando falta o verdadeiro Rei da Festa, os aficionados vêm com um gosto de boca, que desaparece à primeira ingestão de outro qualquer alimento. Qualquer “tira-gosto” faz esquecer um sabor que pareceu intenso.
Lidaram-se touros da ganadaria de David Ribeiro Telles, com apresentação e peso bem ao estilo Murube, que serviram mantendo a mobilidade e entrega ‘al compas’ que o cartel ou parte dele “exigia”.
Foram maus os de David Ribeiro Telles? Não! Foram bons? Não! E nisto ficamos, com toiros escassos de forças, a cair mal o “castigo” obrigasse um pouco mais e foi este o denominador comum da corrida.
O dia em que esquecermos que “isto” é uma corrida de touros, poderemos “deixar ir”… ficando apenas as saudades de tempos passados onde a lide era a doma equestre, aliada à doma de um toiro com perigo, a não permitir erros e descuidos.
Os toureiros. Estiveram, deram tudo, com som, verdadeiro som (verdadeira aceção da palavra) e movimento, muito movimento, claro está, dos cavalos…
Sejamos francos, o interesse maior residia no regresso de Diego Ventura depois de vários anos de afastamento da praça de touros da capital. O seu “apoio” teria feito falta mais cedo? Sim, mas veio quando se conjugaram todas as cartas, sejam elas quais forem. A primeira atuação, dinâmica, começou com duas passagens em falso para a cravagem do primeiro comprido. Depois tudo se compôs ao bom jeito do rejoneador luso-espanhol. Ladeios, quiebros, batidas, remates… Tirou-se a cabeçada e ao longe, uns “sonidos” menos entregues com este seu conceito. Frente ao segundo houve mais Ventura. Mais e melhor Ventura. Com o Lio e os seus impactantes quiebros começou o delírio, terminando com três palmitos ‘al violin‘. Foi neste momento que o público rugiu a sério.
Tristão Ribeiro Telles confirmou a alternativa, tendo como padrinho o seu primo João Ribeiro Telles, a quem brindou. Juntou ao brinde João Telles pai. Esta lide foi talvez a mais redondinha de todo o festejo. Sem erros, seguro, com graça e alegria e uma série de bons ferros. No segundo e como já havia feito no primeiro, voltou a cravar o primeiro comprido em sorte de gaiola e resultou todavia melhor. Limpa e emotiva. A restante atuação foi dentro do mesmo género da primeira. Dinâmica e movimentada e repito, limpa.
João Ribeiro Telles era talvez o maior competidor de Ventura nesta noite. O triunfo estava guardado para o fim, como de resto é habitual com a saída à arena de Ilusionista. Depois de um primeiro ferro falhado, eis que crava um que não foi o melhor desta dupla, mas foi o possível com um toiro que não colocava nada. Antes e algures no tempo, uma muito boa bandarilha em que deu vantagem ao toiro.
A lide do primeiro foi na minha opinião mais inteira e coerente, toda ela com boa concepção, com os tempos e as “mexidas” certas no oponente…
As pegas estiveram por conta dos Grupos de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira e Académicos de Coimbra. Aqui e à semelhança do que aconteceu em todas as outras dinâmicas do espectáculo, faltou toiro. Faltou emoção e mais que dureza, foi a simplicidade impressa pelos toiros que retirou brilho às pegas e em alguns casos, tirou até seriedade e importância.
Pelos Forcados de Vila Franca, foram na linha da frente, Lucas Gonçalves, Rodrigo Andrade e Guilherme Dotti, consumando pegas ao primeiro intento.
Vestindo a jaqueta azul dos Académicos de Coimbra, foram caras, Martim Rodrigues e João Gonçalo, à segunda tentativa e António Pinto Basto, à primeira.
O festejo foi dirigido com correção pelo Delegado Técnico Tauromáquico Tiago Tavares, sendo coadjuvado pelos conhecimentos veterinários de Jorge Moreira da Silva.
Fotos: João Dinis


































































































