Se ao Campo Pequeno e personificando se pode chamar o Pai dos tauródromos, creio bem, que a Vila Franca se pode chamar a Mãe das praças de touros lusas.
Nada mais justo, que essa palavra tão grande, como “Mãe” entre hoje nesta crónica e a elas, à minha Mãe, às Vossas Mães e à Mãe de todos quanto nos lêem, brindemos todas as palavras e desejos positivos.
Regressemos a Vila Franca, à praça onde não se pode vir sem certezas de tudo, mesmo quando o nada é sempre uma possibilidade…
David Gomes foi o primeiro actuante da tarde, tendo por diante um toiro com teclas para tocar, numa música que David Gomes não dançou. Recebeu à porta gaiola, deixando dois compridos de colocação desajustada, bem como apenas cumpriu com a cravagem das curtas, sem argumentos numa tarde que não deverá recordar com agrado. Terminou com o mais correcto dos seus ferros, um violino, numa prestação sem música.
António Prates andou em crescendo, elevando a sua própria fasquia com dois curtos em que tentou imprimir mais emoção, terminando em bom plano esta sua passagem por Vila Franca. A restante actuação, contou com regulares compridos e umas iniciais curtas de maior descrição.
Prestação sem música, em sintonia com o grau de exigência da Palha Blanco.
Depois do infortúnio de três toiros devolvidos aos currais, dois deles por congestionamentos físicos e um por lesão, lidou o sexto da ordem, Tristão Ribeiro Telles.
Tristão consentiu alguns toques nas montadas numa primeira fase, recuperando sítio, evoluindo na lide, terminando em plano positivo e ambiente, deixando dois curtos de boa nota.
Joaquim Brito Paes lidou o primeiro sobrero de três saídos à arena, fazendo-o de forma absolutamente correcta, interpretando bem o seu conceito de toureio, quer na brega, quer nas cravagens. O seu oponente não complicou, mas não emprestou particular transmissão à função, acompanhada de música.
António Telles filho esteve todo um senhor na Palha Blanco, sobretudo na brega, no conceito clássico apurado e do bom, na técnica, nos tempos, nos jeito e trejeitos fazendo recordar com leveza quem é o seu pai. Levou o toiro para onde quis, mesmo e quando o toiro se rachou. Andou com a pinta dos que mandam e isso, Vila Franca sabe reconhecer bem. Tudo suou a bom, mas o último ferro, antecedido com piruetas no cite, com elegância, foi – o ferro!
Por último e com a tarde já fria, actuou o jovem Diogo Oliveira, o “tal” que entrou pela porta das substituições. Não envergonhou, não defraudou e deixou com garbo e alguma velocidade excessiva a ferragem da ordem, sem a parte bem positiva, aquela em que se fala de entendimento e lide na verdadeira acepção da palavra.
Como nota no que a touros concerne, dizer que o curro de Conde de Murça, emprestou mobilidade ao festejo, algum “piri-piri” e sobretudo, esteve muito bem apresentado, tendo alguma escassez de forças.
As pegas estiveram por conta dos Grupos de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira e São Manços.
Pela formação de Vila Franca, pegaram de caras os forcados: Vasco Pereira (cabo) e Guilherme Dotti e Lucas Gonçalves, ao primeiro intento.
Vestindo a jaqueta de São Manços, estiveram na linha da frente: João Fortunato (cabo), Manuel Trindade e Duarte Telles, à primeira tentativa.
A corrida contou com um terço forte de entrada, pouco e a revelar alguma fragilidade “taquillera” por parte dos mais jovens toureiros.
O espectáculo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Fábio Costa, assessorado pelo Médico Veterinário, Jorge Moreira da Silva.
Fotos: João Dinis
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