Além de dois pequenos grandes toureiros, a ‘ideia-chave’ que trago de Vila Franca e que me dá alento e até algum saudosismo, é confirmar que ainda há aficionados. E dos bons!
A lotação da novilhada, primeiro espectáculo da Feira de Outubro de Vila Franca, foi algo situado entre os dois terços e os três quartos de entrada. Aqui não residiria o facto fantástico. Contudo passa a sê-lo quando se fala de uma novilhada e sobretudo, quando se fala de ‘gente’ conhecedora do que vê, que aprecia o toureio na sua mais ampla e à vez, mais restrita e íntima concepção e sobretudo, que sabe valorizar, penalizar e julgar!
E é do público que tem e terá sempre de vir o julgamento maior.
Pois comecemos em forma de argumento a tudo isto que escrevo, por dizer que Vila Franca ovacionou os toureiros depois das cortesias. Impressionante! Não me recordo da última vez que isto aconteceu em Portugal.
Passemos ao elenco. Simples, sem vedetas ou melhor, com vedetas em estado ainda puro e que nos alentam a alma. Dois estilos, dois conceitos dissemelhantes. Oportunidades e “rodagens” distintas e que na hora das avaliações não nos esqueçamos disso. Mas convergem no querer, nos sonhos, nos sorrisos aligeirados.
Marco Pérez tem praça e isso vê-se. Tomás Bastos tem instinto. É fino e jogava em casa. Pontos a favor para todos. Se todos os novilhos quisessem ter colaborado e até Fábio Costa também, tardo na atribuição de música. ‘Hombre, ya lo sé. Es Vila Franca, pero son novilleros, niños y no se les puede tardar… tienem prisa de triunfar’ e claro, música tarde, faenas alongadas em demasia.
Pérez destacou-se em capote por variadas vezes e nos importantes quites que fez, mas sobretudo nas faenas de muleta ao primeiro e terceiro do seu lote.
Tomás Bastos bandarilhou e bem e foi receber o último à porta gaiola. Respostas à irreverência e querer do seu alternante. De muleta, sim, houve muitos, imensos detalhes…
Um, o primeiro, é guerreiro; o segundo, é fino no trato com os inimigos. Ambos com valor, muito valor e uma saída em ombros que não mede a noite mais que simpática que se viveu.
Os novilhos de Álvaro Núñez foram muito distintos em comportamento, uns serviram, outros nem tanto. Serviram eles e muito. Os miúdos.
O espectáculo foi dirigido diria que, com menos sensibilidade do que era exigível, Fábio Costa, assessorado pelo Médico Veterinário, Jorge Moreira da Silva.
Nota: Antes do início da corrida, homenageou-se Dário Venâncio, sendo que na arena estava uma coroa de flores em memória de José Falcão.
Fotos: João Dinis