Muito se tem dito, claro que na surdina, sobre os adiamentos das corridas deste fim-de-semana e as sobreposições indesejadas.
Mas comecem-se as considerações pelo princípio.
Existem em Portugal, associações que se dizem defensoras ou, arriscando grandeza, reguladoras dos diversos sectores da tauromaquia. Mas existem mesmo ou neste momento fazem apenas parte de um mundo em modo “realidade virtual”? Pois bem, a mim e não é de agora, parecem-me mergulhadas numa existência virtual, portanto, não real e que de reguladora, tem exatamente muito pouco.
Senão, vejamos. A Associação Nacional de Toureiros, tem o seu Presidente demissionário há tempo suficiente para que se tratasse do tema. E o que aconteceu? Nada! Recordam-se dos tempos em que parecia haver candidatos, ainda que não se assumissem publicamente? Então e onde andam? Não haverá ninguém capaz de pegar no volante e seguir com um trabalho audazmente criado noutros tempos? Todos falam e ninguém quer? Acha-se isto normal?
A Associação de Empresários. Conduzida agora por quem não quis lá ficar e que afinal voltou e blá, blá, blá… Que bitolas têm? Regras? Defesa do sector na sua mais ampla aceção? Não vejo mais que comunicados internos, alinhados na mesma estratégia da Prótoiro, ou não “estivéssemos em família”.
Isto transporta-nos à velha questão que dá conta de uns são filhos e outros apenas “sobrinhos” e o resultado, o que se vê. Corridas e mais corridas sobrepostas e já nem sequer falo do mesmo dia a escassos quilómetros. Só já falo do mesmo fim-de-semana, ou vários, em que existirão espectáculos e mais espectáculos, sendo o público exatamente o mesmo.
E os adiamentos? Não existirá aqui uma banalização de adiamentos?
Vejamos novamente e um bom exemplo. Montijo, entendo. Foi largamente anunciado a enorme propensão de chuva para o sábado passado e disso, não cabiam dúvidas. Que chovesse menos ou mais (como se veio a verificar), certo é que choveria e de certo se inviabilizaria a corrida. Mas, sejamos francos. Para Domingo, em Almeirim, a previsão de chuva era a níveis tímidos e não na hora do espectáculo. Aliás, a previsão foi evolutivamente positiva, ou seja, começou-se por uma percentagem de chuva, abaixo dos 50% e com o passar dos dias, essa percentagem desceu…
Damos como exemplo Santarém. Ao início do festejo as nuvens eram terrivelmente ameaçadoras e a percentagem de chuva prevista, era de mais de 45%. E fez-se um grande espectáculo. Sem chuva e com muito público.
Será que o problema de Almeirim não foi outro?
O aproveitamento da chuva ou falta dela, não matam apenas o espetáculo em causa. Matam esses espetáculos adiados e os outros, que já estavam marcados e que de repente lhes “cai outro ao colinho”.
E cancelamentos? Já equacionaram essa hipótese? Não seria isto proteger os empresários? Ou será que pensam mesmo que quem não tem dinheiro agora para ir ao Montijo e Almeirim, vai ter depois?
A a APET quando estabelecerá regras? Porque a não fazê-lo, existe para quê? Qual o objecto da sua função?
Não seria melhor cada um remar para seu lado e de uma vez por todas, tocar guitarra quem tem arte para isso? Ou seja, o filtro empresarial não deveria ser feito por quem pode “aguentar o barco”?
É que qualquer dia, os aficionados pensam que as corridas marcadas são só para “inglês ver”…
Sabem que mais? Saudades daqueles tempos em que os adiamentos não se mediam na bilheteira e sim, pela chuva a sério.