Vivemos neste último mês, dias de intensa carga religiosa. Católicos ou não, sentiram a partida do Papa Francisco, bem como viveram de forma cada vez mais moderna, ainda que com o cumprimento das tradições e costumes, a eleição do novo líder da igreja católica, o Papa Leão XIV. Se juntarmos a tudo isto, a celebração de mais uma aparição de Fátima e o “seu 13 de Maio”… Tudo isto para fazer aqui, um enquadramento de fé. Fé em todos, fé em tudo, fé no bom, fé na extinção do mau e do mal…
Fé é a palavra que nos deve mover também na tauromaquia. Fé numa união que evidentemente não existe e olhe-se por exemplo para as sobreposições de datas de corridas importantes… Fé na nova vaga de toureiros, mesmo e quando nos fazem duvidar… Fé até nos toiros e na sua de quando em vez perdida transmissão de emoção, em detrimento das acrobacias equestres… Fé nos contratos feitos por valor e não pelos compadrios e trocas… Fé no respeito pelo público, porque caso não se tenha percebido, é dele que vivem estes espectáculos.
Acrescentaria a tudo isto, a necessidade de fé no ressurgimento da imprensa, cada vez mais, em Portugal, em vias de extinção.
Entenda-se. Não choro, nem imploro por concorrência. Mas, choro e imploro por uma viragem dos tempos. Sem plataformas amadoras. Sem publicidade enfadonha e obsoleta, além de exaustiva e cansativa. Choro por fotógrafos numa trincheira, que ao fim da corrida vão “servir” os órgãos que representam e que não apenas, os toureiros que contrataram os seus serviços para difundir as melhores imagens de triunfos que nunca aconteceram, mas que passam a ser certezas nas redes sociais. Choro por profissionalismo. Peço regras iguais para todos. Peço egos menos insuflados. Peço verdade nos “relatos” dos espectáculos e não a descrição do que poderia ter sido e não foi.
Escrevo este artigo, editorial, no mesmo dia em que li o mundotoro queixar-se da falta de pompa na apresentação à “Corrida da Prensa”, da falta de apoio dos órgãos a esta corrida com palco em Madrid. Que fariam os espanhóis se para cá se mudassem? Qual seria o discurso? Antes da falta de apoio a uma corrida, seria sem dúvida o fato de não ser possível fazer uma “Corrida da Imprensa”, pura e simplesmente, porque não existe imprensa taurina em Portugal.
A quem servem os restritos conceitos das redes sociais? Aos toureiros que em vez de lerem uma crítica, vêm as suas imagens, lindos e maravilhosos.
As trincheiras continuam cheias, menos que antes, é certo, mas não de fotojornalistas. Cheias de fotógrafos bem em estilo dos de antigamente. Fotógrafos de casamento. A diferença é que nos casamentos, as fotos são estáticas e nos touros, as fotos são sempre tiradas atrás do rabiosque do touro. Correm os fotógrafos mais que os touros, para conseguir “estas fotos inéditas”.
Isto é culpa de quem? De todos nós. Que exigimos pouco. Que perdoamos tudo aos “meninos” e sobretudo, que pagam para se lerem Homens de valor. Pois que o têm, mas não nota 20 todos os dias.
Pobre e triste país o nosso, que mais não pode que agarrar-se a uma fé de algo que já foi e já não é.