Temíveis, inesperados, imponentes… só que não.
A publicidade enganosa de outros palcos, por vezes tem os seus frutos e foi ao Montijo quem quis ver toiros, não importando se são bombas ou estalinhos de Carnaval. No entanto, foram menos, muito menos que em datas homólogas e a verdade é que o público já não come “gato por lebre”. Come gato se bem entender, em consciência. E sabe bem o prato onde está a boa lebre.
Continua a subestimar-se o “pagante” e a querer safar um espectáculo feito para a meia casa. Argumento. Barreiras a 80 euros e meio de bancada a 40, 50 euros, é uma realidade que não é a nossa, muito menos para comer gatos, mais que lebres e um cartel que não sendo mau, é como tantos outros.
Meia casa (o que no São Pedro é obra… inacabada) e não me venham dizer outras coisas. Admito que me enganei na contagem possível, se e só se me apresentarem o número oficial e aí, faremos uma notícia com pompa e circunstância. Digo isto com tristeza, entenda-se…
Não sei, nem vem ao caso saber qual o duende que cria os slogans da Toiros com Arte, mas a verdade é que faz a empresa passar maus bocados, uma vez que tudo o que se anuncia, sai ao lado…
Os tais temíveis cujos pesos andaram entre os 480 e os 530 quilos, da ganadaria de Fontembro, foram o que foram, mas não temíveis, nem inesperados, adjectivos que definitivamente podem exibir imaginação mas não cabem na tauromaquia dos eleitos. Os toiros da ganadaria de Fontembro, alguns rematados e outros nem tanto, serviram ao espectáculo, com relevância positiva para o primeiro da ordem.
Actuaram três toureiros jovens, sendo o cabeça-de-cartaz, Miguel Moura.
Miguel Moura está desde há uns anos para cá, num momento absolutamente fantástico. O dinástico ginete, diria, está num momento de maturidade e embora não abdicando do conceito de que bebeu em casa, com um cunho pessoal fruto daquele seu jeito “esquisito” e cabisbaixo de andar em praça. Há quem diga que tem que mostrar outro fulgor e que é só o que lhe falta. Desculpem-me a opinião mas para “espantalhices” estão outros e é assim que Miguel deve ser – diferente!
Frente ao primeiro andou soberbo desde o primeiro momento. Depois dos compridos deixados com correção, seguiu para uma série de curtos montando o seu cavalo-estrela e com ele, uma exibição de beleza estética quase indiscritível. Ladeou de forma ímpar, cravou de alto a baixo e foi dele o primeiro triunfo da noite, condição esta que repetiria frente ao segundo toiro, o mesmo ao qual cravou um bom comprido em sorte de gaiola, sorte em que é exímio. Nos curtos, mais show. Toureio muito em curto, ladeando, recriando-se na cara do toiro, bem de verdade.
Luís Rouxinol Júnior não foi o mais bafejado pela sorte no que ao seu lote de touros concerne. Ainda assim, foi frente ao quinto toiro da ordem onde mais se destacou, ironia do destino, o mais manso da sua “colheita”. Mérito por todos os poros. Recebeu o toiro à porta gaiola, conseguiu ligar-se com ele mesmo e quando o toiro não “queria” e depois, quando se rachou totalmente procurando tábuas, foi a insistência do cavaleiro quem mandou. Com pouca intervenção dos bandarilheiros, retirou o toiro de terrenos complicados onde se pretendia fechar, cravou em alguns casos a sesgo e resultado final: grande atuação frente a um manso.
Frente ao primeiro andou regular, sem alardes de triunfo, mas a cumprir.
António Telles filho encerrava o jovem naipe de cavaleiros. Telles lidou um primeiro toiro, que não sendo soberbo, se deixava lidar. O jovem da Torrinha foi fiel ao seu conceito e sem brilhantismos assinaláveis, cumpriu com a papeleta. Andou de mais a menos, ou seja, terminou com um ferro que ficou cravado ao segundo intento e depois um último que também teimou em não ficar, facto que o cavaleiro atribuiu à ferragem… Frente ao que astado que encerrou a função, emendou a mão ou talvez tenha tido mais sorte com os “bicos” e desenhou uma lide de boa nota, com mais alegria e “génio” por parte do toureiro, muito aplaudido e agora sim, adequadamente.
As pegas estiveram por conta de três grupos de forcados, os dois do Montijo e o da localidade cercana, Amadores da Moita.
Pelos Amadores da Moita, foram na linha da frente João Pedro Pombinho, ao primeiro intentoe; João César, à terceira tentativa.
Vestindo a jaqueta do Grupo da Tertúlia Tauromáquica do Montijo, pegaram de caras o cabo Luís Carrilho, à primeira tentativa, com uma tentativa e; Jorge Mourão, tentando por três vezes, sendo dobrado por um colega, em mais uma tentativa e mais uma “transferência” para enfermaria e ainda, outra dobragem e “outra ida para a enfermaria”. A quinta pega foi ainda tentada de cernelha, sem sucesso, tendo o director e bem, enviado o touro aos currais, sem pega consumada. Vale-nos o acatar de decisão da formação. O toiro não tinha pega fácil, exibindo os seus “requintes de manso”, mas não era impossível.
Representando os Amadores do Montijo, estiveram João Pedro Suiças, cabo da formação e; Ricardo Parraxo. Ambos concretizaram pegas dignas ao primeiro intento.
O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Rúben Fragoso, assessorado pelo Médico Veterinário, Jorge Moreira da Silva.
Fotos: João Dinis



















































































