Vila Franca de Xira e a suas ruas, vivem por ocasião do Colete Encarnado, a expressão máxima das suas tradições e paixões.
Só quem nunca viveu um Colete Encarnado, desconhece a força da tauromaquia popular nesta cidade à beira Tejo plantada, a dedicação das gentes a este evento e a alegria patente nas tertúlias, as mesmas que não dormem durante três dias…
A chegada da tauromaquia à Palha Blanco começa de madrugada, com a tradicional garraiada da sardinha assada, mas vive no dia de hoje a sua data mais icónica.
Dois terços de entrada, o que durante o Colete Encarnado, é pouco, mas, Vila Franca vive este problema, os apelos na “rua” e os preços dentro de praça.
Em praça, num cartel misto, como de resto é habitual. Na Corrida do Colete Encarnado, estiveram os cavaleiros João Ribeiro Telles e Francisco Palha, bem como o diestro francês, Sebastián Castella, este último, quase um filho adoptivo da terra.
As pegas estiveram a cardo do Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca e para a cara dos toiros da ganadaria de Vale Sorraia, bem apresentados e a motivar aplausos à sua saída à arena e que foram contributo importante para o sucesso da parte equestre e também das pegas por Lucas Gonçalves, Guilherme Dotti, Manuel Faria e Rafael Plácido. Todas as pegas foram consumadas à primeira tentativa de forma absolutamente fantástica e dominadora.
O duelo tem sido repetido ultimamente. Telles e Palha e talvez seja bom fazer um refresco… Ideias novas precisam-se!
Desta feita o duelo foi ganho por João Ribeiro Telles e em dose dupla. Esteve muito, mas muito bem frente ao primeiro do seu lote, um toiro que transmitia e que Telles aproveitou na perfeição. Batidas ao piton contrário, remates das sortes, colocando tudo no momento da sorte. Exibição verdadeiramente redonda. A segunda decorreu em tom crescente, sendo os iniciais curtos em tom mais regular, mas os últimos, de elevadíssimo nível. Triunfou e sem ser necessário o Ilusionista, que desta vez não “deu as caras”.
Da segunda actuação de Francisco Palha não rezou história. Palha nunca se acoplou verdadeiramente ao seu oponente e por entre alguns ferros falhados e passagens em falso, nada de muito importante ficou. Frente ao primeiro, um toiro que nem sequer foi o melhor dos quatro saídos à arena, esteve bem e mais que redondo, porque isso efetivamente não esteve, contam-se dois curtos de levantar praça, sendo o penúltimo um hino. Faltou regularidade no “mais” e não no “mais ou menos” como viria a acontecer.
Sebastián Castella foi homenageado no início do festejo por ser considerado “um filho da terra”… O “filho da terra” vestido de lilás, não deixou ambiente frente ao primeiro, muito pelo contrário. O ambiente foi hostil desde o início da saída do primeiro Varela Crujo, pelo seu escasso, diria nulo trapio. Pequeno, de córnea fechada e até, sem condições de lide. Mas a verdade é que a coisa “mesmo que se desse”, não teria qualquer importância. De capote pouco, de muleta nada e até as bandarilhas foram uma “pequena vergonha”.
Frente ao segundo, Castella quis emendar a mão e com um toiro com mais 5 quilos, mas que parecia ter no mínimo mais 100, andou em posição de arrimo, desplantes, embora de toureio ligado houvesse muito pouco. Em causa não está nem estará o valor de um dos melhores e mais consagrados toureiros da atualidade, mas a verdade é que nada brilhou por aí além… Castella ainda assim, foi muito aplaudido ou não fosse Vila Franca uma praça que sabe assobiar, mas também sabe acarinhar…
Antes do início do festejo cumpriu-se um minuto de silêncio em memória do malogrado rejoneador falecido na passada semana, Rafael Peralta.
O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Rúben Fragoso, assessorado pelo Médico Veterinário, Jorge Moreira da Silva.





































































































Fotos: João Dinis