Foi ritmada e agradável a tarde de toiros no Sobral de Monte Agraço.
Por ocasião da feira anual, a localidade do oeste recebeu um espectáculo com conceitos variados a cargo de seis cavaleiros e dois grupos de forcados, transportados por charretes até ao tauródromo, passando pelas gentes entusiastas que pelo percurso acenavam aos toureiros…
Na praça, papel vendido até ao último bilhete e isto, é fruto de um bom trabalho a cargo do empresário José Luís Gomes.
Os toiros de Lopes Branco, bem apresentados para a tipologia do palco em questão, contribuiu sobretudo em jogo dado, havendo no entanto, exemplares que “pecaram” apenas pela escassez de força, escassez essa que ainda assim não inviabilizou as suas respectivas condições de mobilidade, havendo mesmo touros “geniquentos” e que permitiram boas exibições dos ginetes.
O ganadeiro João Branco foi mesmo premiado com volta à arena, após a lide do quinto, por António Telles filho.
A direção de corrida a cargo de Ricardo Dias e Jorge Moreira da Silva, pecou nesta tarde pelo grau máximo e quiçá “desajustado” em relação a João Moura, não lhe concedendo música, autorizando no entanto, volta à arena. A Emiliano Gamero e pese embora o seu atribulado início, houve menos coerência, sendo atribuída música num momento em que ainda não se justificava e ao Grupo de Amadores de Alcochete, permitiu uma quarta tentativa de pega, quando à terceira o toiro estava pegado…
Há dias assim, até para os que quase sempre estão bem e primam pela seriedade, nada colocada em causa.
Voltamos a Moura, João Moura.
Não foi e é verdade a sua melhor atuação, mas foi cumpridora e correcta, embora com exagero de peões de brega na arena.
Manuel Telles Bastos quis iniciar cravando o primeiro comprido em sorte de gaiola, apontou o ferro e ele, o ferro, não ficou lá… Recuperou sítio e foi crescendo em qualidade, deixando com garbo a ferragem da praxe.
Emiliano Gamero protagonizou uma fase de compridos atribulada. Passagens em falso, pouco em acerto em quase tudo. No entanto, não baixou os braços e a passo, foi conquistando o público do Sobral. Terminou em bom plano e as gentes entusiasmadas com a “diferença” e a simpatia do toureiro mexicano. Epílogo num violino exuberante.
Miguel Moura voltou a triunfar no Sobral e digo voltou, porque tenho ainda na retina uma grande atuação sua, em temporadas idas, no Sobral… Esteve na sorte de gaiola e fantástico em tudo o que veio a seguir. Brega dominadora, entregue, dono e senhor dos acontecimentos e Mouras novamente ao poder. Terminou com um palmito uma exibição completa, inteira, bonita. Triunfou forte.
António Telles filho lidou em crescendo, deixando de boa forma e dentro do seu conceito clássico, mas muito alegre, as bandarilhas da ordem. Esteve bem, terminando com um palmo de elevada nota.
Terminou a função no que a ginetes concerne, o jovem Tristão Ribeiro Telles. A sua passagem pelo Sobral não foi redonda, mas foi digna, ainda que sem deslumbrar. Ainda assim, conta-se o desembaraço do toureiro, a jovialidade e graça natural.
As pegas estiveram por conta dos Grupos de Forcados Amadores de Lisboa e Alcochete.
Pelos Amadores de Lisboa, estiveram na cara dos toiros e por esta ordem, os forcados Duarte Fernandes; António Galamba e Duarte Nascimento, em consumações ao primeiro intento.
Vestindo a jaqueta dos Amadores de Alcochete, estiveram na linha da frente os forcados: Daniel Ferraz, consumando ao quarto intento; João Dinis e Vítor Marques, à primeira tentativa.
Como apontamento final, ressalvar que o bom espectáculo foi abrilhantado alternadamente por fado e pasodobles.
Nota: Antes do início do festejo cumpriu-se um minuto de silêncio em memória e Homenagem aos forcados recentemente falecidos.
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