António Velez partilhou há dias na sua página de Facebook, um cartaz antigo da Feira Taurina da Moita… que nostalgia e saudade de um tempo em que, além das duas novilhadas, havia seis corridas de touros, entre elas uma mista e uma integralmente a pé. Nesse tempo ido, poder-me-ão dizer que havia outro tipo de condições financeiras para ir aos toiros, eventualmente um mercado menos competitivo a nível de outras manifestações culturais e sobretudo, não havia essa “coisa” que distrai as pessoas a qualquer hora do dia e da noite e que se chama internet, um mundo onde todos triunfam e exibem com gala grandes momentos de toureio. Mas não me “lixem”. Algo falha nos tempos de agora. A quinta-feira da Moita onde todos queriam estar, esteve neste momento, a meia lotação… Pensem todos o que fazer para tornar o espectáculo mais atrativo sem “Photoshop”. Não há pior que o desinteresse de quem paga o bilhete.
A corrida de ontem na Moita, deu as respostas que faltam acima, repetidas respostas. É certo que apenas houve um bom toiro, o sexto, mas também é certo, que os toureiros, ainda que e acredito eu, de forma inconsciente, entregaram pouco, muito pouco. O público vai acusando o desinteresse e mostrando o seu… desinteresse.
Posto isto, vamos à prestação dos cavaleiros em cartel: Francisco Palha, Miguel Moura e Tristão Ribeiro Telles.
Francisco Palha enfrentou-se com um toiro de António Silva com detalhes de manso desde o primeiro momento em que saiu à arena. Palha ainda lhe deixou um primeiro comprido em sorte de gaiola, que resultou ligeiramente descaído. Tudo o resto foi uma luta inglória com um astado que a todo o momento buscava tábuas. Muitas passagens em falso, um ferro falhado e os que resultaram “limpinhos” foram deixados a sesgo. Lide com música e volta autorizada, a mesma volta que o ginete preferiu não dar. E bem!
Com o Veiga Teixeira houve mais Palha, mais afincado e mais seguro. Bem nas sortes desenhadas, nas abordagens sempre muito frontais, mas ainda assim, sem o frenesim necessário para que sinta o tom de triunfo.
A Miguel Moura coube lidar um primeiro toiro também ele da ganadaria António Silva, um pouco melhor que o seu antecessor, mas com a mesma escassez de transmissão de emoção… Miguel cravou o primeiro comprido em sorte de gaiola, a resultar perfeito, mais um comprido e uma série de curtos de boa nota, faltando no entanto o “tal som” necessário para que as “coisas” cheguem à bancada. Terminou com um palmito uma exibição em tom agradável, mas só isso.
O segundo do lote de Moura, pertencente a Veiga Teixeira, teve mais som, mas foi complicado, sobretudo para o tipo de toureio que leva dentro o dinástico toureiro. Miguel cumpriu com regularidade, andou certeiro nas cravagens, houve inclusivamente um “cheirinho” da sua costumeira e impactante brega, mas não esteve ao nível de outras exibições já registadas nesta temporada. Optou por não dar volta, embora lhe fosse concedida. E bem também nesta sua decisão.
Tristão Ribeiro Telles protagonizou uma fase de compridos mais “atrapalhada”, tentando primeiramente responder também com uma sorte de gaiola, que não se efectivou, evoluindo nos curtos, deixando com regularidade a ferragem da praxe. Cumpriu sem alardes de triunfo, brindando ao forcado João Freitas que pegaria o toiro por si lidado. Não foi permitida volta ao forcado e Tristão acabou por se solidarizar com o forcado.
Frente ao último, o único bom toiro da corrida, aproveitou. Aproveitou o que de bom o toiro tinha e tinha muito. Citou de largo na maioria das vezes, atacou o toiro, provocou-o a sair de tábuas onde era deixado e cravava depois de entrada ao piton contrário. Actuação de boa nota, a aliviar a pesada noite.
As pegas estiveram por conta unicamente do Grupo de Forcados do Aposento da Moita, como de resto é tradição nesta Feira Taurina.
Por esta ordem pegaram de caras e ao primeiro intento, Luís Canto Moniz, cabo da formação e Rafael Silva; João Freitas, consumando à quarta tentativa; Martim Cosme Lopes, à segunda; André Silva, ao terceiro intento e; António Lopes Cardoso com a melhor pega da noite, à primeira tentativa.
No sector ganadeiro viveu-se um quase mano-a-mano entre as ganadarias de Veiga Teixeira e Dr. António Silva.
A primeira parte esteve a cargo de António Silva, no que a toiros concerne. O primeiro foi um manso perdido, buscando tábuas sempre que podia e até mesmo quando não podia. Os restantes cumpriram mas sem qualquer tipo de transmissão.
Melhor resultaram os toiros de Veiga Teixeira, desde a apresentação ao comportamento. O último foi justamente premiado com volta à arena por parte do seu criador.
O espectáculo é dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Tiago Tavares, assessorado pelo Médico Veterinário, Jorge Moreira da Silva.











































































































