A Praça de Touros João Branco Núncio, em Alcácer do Sal, abriu portas para receber uma corrida que pretendeu exactamente evocar mais que Homenagear o centenário de alternativa do toureiro que dá nome ao tauródromo e que foi um dos mais icónicos da História da Tauromaquia falada em português.
É certo que o calor foi o maior inimigo destas Festas de São João (Pimel) e em concreto de uma corrida que apesar de se adiar uma hora, viveu momentos tórridos e que não fosse a mente preparar-se para o efeito, o corpo não aguentaria. Portanto, normal foi que os sectores de Sol estivessem mais despidos de público, sendo que em oposição, os de sombra estavam bem recheados e a abarrotar. Total, cerca de dois terços fracos.
O primeiro a actuar foi Luís Rouxinol, brindando a sua boa actuação ao seu apoderado, Rui Bento, no dia em que comemorava 35 anos de alternativa. Oportuno se em conta tivermos o esforço que todos os lusos fazem para se doutorarem em tauromaquia no ramo de “a pé”. Ovação justa! Pois bem e para Rouxinol foram também mais que merecidas as palmas, visto que brilhou com o Douro, os seus ladeios e curtas distâncias e um bom par de bandarilhas.
A João Moura Caetano não tocou o melhor dos toiros, contudo, porfiou até “arrancar” uma boa “faena” montando o Gallo. Recriou-se numa brega ladeada, com quilates, mas que mesmo assim “penou” para chegar à bancada pela escassez de transmissão do oponente.
Marcos Bastinhas andou também em bom plano, em diversos e muitos distintos registos e que se basearam em batidas ao piton contrário, palmitos, dois pares de bandarilhas, remates com ajustadas piruetas e por aí foi. Alegre e boa actuação.
Francisco Núncio andou de boa forma, sobretudo aquando da fase de bandarilhas curtas. É calmo e tranquilo o suficiente para analisar as características do oponente e com muita astúcia construir uma lide com nível, degrau a degrau. Boa passagem por Alcácer.
A António Núncio faria falta mais “rodagem” e se assim fosse, quiçá as lacunas se fossem preenchendo, pese embora tenha estado em registo cumpridor e de regularidade. Actuou em crescendo, afinando por melhor qualidade no fim da função.
Emiliano Gamero ficou para fim e não foi por acaso, dado que a sua actuação deve ser analisada num contexto único, dissemelhante e que motiva reflexões e debates. Uns não gostam e acham palhaçada, como se ouviu na bancada, outros ainda, gostam, divertem-se e aplaudem com fervor a simpatia do mexicano. A verdade é uma e só uma, não passa indiferente a ninguém, tem carisma e é ainda, um ar fresco por estas bandas. Hoje, esteve com altos e baixos, sendo que os baixos não foram chocantes e os altos, muito altos e que nos faz querer vê-lo mais umas vezes. Deixou ferros de qualidade mesclados com outros que nem tanto e houve desplantes e violino.
As pegas estiveram por conta dos Grupos de Forcados Amadores de Montemor e Lisboa.
Pelos Amadores de Montemor, estiveram na linha da frente, os forcados Francisco Bissaia Barreto, à primeira tentativa; João Maria Vacas de Carvalho, ao primeiro intento e; Vasco Ponce, também a necessitar apenas de uma entrada.
Com a jaqueta dos Amadores de Lisboa, pegaram de caras: Martim Marques, ao primeiro intento; Duarte Mira, também à primeira tentativa e; Nuno Fitas, ao segundo intento.
Os toiros da ganadaria do Eng. Jorge de Carvalho cumpriram em apresentação e no que concerne a comportamento, houve de tudo, sendo que se destaca pela positiva o primeiro da ordem, entre outros que se deixaram de boa forma.
O festejo de Gala à Antiga Portuguesa, foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquica Maria Florindo, com assessoria veterinária de Alexandre Reis.
Fotos: D.R.