“Abiul não é melhor, nem pior, é diferente…”. Parafraseio Luís Rouxinol aquando do brinde a Abiul, executivo e aficionados, numa terra que evidentemente lhe é querida, onde foi justamente homenageado e sobretudo, onde deixa tudo.
É sobre “isto”, o deixar tudo seja qual for o palco e a sua suposta importância, que quero falar…
Não há, ou não deveria haver público de primeira ou segunda, há público e é mimá-lo enquanto o há…
Aos Rouxinois, com mais ou menos inspiração, com menor ou maior êxito, o instinto de ‘leões’ da arena, nunca lhes fica à porta. Foi assim em Abiul… mas também o foi com as jaquetas azuis.
Outros guerreiros, com classe, com coesão e técnica… creio que sejam estes os segredos, o espírito de grupo, sem brilhantismos ou tentativas de singularidade. A tarde também foi dos Académicos de Coimbra.
Luís Rouxinol foi autor de uma primeira actuação regular, cumpridora, em que não houve desaires mas sem alardes de triunfo. No segundo, andou muito bem com o Douro e os seus ladeios, terminando com um par de bandarilhas de bom nível.
Luís Rouxinol Júnior lidou o primeiro com muita correcção e sentido técnico. Bem nas reuniões e cravagens. Contudo, foi no segundo que se destacou, com a sua costumeira raça, uma brega muito “inteira” e valente. Terminou com ferros de grande nota, actuando em crescendo, com muita entrega.
As pegas estiveram destinadas ao Grupo de Forcados Académicos de Coimbra, sendo que na linha da frente, foram: Martim Rodrigues, consumando ao primeiro intento; João Tavares, ao segundo; Gonçalo Costa, à primeira soberba tentativa e; Francisco Gonçalves, ao segundo bom intento…
João Silva “El Juanito” apresentou-se em Abiul com o handicap de não bandarilhar, tércio muito apreciado pelos abiulenses e disso deram conta com alguns protestos, ainda que leves… Frente ao primeiro, Juanito fez-se notar em capote, para de faena, exibir facilidade e solvência, quanto baste para fazer esquecer ‘los palos’… no segundo do seu lote, andou mais discreto no capote, mas mais “inteiro” na muleta, levando a efeito um toureio vistoso, mais impactante, com circulares, passes de peito e desplantes… No fim do festejo saiu em ombros.
Gonçalo Alves actuou frente a um novilho que se deixou… Alves brilhou com o capote e uma larga afarolada a abrir a função, bem como mais uns capotazos de joelhos, agradando ao público. A sua graciosa presença manteve-se nas bandarilhas, cravando de excelente forma três pares, sendo o segundo de extraordinária nota. Na muleta deixou ambiente, mostrando maneiras aos aficionados abiulenses.
Lidaram-se touros de Falé Filipe, bem no que à apresentação concerne, mas dissemelhantes em comportamento, sendo tónica dominante a transmissão e mobilidade.
Nota mais alta para o terceiro do festejo, motivando a chamada do ganadeiro a dar volta.
O festejo foi dirigido e bem pelo Delegado Técnico Tauromáquico Tiago Tavares, assessorado pelo Médico Veterinário, José Luís Cruz.
Fotos: João Dinis