Este editorial não poderia ter outro tema, que não falar daqueles que se apontam como triunfadores da temporada, consciente de que faltam ainda algumas páginas para que se compunha a leitura completa do livro que conta a história do ano 2023.
As mais prestigiadas feiras ou vivem o seu equador, ou estão ainda por acontecer, contudo, há certezas que são já inabaláveis.
Depois do sucesso artístico que foi a Feira Taurina de Lisboa, mesmo com a “nega” Morante, tudo se fez… Explico: há males que vêm por bem e só com as duas substituições no que ao toureio a pé, se pôde desfrutar de uma boa prestação de El Cid, mas um fortíssimo triunfo de Manuel Dias Gomes. Quiçá a sua melhor actuação de sempre e creio não exagerar…
No mesmo dia e estranheza não provoca, João Moura Caetano abriu o livro da arte… Na crista da onda por motivos “rosa”, provou, uma vez mais a quem tem andado com falta de atenção, que está num momento dourado, pintando assim um quadro de cores vivas, mas ao mesmo tempo, de soberania e até porque não dizê-lo, de consagração.
No dia seguinte, afortunadamente assistimos a qualquer coisa de muito, muito especial… Miguel Moura deu muitos sinais (Sobral, Coruche, Salvaterra…), mas a verdade é que no Campo Pequeno, a sua obra transcendeu tudo o que seria imaginável. A sua humildade, o seu olhar profundo, a sua arte “esquisita” são o caso desta temporada! Que os empresários coloquem os olhos em Miguel Moura, a Figura do momento e que merece estar em alta competição, porque anda nas bocas do mundillo… em Portalegre, na Festa que era do seu Pai, voltou a escrever linhas de magia.
Seria injusto não referir a boa actuação de Palha, em Portalegre ou, do mesmo toureiro, em Lisboa…
Hoje, pode escrever-se outra página deste livro. João Ribeiro Telles encerra-se com seis touros, de distintas ganadarias, numa praça e data de compromisso, como a “quinta-feira da Moita”. Estes desafios, podem pôr, podem tirar… Aguarde-se com a expectativa que este toureiro merece!
Nunca poderia terminar este editorial em jeito de balanço de temporada no que a triunfadores concerne, sem falar do que se passou na Corrida do Município da Moita e que creio, todos os que ali estavam, perceberam… O triunfo muito, mas mesmo muito gordo de Tomás Bastos.
Aquilo que aconteceu na arena da Daniel do Nascimento, teve precedentes, mas há muito que não acontecia com aquela força, unanimidade, poderia de sentimentos e profundidade. A mim, enquanto aficionada, pouco me importa se era um novilho, se era um toureiro de 16 anos, se era filho deste ou daquele, se é rico ou pobre… Ao ver aquela obra, esquecemos o autor e focamo-nos no quadro. E a qualidade foi muita, é predestinação.
A palavra que se impõe à Sociedade Moitense de Tauromaquia é: parabéns! Fizeram justiça, foram aficionados à séria e não defraudaram na decisão que se impunha.
Não creio enganar-me. O toureio a pé já tem um nome, volta a ter um nome, volta a ter esperança, ilusão… Tomás Bastos!