Mão na mão e lágrimas nos olhos… nasceu um ídolo em Vila Franca!

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O público reconciliou-se com Vila Franca e demonstrou, que as Figuras não têm uma importância vital tal e como por vezes se pensa… Já o defendemos por diversas vezes, que os ídolos, esses sim fazem falta para mobilizar massas. A vontade e ilusão em perseguir alguém, move a máquina.

A Palha Blanco encheu mesmo e quando se anunciou um Figurão do Toureio que apenas não foi… mais curioso, encheu, mesmo e quando apenas ali esteve, sejamos francos, em substituição de Morante, um jovem novilheiro sem picadores.

A Palha Blanco encheu, depois do triunfo de Tomás Bastos na Moita.

A Palha Blanco encheu, porque tem um novo ídolo!

A Palha Blanco viveu, para ver as mãos de Talavante e Tomás Bastos, dadas, entrelaçadas e viveu, a mesma emoção que o miúdo toureiro viveu que o fez sair em ombros, lavado em lágrimas. A Palha Blanco, a praça da sua terra, esteve a seus pés e não deu como mal empregue, o tempo que ali esteve (umas longas três horas e meia)…

Tomás Bastos triunfou em ambos os novilhos. O miúdo toureiro, fez tudo o que faz um crescido com anos de experiência, sendo autor de seis pares de bandarilhas tremendos, do qual destacamos o primeiro do segundo do seu lote, andou fenomenal de capote e de muleta, com mil diabos, fez tudo o que faz um monstro do toureio.

Frente ao primeiro, séries e mais séries por ambos os pitons, de um toureio em redondo de alta qualidade, de joelhos em terra, de pés no chão, de naturais e derechazos e passes de peito longos, muito longos. Frente ao segundo, de menos qualidade, andou valente como as armas, com sentido do que fazer para tornar a enganchar o público… Duas faenas de grande mérito, a primeira brindada a Talavante, o mesmo toureiro que em ombros saiu, de mão dada com o pequeno grande Tomás.

Se Alejandro Talavante deveria ter saído em ombros? Pois não sei mas das ciências exactas não vive a tauromaquia. Depois daquela mão na mão, tudo fez sentido.

Bem Talavante no primeiro toiro. Mais ou menos arrimo, a verdade é que foi a Vila Franca, com toiros com trapio, mas também com vontade, com entrega. Foi Talavante em Talavante, com fino corte, com uma estética e plástica esquisita, mas que se aprecia pela quietude.

Bastos lidou novilhos de La Cercada, sendo o primeiro premiado com volta à arena por parte do ganadeiro e Talavante, lidou toiros da ganaria Nuñez del Cuvillo, sendo o primeiro de melhor comportamento.

Rui Fernandes e João Ribeiro Telles levavam a Vila Franca, uma papeleta a defender. Carreiras consolidadas e que perante um exigente público, ou dava, ou rachava… No entanto, há que dizê-lo, o público vilafranquense estava e notava-se, muito mais focado no toureio a pé… Se assim não fosse, teria protestado o trapio justito dos toiros de São Torcato lidados na segunda parte e hoje, nada…

Rui Fernandes levou a melhor, sendo autor de uma primeira actuação de muitos quilates. Inteiro e poderoso na brega, levando o toiro a duas pistas, citando de largo, fazendo a batida, reunindo ao estribo, saindo a rematar as sortes com alegria e vistosidade.

Frente ao segundo, apenas a experiência pôde contornar os obstáculos impostos pelo São Torcato. Andou bem num labor limpo, premiado com o silêncio do palco da direcção de corrida, não se percebe bem porquê…

João Ribeiro Telles lidou um primeiro toiro de Jorge Mendes, que apesar de se deixar, tinha pouco som e transmitia pouco ou nada. Telles foi “busca-lo” à porta dos curros, mas, a verdade é que embora com correcção, a função foi pautada por um certa apatia sem um ponto alto e sim, regularidade.

Os toiros de São Torcato apenas se deixaram, sendo o lidado por Telles, uma “rolha” e o de Jorge Mendes, pouco transmissivo.

No segundo, tocou-lhe em azar um toiro sem o mínimo de condições, com perigo, a adiantar-se uma barbaridade e que apenas permitiu que Telles se defendesse do perigo e dos toques que já havia sofrido, o primeiro deles aquando do primeiro comprido em sorte de gaiola.

As pegas estiveram por conta dos Grupos de Forcados Amadores de Vila Franca e Aposento da Moita.

Pelos de Vila Franca, foram na linha da frente, Vasco Pereira, efectivando ao segundo intento e; Lucas Gonçalves, à primeira tentativa.

Pelo Aposento da Moita, pegaram de caras, os forcados Martim Cosme Lopes, à primeira tentativa e; o cabo Leonardo Mathias, ao segundo intento.

O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Ricardo Dias, coadjuvado pelo Médico Veterinário, Jorge Moreira da Silva.

Fotos: João Dinis

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