Das penas da vida, cantava Amália e muito bem. Nós por cá, apenas contamos as penas da tauromaquia e o tão pouco que nos vai satisfazendo tarde após tarde.
Não fosse uma grande, enorme mesmo, pega de José Maria Cortes Pena Monteiro ao toiro de Palha e não traríamos nada de Évora.
Três x pouco, será sempre pouco…!
Saudades de Amália, mas isso resolve-se com cd’s. Mas muitas saudades dos tempos áureos dos três ‘miúdos’ em cartel… Este Domingo, em Évora, no mais prestigiado Concurso de Ganadarias do país (na sua edição número 64), teriam tanto que tourear…
Pois bem, voltando às penas… Mais pena ainda dá, ver uma praça cheia para tão pouco.
O que vimos, foram três jovens a arriscar pouco, muito pouco para quem ainda nada tem de consolidado. Os vedetismos terão que ficar fora da praça, porque qualquer dia o público chateia-se.
Por alturas do equador da primeira actuação de Miguel Moura, comentava eu que o público estava frio e reagia pouco, só que o público, começa a dar sinais de cansaço disto mesmo – tudo em tom poucochinho.
Miguel Moura enfrentou-se com um toiro de Miura, comprido, com pouca cara (dentro do tipo neste iten) e que, apesar de tudo, servia bem ao toureio do jovem de Monforte. Cumpriu de boa forma, com ladeios, desplantes, bons curtos. Ainda assim sem romper em triunfo.
Frente ao segundo, um astado de Passanha, andou mal. Há-que dizê-lo sem reservas. Apenas desta forma se valorizará o bom. Passagens em falso, tom meio perdido, falta de acoplamento.
Luís Rouxinol Júnior lidou com galhardia um toiro corpulento, rematado da ganadaria espanhola de Adolfo Martín. Cedo mostrou que lia o jogo com facilidade e aprendia com rapidez, falo do toiro porque o toureiro, apercebendo-se disto mesmo, pouca lide deu, cravando a ferragem sem muitos detalhes. Frente ao segundo do seu lote, da ganadaria Palha, teve a sorte de ter por diante não só um toiro de trapio, como também um toiro com som e que transmitiu. Rouxinol quase teve o triunfo na mão, deixando dois bons curtos, mas logo a seguir, deixa cair a lide… e ficámos com pouco!
Chegámos ao jovem António Telles filho e a lide dos toiros das ganadarias de Partido de Resina e Murteira Grave.
Outra vez repito, pouco… Frente ao primeiro cumpriu. Frente ao segundo, um pouco mais desajustado. Compridos a começar em tom menor, a evoluir nos derradeiros curtos. Excesso de capotazos como se diante de um toureiro amador tivéssemos dois mísseis balísticos.
Prémios de Apresentação e Bravura entregues a Palha e Murteira Grave, respectivamente, sendo que na praça deu-se a melhor das respostas e que dispensam comentários, uma valente assobiadela.
As pegas foram consumadas pelos prestigiados Grupos de Forcados Amadores de Montemor e Évora.
Para a cara dos toiros vestindo a jaqueta dos Amadores de Montemor, foram: Francisco Borges, efectivando ao segundo intento; com igual número de tentativas, Vasco Ponce e; José Maria Cortes Pena Monteiro, com uma brutal pega ao primeiro intento, num verdadeiro hino à arte de pegar toiros.
Na linha da frente, pelos Amadores de Évora estiveram João Pereira e João Madeira tentando uma cernelha, havendo dobra em que um dos elementos era o novel cabo da formação; Ricardo Sousa, concretizando ao terceiro intento e; António Prazeres, à terceira tentativa.
No campo das jaquetas de ramagens e visto que falamos de dois grupos do top 10… É hora de dizer/pedir aos rabejadores que, em caso de mais que uma tentativa, evitem rabejar os toiros… em vão! Fica a dica!
O festejo foi dirigido com excesso de benevolência na atribuição de música pelo Delegado Técnico Tauromáquico António Santos, coadjuvada pela Médica Veterinária, Ana Gomes.
Fotos: João Dinis
(CLIQUE PARA AMPLIAR)