A Monumental Celestino Graça, realizou com cerca de meia casa fraca, aquela que foi a primeira corrida integrada na Feira da Agricultura e em simultâneo, a Corrida da CAP e a corrida evocativa do 60º aniversário da sua existência.
Dia de regozijo e portanto, a assunção clara de Santarém e da sua tauromaquia, como um dos fortíssimos baluartes da Festa Brava, em Portugal.
Com os olhos postos no “Esgotado” da próxima segunda-feira, lá foi por diante o espectáculo em versão portuguesa, com elenco formado pelos cavaleiros Francisco Palha, Miguel Moura e João Salgueiro da Costa. Toureiros, todos eles distintos, de conceitos dissemelhantes, mas que sentem a tauromaquia à sua maneira…
Francisco Palha, o mais antigo de alternativa, é um toureiro que se reinventa, que não dá nada como adquirido e é disso que vive a sua “magia”. A sua e a nossa…
Palha foi autor de duas lides distintas, mas ambas, de muito boa nota. Mas se alguma é imperativo enaltecer, essa foi a segunda, frente a um manso perdido, provando Palha que os mansos, têm lide. Este corpulento toiro mal cravado o comprido inicial em sorte de gaiola, buscou tábuas incessantemente e Palha, não desistiu, foi lá, deu a cara e arrancou “faena”. O público reconheceu-lhe o mérito, o ofício e tudo o que deixou nesta sua esforçada e solvente exibição.
Frente ao primeiro, Francisco havia já estado em elevado plano, com um ferro em sorte de gaiola, outro bom comprido e curtos sequentes recheados de qualidade. Bregou bem e deixou a pérola para o fim, com dois curtos com pronunciadíssima entrada ao piton contrário.
Miguel Moura andou como sabe, ou seja, bem perante dois toiros que se revelaram cumpridores e a aceder aos propósitos do ginete alentejano.
Frente ao primeiro, o mais pesado do festejo, cravou um primeiro comprido em sorte de gaiola, como que “respondendo” ao seu antecessor, Francisco Palha. Bem durante esta sua primeira estadia na arena, com ferros correctos, rematados com dois palmitos. Frente ao segundo toiro, o mesmo conceito. Toureio sempre muito em curto, com reuniões e cravagens rematadas superiormente e à “moda” da casa, com ladeios, a recriar-se como se de uma muleta se tratasse…
Salgueiro da Costa, embora com presença menos assídua nas nossas praças, não quis deixar os seus créditos por mãos alheias. Frente ao primeiro (na verdade, o que deveria ser o segundo do seu lote e que por lesão do primeiro, saiu à arena em terceira “posição”), Salgueiro andou bem, ou melhor, muito bem, levando a efeito um labor muito coerente, sem efusividades desnecessárias, abordando o touro com classicismo. Reuniões muito ortodoxas e no geral ajustadas. Lidou um toiro de Veiga Teixeira, premiado com volta à arena por parte do seu criador. Frente ao segundo, um toiro sobrero de António Silva, Salgueiro andou de forma muito fluente e desenvolta, sendo no entanto condicionado pelo volume do toiro, consentindo alguns toques na montada.
As pegas decorreram em “modo” encerrona, estando na totalidade e cumprindo a tradição, a cargo do Grupo de Forcados Amadores de Santarém. Grande tarde da formação escalabitana, com duas enormes demonstrações da arte de pegar toiros.
Para a cara dos toiros foram os forcados: Francisco Graciosa (à primeira); Joaquim Grave (à terceira, dobrando a inicial tentativa de Francisco Paulos); Salvador Ribeiro de Almeida (à primeira); João Faro com uma grande exibição, juntamente com o primeiro-ajuda (ao primeiro intento); António Queirós e Melo (à primeira) e; Francisco Cabaço, com outra soberba pega (ao primeiro intento).
Se no que concerne às pegas concerne foi uma encerrona, no que diz respeito ao elenco ganadeiro, foi um mano-a-mano protagonizado pelos ferros de Veiga Teixeira e António Silva.
Do “confronto” ganadeiro, destaca-se pela positiva o toiro lidado em primeiro lugar por Salgueiro da Costa, da ganadaria de Veiga Teixeira, sendo que se premiou o seu criador com volta à arena e pela negativa, o toiro lidado em segundo lugar por Francisco Palha, da ganadaria de António Silva.
O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Manuel Gama, assessorado pelo Médico Veterinário, José Luís Cruz.
Fotos: João Dinis
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