Évora – Os Joãos, Pablo e o Peter

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Dia de três corridas. Évora foi uma delas e convenhamos, não era uma corrida qualquer. Era exactamente a corrida de despedida de um toureiro, que, em Portugal goza e gozou sempre de enorme prestígio e que, em concreto em Évora, sempre foi muito acarinhado.
Impossível relembrar algumas das corridas que integrou no tauródromo eborense, em que ficaram “pessoas na rua” por se ter esgotado o papel. Desta feita não foi assim, cerca de três quartos de casa, em tarde absolutamente infernal no que a calor concerne.

Pablo Hermoso de Mendoza foi homenageado no início do festejo, mas, foi sobretudo depois da sua última actuação, onde Pablo pôde desfrutar desse tal carinho e amizade por parte do público, que pediu insistentemente a segunda volta. Pablo foi humilde, sentiu a ovação prolongada, deixando-se ir, cremos com o sentido de dever cumprido.

Frente ao seu primeiro toiro, cómodo e a cumprir, Pablo deu tudo. Ladeou, bregou a duas pistas, fez hermosinas e recriou-se por entre ferros de grande valor. Lide redonda, a agradar e a fazer lembrar o “empenho” de outros tempos. Frente ao segundo, um toiro que pedia mais contas, Pablo exibiu ofício e conhecimentos, deixando enorme ambiente.

João Salgueiro da Costa era o mais novo em cartel e foi nesta tarde alentejana, dono de uma regularidade impressionante, sendo que a lide mais notável foi a primeira. Bons curtos, bons remates e alguma inspiração. Esteve bem e foram justos os aplausos, bem como frente ao segundo, onde também impôs a sua verdade na lide de um toiro mais complicadote. Feliz passagem pela Arena D’Évora.

João Moura ficou para último porque já dizia o ditado, que os últimos serão sempre os primeiros. Se é bem verdade que houve dois Mouras em Évora, também é verdade, que o que abriu praça, nos fez ficar de coração apertado. Alguns assobios desnecessários, mas que ainda assim reflectiram o que se passou. Desconexão com o corpulento oponente (o mais pesado da corrida), excesso de intervenção da quadrilha, alguns toques e desacertos. Passou!
Moura é isto e quando todos menos esperam, quando todos criticam o peso excessivo e em consequência a falta de condição física; quando todos criticam o menor primor em certos aspectos, eis que Moura puxa dos galões e com a sua eterna humildade e pé ante pé, constrói lide ovacionada de pé, por quase todos, ou mesmo todos os que marcaram presença em Évora.
Pois é assim, quem sabe nunca esquece e tourear assim, sem armas poderosas e com, diga-se com respeito, alguma idade, não é para todos e apenas para os predestinados. Moura citou de largo, cravou bem e de repente, depois do segundo curto, começa a recriar-se num remate, dobrando-se em curto e armando o seu “show” dos tempos áureos, salvo as entendíveis “distâncias”.
Tudo se resume à gana de não sair dali perdedor. Aprendam os mais jovens que só assim se podem marcar gerações, vidas e memórias.

Lidou-se um curro de toiros desigual em trapio e em comportamento, da ganadaria de Santa Maria.

As pegas estiveram por conta dos Grupos de Forcados Amadores de Évora e São Manços e também aqui a noite foi acidentada, com muitas tentativas e alguma “complicação” evitável em alguns dos casos.

Pela formação da casa, Évora, pegaram de caras: Ricardo Sousa dobrando as iniciais três tentativas de Henrique Barrete; Francisco Valverde, dobrando também três intentos de Rui Bento e; João Cristóvão, à terceira tentativa.

Pelos de São Manços, foram na linha da frente: João Fortunato (cabo), à segunda tentativa; Diogo Coutinho, à quarta e; Manuel Trindade, ao primeiro intento.

Noite de emoções e presenças ilustres. João Neves marcou presença entre barreiras, sendo brindado por João Fortunato. Todos os que possam aportar “feliz publicidade” à tauromaquia serão bem-vindos.
A outra das presenças comentadas e com “actuação” boicotada pelo TouroeOuro e em concreto pelo repórter João Dinis, foi a de Peter Janssen, o “tal” anti-taurino holandês. Detectado antes do festejo, avisaram-se as autoridades e empresário que agiram de forma exemplar e sem “sururus”. Afinal a malta da imprensa até zela pela tauromaquia. António Alfacinha agradeceu. Mas a Prótoiro, não tem de quê…!!!

A corrida foi dirigida pelo Delegado Técnico Tauromáquico José Soares, assessorado pelo Médico Veterinário, Carlos Santana.

Fotografias: João Dinis (CLIQUE PARA AMPLIAR)

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