No decorrer do Festival Taurino promovido pela Escola de Toureio da Moita, tantos foram os pensamentos, os títulos para este texto, tantos os capítulos de uma mesma história e de tantas histórias…
Numa baralhação total e ironia do destino, o título que se fixou como o eleito, não é o que aqui se dá à estampa, talvez um dia, quando os homens dos touros forem capazes de se impor e de cuidar dos novos, como o futuro de tudo isto…
As lágrimas afloram-se-me várias vezes, afinal de contas, “sou do tempo” de todos aqueles miúdos que hoje são homens… Mas as lágrimas caíram-me sem que as conseguisse conter, num dos mais bonitos episódios da temporada e que me fez e faz ainda hoje (ainda não me “passou”…), perceber o motivo de andar aqui, tantas desilusões depois… Um dia conto, hoje, infelizmente, não poderei…
Sobre isto, resta agradecer a um enorme, gigante aficionado que se chama Pedro Brito de Sousa e que dá à Daniel do Nascimento, magistério e sentimento. Voltou a abrir a Porta Grande para por ela saírem todos aqueles que tornam esta Escola numa verdadeira família de transmissão de valores, de ética, de correção e amor.
A primeira superação da tarde esteve por conta do majestoso São Pedro, o tal que gosta de marcar território, mas que sente as “coisas” como devem ser sentidas e vá, sustos, mas tudo foi por diante. Tirou gente às bancadas? Sim tirou! Mas, apenas posso lamentar pelo “azar” dos que lá não estiveram e não viram o que um dia contarei.
Estiveram os bons!
A segunda superação chama-se Luís Vital ‘Procuna’. Acompanhado claro está, do seu Maurício do Vale… como sempre e não a pé pelos motivos que todos conhecemos, toureou a cavalo e bem. Momentos destacados a cargo de um violino e um palmo.
A única pega da tarde esteve por conta de Tomás Coelho, do Aposento da Moita, juntando assim os forcados à Festa que era de todos.
El Cartujano. Matador de touros a quem se deve respeito pelo passado, mas muito pelo presente e por toda a união em torno de Badajoz, os seus alunos e Portugal. Quem sabe nunca esquece e assim foi…
Parrita. Melhor que nunca. Confesso que as tais lágrimas que se me afloraram aos olhos, as segundas (as primeiras chamaram-se Procuna) foram pela actuação do diestro da Moita. Aquele a quem as oportunidades ou falta delas, atiram para a prata, depois de vestido o ouro.
Teve sítio, “braços e punhos” para ambos os pitons e mais repousado num conjunto perfeito.
Joaquim Ribeiro Cuqui, ainda no ativo… Esteve bem com a matéria-prima que teve por diante. Brindou a outro dos enormes “produtos” Moita, Velasquez, ali, presente em todos os momentos.
E Morenito de Portugal? Jesus. Que bem que esteve, com carisma, com faculdades, com saber e com arte, distinta, sem imitações… Gostei, gostou-se, fez gostar!
Com humildade e sentido de Festa, de tarde de família, dividiu o tércio de bandarilhas com Cartujano e Largartijo.
Chegou João Prates ‘Belmonte’. Novilheiro. Mas tanto mais que isto. Lidou como os matadores de renome. Sabe o que pisa, onde pisa. Sabe mais, sabe muito. E deixa legado. Atentos. Prates, Belmonte, são nomes grandes da Moita. Exemplo maior do que é ser profissional em todas as áreas da tauromaquia.
Terminaram a tarde de ouro, Lagartijo e João Mexia. Voluntariosos e a dar tudo.
Houve um bom par de Açoreano, a ajuda enorme de Nuno Silva ‘Rubio’ e imagine-se, de Júlio André. Estiveram todos.
Lidaram-se reses de Tomão Tenório, Mata-o-Demo e Calejo Pires, este último premiado a dar volta à arena pelo desempenho do novilho lidado por Belmonte.
O espectáculo foi dirigido por Manuel Gama e Jorge Moreira da Silva, sendo o festejo antecedido por uma dança flamenca ao som de pasodoble.