O TouroeOuro assume-se agora mesmo, como dos poucos órgãos de comunicação credíveis em Portugal, no que à tauromaquia concerne e isso não somos nós que o dizemos. Ouvimo-lo nas inúmeras deslocações feitas.
Este fim-de-semana foi bom exemplo disso. Fizemos a escolha certa. Estivemos na Moita e aí, não foi uma, nem duas pessoas a elogiar toda a equipa deste site, como idónea, séria, a tocar em verdades duras de se escrever e muito mais duras de ler.
Coração cheio antes e depois do Festival da Escola de Toureio da Moita. Antes por isto que atrás descrevo e que agradeço de coração e depois, pelo resultado artístico conseguido num festival do mais romântico que há.
O pensamento que me assolou durante todo o espectáculo, foi “recordei-me do meu propósito, contar sentimentos, contar arte… contar sonhos”. Só que não… Ou melhor e explico. Vi, senti, caíram-me as lágrimas de emoção, mas… protegendo-nos a todos, não posso contar tudo na sua mais vasta dimensão.
Creio que quem me lê assiduamente me conhece o suficiente (já são perto de 20 anos a escrever…), que coloco a verdade acima de tudo, o jornalismo na sua mais profunda ética, a acutilância mesmo que demolidora, à frente de tudo o resto, sempre em busca da melhoria deste mundo, do crescimento, da limpeza de intenções menos lícitas de alguns dos intervenientes. Mas há uma coisa que me orgulho de nunca ter feito. Destruir sonhos, prejudica-los ou persegui-los em prol de uma grande notícia. Mas tenho que o dizer… sábado, ontem e hoje, lamento não poder contar o tanto que se viveu na Daniel do Nascimento. E a culpa morre solteira…
A tauromaquia embora movimento dinheiro (não tanto como se gostaria sobretudo se comparada com o risco financeiro que pressupõe), embora gere emprego, trabalho à séria e com regras, foi, é e deverá sempre ser encarada como uma manifestação artística e por isso, cultural.
Quem não a soube “vender” desta forma? Quem não a soube “defender” desta forma? Quem são os culpados por não se encarar a tauromaquia com a razão real que a move? Se noutras áreas artísticas uma criança pode actuar, cantar, dançar e até com fortíssimos danos psicológicos em casos de competição, porque é que na tauromaquia as coisas são diferentes?
De uma vez por todas encare-se que a tauromaquia vive da tradição mas muito mais da renovação, do sonho, dos valores e esses, passam-se na idade maior da aprendizagem. A infância. Não é fadista quem quer, mas quem nasce fadista. E também não é toureiro quem quer, mas quem nasce com o dom e o dom não se deve castrar em determinada altura do crescimento, da formação de personalidade e guardar para “fazer depois”.
Num mundo de pluralidade, em que a marginalidade não se guarda e cada vez “actua” mais cedo, porque é que a arte terá de esperar?
Lute-se pelo aquilo em que acreditamos. Mas que se comece ontem. Não é justo que um artista não possa ler sobre o seu triunfo, não possa ver as imagens da sua obra.
A propósito da morte de Marco Paulo e da inspiração no espanhol Joselito, surge-nos a questão: se não houvesse um “modelo Joselito” Marco Paulo teria sido quem foi? Respondo com convicção que sim, que a essência estava dentro de si, mas que não teria a referência que se transformou em sonho…
A tauromaquia não tem, nem poderá ter ideologia política, clube, nacionalidade, cor de pele e muito menos – idade!