As pessoas estão esquisitas e não é de agora… O mundo faz uma travessia não no deserto, mas por entre uma multidão desencontrada, que não ruma para o mesmo lado e por isso não viria mal ao mundo, se, não houvesse por entre esses “desvios” súbitos, atropelos aos mais importantes valores, os tais que devem distinguir o ser humano dos demais que por aqui habitam…
Primeiro o Covid e o medo da incerteza do que iríamos viver, mas sobretudo de quem iria morrer… depois, a ansiedade provocada por uma guerra que parece não ter fim e que nos afecta a todos, queiramos ou não. Depois Gaza, depois o Irão, pelo meio a eleição de Trump, e a ascensão do Chega a segunda força política… se a isto juntarmos o mediatismo do Caso “Operação Marquês” e a sensação de impunidade, imperando a arrogância do principal actor desta novela… miscelânea mais que suficiente para em poucas linhas percebermos que o mundo está louco…
Transportemos isto para o mundo taurino e vejamos que a “coisa” não está melhor. O Campo Pequeno deveria preocupar-nos a todos. É de resto imperativo que nos preocupe a todos. Como vamos defender “que aquela é a nossa casa” se os “habitantes da casa” fugiram dela?
Mas calma. Não estou a culpar os habitantes. Percebo. Juro que percebo. Primeiro os folhetins pouco elegantes que envolveram a parceria com Luís Miguel Pombeiro. Vai um, não, afinal é o outro. Assina contrato, desfaz contrato. Ah, bom, afinal eram dois, um zangado com o outro… Enredo mexicano ao mais alto nível, mas mau demais para ser verdade.
Depois… A assunção silenciosa, mas evidente de que o tema do Iva não beneficiou o aficionado. Confio de verdade que os aficionados não sejam em menor número que antes. O dinheiro é que não abunda e os bilhetes, refira-se, subiram uma brutalidade.
O resultado foi o que se viu no Campo Pequeno. Repare-se que o valor dos bilhetes, já compete com espectáculos de elevadíssimo nível existentes na capital lusa. É esse o ponto!
Queremos encher o Campo Pequeno? Pois bem. Cada um faça a sua parte. Os “Caetanos” fizeram. Há muito que um nome toureiro não estava em tão elevado mediatismo. Mas e o resto? A novel parceria, publicitou-se nas redes sociais? Nos sites espanhóis (que enviaram imensos espanhóis para Lisboa, tantos que entupiram a fronteira do Caia) e cá?
Chegados à corrida, todos fizeram a sua parte. O resultado artístico foi simpático. A noite estava entretida e a Festa, adequada ao mote do festejo. Mas há algo que jamais se pode permitir na tauromaquia. A insolência, o desrespeito, a ausência de educação ou até, no limite, o abuso de arrogância. A tauromaquia está longe de ser política ou futebol. Concorde-se ou não, as regras são para cumprir. É isso. E leiam com atenção. Não estou aqui a dizer que “a” ou “b” deveria ou não deveria ter música. Estou a dizer, que as regras são para cumprir. A elegância precisa-se. E estou a dizer que star quality está longe de ser “aquilo”.
Entendo os maus momentos de cada um. Afinal de contas, todos temos problemas. Quem nunca? As desmotivações entendem-se, e tudo e tudo… o reencontro connosco, de nós para nós, é tudo aquilo que sonha o ser humano. Só assim se pode agradar o outro. Dou apenas e só mais uma opinião: fica tão bem, sabe tão bem saber pronunciar um pedido de desculpa… Evitam-se é certo, mas os pedidos de perdão ainda fazem sentido num mundo educado.
“Inteligência não é não cometer erros, mas saber resolvê-los rapidamente”, Bertolt Brecht.