A corrida de Domingo de Feira, em Montemor, é aquela em que tradicionalmente o Grupo de Forcados Amadores de Montemor se encerra com seis touros em solitário. Vale a pena dizê-lo. O público de Montemor, vive de e para a forcadagem e dali, da forcadagem partem os momentos mais aguardados de cada tarde de toiros em Montemor. Tudo o que entra na bancada, foi ou é forcado e ali estão também as suas famílias e apoiantes.
Se a corrida teve triunfadores, diria eu que foram este ano, o cabo e seu irmão. O primeiro, António Pena Monteiro, pela cernelha “monstruosa” que fez ao quinto da tarde, em parceria com o rabejador Joel Santos. O segundo, a pega de caras que começa quando pisa a arena, até que sai. Dois forcadões, se não os melhores da sua geração, seguramente no top five.
Por esta ordem, pegaram ao primeiro intento: Vasco Carolino, José Maria Marques, Miguel Cecílio, António Maria Cortes Pena Monteiro e Joel Santos e, José Maria Cortes Pena Monteiro.
Nota ainda para a despedida de António Cecílio.
Com praça cheia à vista, mas na verdade a registar três quartos fortes, levou-se por diante a segunda corrida da feira, este ano, com mais espectáculos, fruto da ousadia de José Charraz. Bem, quem não arrisca, dificilmente faz história.
Em cartel estiveram os cavaleiros João Ribeiro Telles, Francisco Palha e Miguel Moura e uma vez mais (uma vez mais porque voltou a destacar-se por entre os seus pares), foi Miguel Moura quem levantou praça. O único, entenda-se. A sua última lide foi colossal, com os tempos bem marcados, templados, com ferros enormes e dois palmitos geniais a encerrar. Claro que não faltou a brega ladeada, uma verdadeira muleta. Frente ao primeiro, Miguel destacou-se com um bonito ferro comprido em sorte de gaiola e um palmito a encerrar de grande nota. Pelo meio uma actuação cumpridora.
Abriu a função João Ribeiro Telles. Telles no primeiro e segundo foi autor de lides semelhantes, aproveitando a potabilidade de ambos os toiros. Andou bem, em duas lides satisfatórias, com interessantes escolhas de terrenos e batidas ligeiras ao piton contrário.
Francisco Palha não repetiu a boa noite que havia protagonizado no Campo Pequeno. No primeiro cumpriu, de boa forma mas sem alardes de triunfo, tentando no entanto imprimir verdade ao seu toureio, no segundo, alguns desencontros, alguns toques e uma actuação sem acordes musicais, com volta autorizada mas com Palha a preferir não dá-la.
Lidou-se um curro de touros de Pégoras, com trapio “q.b.”, mas que na generalidade teve mobilidade e não complicou a vida aos toureiros e forcados.
Destaque para os campinos presentes, e para o seu trabalho, que valeu mesmo uma volta à arena após a pega de cernelha.
Duas notas a terminar. A primeira de louvor pela objectivo conseguido de levar a praça de Montemor adiante, criando condições para o efeito, mas, ainda assim, a necessitar de mais luz do que a que foi instalada. As sombras na arena existem e condicionam o desempenho dos touros. A segunda nota, a escassez de elementos na Banda, por motivos que desconhecemos, mas… não esquecer que a luz e a música apenas contribuem e muito para a elevação do espectáculo.
O espectáculo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Carlos Santos, assessorado pelo Médico Veterinário, Feliciano Reis.
Fotos: João Dinis



















































































