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Portalegre – João Moura Júnior: mais que um sonho, um legado!

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By Redação on 14 de Setembro, 2025 Crónicas, Destaques
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Na Praça de Toiros de Portalegre, João Moura Jr. assinou uma das mais memoráveis atuações da sua carreira, numa das melhores corridas da última década, frente a seis toiros das ganadarias Veiga Teixeira e Murteira Grave. A tarde foi marcada por lides de enorme qualidade, com destaque para a terceira a um bravo da ganadaria ribatejana, considerada histórica, e pelo momento emocionante em que partilhou a arena com o pai, João Moura. Os forcados de Santarém e Portalegre cumpriram com entrega, acrescentando qualidade ao espetáculo. Apesar de uma direção de corrida desajustada e digna de um sócio de uma qualquer banda que fatura por pasodoble interpretado, o triunfo foi inquestionável: Moura Jr saiu em ombros, firmando o legado de uma dinastia que continua a escrever história!


Crónica:

Em Portalegre, a Praça de Toiros José Elias Martins, que contou com cerca de três quartos de lotação, predominantemente, nos setores de sombra, foi palco de mais um capítulo de uma história que nasceu em Monforte. No tempo em que o pai sonhava com as toiradas, dizia-se em verso que o fado lhe embalava o berço e lhe abria o caminho. Esse sonho, feito façanha por João Moura, não ficou suspenso na memória: prolongou-se, de sangue e de destino, nos filhos que lhe herdaram a arte e a coragem.

Ontem, foi João Moura Júnior quem deu corpo a essa continuidade, carregando na mão e no olhar a herança de uma dinastia que não conhece intervalo. Frente a seis toiros, três com a divisa de Veiga Teixeira e três com a de Murteira Grave, o cavaleiro monfortense reafirmou o peso do legado que transporta.

O primeiro, vindo da Galeana, mostrou mobilidade ainda que sem grande lampejo. Moura Jr, com a sua brega primorosa, em terrenos de compromisso, ladeou o toiro na garupa da sua montada, oferecendo ao público momentos de arte e emoção. Cumpriu a ferragem com correção, em sortes antecedidas por ligeiras batidas ao pitón contrário, destacando-se os dois primeiros ferros de enorme coesão. Terminou com uma curta de grande entrega, em terrenos interiores, numa leitura perfeita das distâncias.

No segundo da tarde, com ferro de Veiga Teixeira, encontrou de saída um astado mais distraído e exigente. Aqui, o mérito esteve em ensinar o adversário a investir, num labor paciente que foi crescendo de qualidade. A partir do primeiro curto, a atuação ganhou força, atingindo o clímax na preparação e execução do segundo, cravado junto às trincheiras com precisão milimétrica, rematando uma sorte de antologia de forma magnífica, arrancando a primeira grande ovação da tarde.

O terceiro da ordem, também de Teixeira, saiu com pata, recebendo logo uma sorte gaiola que levantou praça e levou a inteligência, de forma justa, a fazer de imediato a banda tocar. Moura Jr. respondeu com outro enorme comprido à tira e, depois, um primeiro curto magistral. De praça a praça citou o animal, concedeu-lhe a primazia de investida, bateu ao pitón contrário em velocidade e cravou de alto a baixo, en su sítio. Foi um hino ao toureio equestre, numa das lides mais emocionantes vividas no Alto Alentejo nos últimos anos, onde cada ferro elevava o burburinho da bancada. Apenas o quarto curto resultou ligeiramente passado, mas não ensombrou aquela que fora uma das lides da tarde!

Após o intervalo, saiu o segundo Murteira Grave, podendo ser classificado como o mais reservado do curro. Com menos brilho que no anterior, Moura Jr. soube impor-se, cravando dois ferros com ligeira batida ao pitón contrário e trocando de montada quando o toiro se mostrou brusco no momento da cravagem, mostrando a inteligência dos prodígios. Encerraria esta atuação com um ferro nos tércios e dois palmitos de bom recorte, rematados com a elegância que a casa Moura sempre imprimiu à sua arte.

O quinto da ordem, novamente da divisa alentejana, foi recebido em sorte de gaiola, o que motivou música logo ao primeiro comprido, desta feita, de forma descabida. O primeiro curto foi de grande qualidade, mas no segundo, a impetuosidade com que o ginete se atirou a um toiro fechado em tábuas – gesto de enorme coragem – não teve o desfecho desejado, ficando a bandarilha descaída e cravada junta à mão da rês. Com raça, corrigiu de seguida, trocando de montada e permitindo uma longa e arriscada viagem junto às tábuas, que o público reconheceu de imediato. Fechou com duas mourinas, a segunda de um cingimento e qualidade tal, que levantaram a praça inteira, ovacionando de pé o cavaleiro.

No sexto e último da corrida, um flavo de Veiga Teixeira, o destino quis que o sonho regressasse à origem. A música soara mal o toiro pisara a arena e João Moura Jr, após cumprir na fase de compridos, chamou ao ruedo seu pai, que atuava como sobresaliente. A ovação foi imediata e ensurdecedora. Pai e filho partilharam a arena, e aquilo que era já uma tarde triunfal ganhou dimensão de fado: o animal, bruto e de investida adiantada, ofereceu dificuldades, mas em nada impediu uma série de curtos fantásticos, vibrantes, que fizeram levantar a praça a cada ferro. Foi a comunhão de gerações, a confirmação de um sonho tornado legado.

Se no cavalo o fado se cantava em ferro e coragem, na arena os forcados também cumpriram a sina que lhes coube. Os Amadores de Santarém e de Portalegre defenderam as ramagens com entrega total.

João Faro, pelos escalabitanos, no primeiro intento, aquando da reunião levou toque forte no peito, mas corrigiu e consumou com ajuda coesa do grupo. José Miguel Carrilho e Francisco Paulos protagonizaram uma pega de cernelha dura, falhada na primeira entrada devido à intempestividade do astado, que desfeiteou o rabejador, mas concretizada junto às tábuas na segunda tentativa, num esforço coletivo que levantou a praça e onde se destacou também o mérito do campino. Bernardo Bento brindou a João Moura, o eterno sonhador, estando enorme a citar e a reunir ao primeiro intento, com a coesão perfeita do grupo.

Do lado dos amadores de Portalegre, Gonçalo Costa despedia-se das arenas e fê-lo numa pega dura e sofrida. Só ao quarto intento, depois de falhar por três vezes – a última das quais resultando numa voltareta feia – conseguiu fechar-se, com o apoio carregado das ajudas. Filipe Rodrigues esteve valente e sereno, suportando um derrote alto e lateral, mas nunca largando até ao auxílio do grupo, o que lhe valeu duas voltas à arena. Já Ricardo Almeida sofreu imprevistos: o toiro levantou tábuas da trincheira logo antes da primeira tentativa, originando sururu no público, e depois, em investida imediata, não permitiu consumar a sorte. Pegou ao terceiro intento.

No que toca ao curro de toiros: o primeiro de Murteira Grave cumpriu, facilitando o labor do cavaleiro; o segundo de Teixeira saiu distraído, mas cresceu nos curtos; o terceiro, também ele da divisa coruchense foi bravo de verdade, permitindo uma lide histórica e foi premiado com volta ao ruedo; o quarto, da divisa alentejana, foi mais reservado; o quinto que veio da Galeana cumpriu sem brilho, sendo-lhe erradamente concedida volta para o seu representante, que exibindo vergonha toureira, abdicou, e muito bem, de a dar; e o sexto, Teixeira, foi brusco e adiantava-se na reunião, o que acabou por oferecer emoção acrescida a uma lide que marcou a tarde. No cômputo geral, há que dizer que a ganadaria Veiga Teixeira saiu por cima neste duelo.

Apesar da qualidade inegável da corrida, a direção de António Santos, delegado técnico tauromáquico, deixou muito a desejar. Faltou liderança e critério, permitindo voltas não autorizadas e concedendo música fora de tempo. Bem sei que lhe fora pedido no sorteio uma sensibilidade maior, momento captado em vídeo para todo o mundo, mas não havia motivo para um exagero de tal ordem. O ginete não precisa disto para brilhar, brilha por si próprio. Os forcados, despeçam-se ou não, não devem dar duas voltas apenas e só por esse motivo, quando consumam à quarta tentativa, em pegas sem brilho. O IGAC deverá ter atenção aquando do recrutamento, para colocar pessoas isentas e com cultura taurina para elevar os espetáculos e não, conseguir transformar um festejo que foi, provavelmente dos melhores que vi na última década, numa autêntica bandalheira no que respeita a pormenores que estão na mão, de quem supostamente o guia. Aplaudir atuações? Até pode ter adorado o momento, mas imaginam um qualquer árbitro num qualquer jogo de futebol a aplaudir um golo? Já imaginaram um presidente em Las Ventas de pé a aplaudir uma figura? Como reagiam os restantes? O que seria? Teria condições para continuar a exercer? A minha resposta é clara e óbvia: não teria!  Sejamos coerentes! Este senhor acabou por mostrar um condicionamento gritante, uma falta de capacidade de se impor tal, que perante uma situação mais complicada no futuro, vai claudicar, podendo pôr em causa aquilo que é um espetáculo que devemos defender. Nem todos temos capacidade de gerir pessoas e de as liderar. Todo o respeito pelo individuo, que não conheço, a maior das críticas ao seu desempenho enquanto profissional. O público, a festa e vou mais longe, os artistas, mereciam outra postura e outro nível de exigência, porque o facilitismo, acreditem: nunca levou ninguém a vencer na vida! Foi assessorado, em termos veterinários, pela Dra. Ana Gomes.

Ainda assim, João Moura Jr saiu em ombros, de forma justa e merecida, depois de uma tarde histórica e triunfal (como muitos apregoam semana após semana e quando se chega a momentos como este, ao escreverem-no, sabem o que acontece? Há uma desvalorização! E quem perde? Os artistas!). Na arena, onde o compasso se faz de risco e entrega, a melodia do pai encontrou eco no filho. O sonho antigo não ficou no passado: em Portalegre, fez-se presente, fado e legado.

Texto e Foto: Rodrigo Viana

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