A corrida com palco em São Manços (Évora), realizada na tarde deste sábado, certamente perdeu público por se ter realizado fora de data. Recorda-se que, tradicionalmente realizada no Domingo de Páscoa, esta data preenche cerca de três quartos fortes ou mesmo cheia à vista, desta feita, caindo a lotação para cerca de dois terços.
Com direcção de António Santos e assessoria veterinária de Ana Gomes, foi por diante um espectáculo que, confesso, me agradava em cartel por estar implícita competição.
Pois assim não foi. Tom murchito durante toda a tarde, onde o mais quente foi mesmo o clima. Os toureiros estiveram, até tentaram tudo, mas o tudo soube a pouco e com escassez de tempero.
Esse tempero poderia e deveria ter vindo do elenco granadeiro, com reses bem apresentadas e que “vinham bem” a um concurso na praça em questão.
Sagraram-se vencedores os ferros de Veiga Teixeira em apresentação, e Branco Núncio, em bravura.
Rouxinol Júnior lidou os dois e ganhou também ele o troféu para o melhor cavaleiro em praça.
Antes da resenha, resumidíssima de cada um dos intervenientes, há que salientar que a moura não se pode exigir que toureie como Rouxinol e vice-versa.
Miguel Moura lidou por esta ordem os estados de Passanha, Ascensão Vaz e Luís Rocha.
Frente ao primeiro andou muitíssimo bem, com o tipo de lide que lhe é característica, com ladeios, cravagens após batidas ao píton contrário e remates das sortes. Apesar de ser uma boa actuação, não rompeu em triunfo.
Frente ao segundo, um bonito jabonero, andou discreto e da forma que o oponente permitiu, visto que complicava e veio substancialmente a menos… Com a sua última montada subiu o nível, mas já na recta final da sua actuação terminada com dois palmitos e brega a duas pistas.
Frente ao terceiro do seu lote, um bom comprido em sorte de gaiola e, rachou-se o toiro, procurando tábuas incessantemente, obrigando Miguel a cravar grande parte da ferragem a sesgo.
Luís Rouxinol Júnior foi o eleito da tarde, mas atenção que o “trono” foi ganho pela sua exibição frente ao último, o exemplar de Branco Núncio. Bem a receber à porta gaiola, bem nos compridos e curtos e sobretudo, no conceito de lide e par de bandarilhas com que encerrou a tarde.
Da mesma maneira que encerrou a tarde, também a iniciou, ou seja, recebendo o Veiga Teixeira à porta gaiola. A actuação seguiu entre oscilações, mas com a costumeira raça do ginete de Pegões.
O segundo do seu lote, desta feita da ganadaria de Calejo Pires, foi complicado a todos os níveis, apenas permitindo ao jovem toureiro uma lide “asseada”, com a ferragem da praxe deixada de forma regular.
As pegas estiveram a cargo dos Grupos de Forcados Amadores de São Manços e Coruche.
Pelos Amadores de São Manços, foram na linha da frente: Diogo Coutinho (à segunda); Duarte Teles (à primeira) e Manuel Trindade (à primeira).
Pela formação de Coruche, a função foi aberta pelo cabo João Tomás (à primeira); António Tomás (à segunda) e João Prates (à terceira).
O festejo terminou com um emotivo e perigoso momento protagonizado pelo toiro de Branco Núncio. O astado perseguiu a montada do jovem Rouxinol e chegou mesmo a entrar na zona do pátio de cavalos, sendo dali retirado por Luís Rouxinol, que diligentemente se agarrou ao rabo do toiro, conduzindo-o novamente à arena.
Felizmente, tudo não passou de um grande susto.
Fotografias: João Dinis (CLIQUE PARA AUMENTAR)