Nada contra a um conseguir-se um número elevado de festejos por temporada, mas, confesso-me muito mais a favor de pouco, mas com molduras humanas imponentes, cujas imagens possam melhor defender a tauromaquia.
Os tempos não são fáceis, “o pão está caro” e portanto, qualidade, rigor, datas certas e praças cheias é o que se pretende. Para isto, urge uma sinergia de intenções e um claro entendimento entre os empresários que “mandam nisto”. A assim não acontecer, corre-se o risco lógico de “não dar para ninguém…”.
Pois bem, a Daniel do Nascimento sentiu e muito a existência de outros polos de interesse no dia de hoje, bem como sentiu um facto dos tais que vamos aqui abordando e que parece muito mal aos intervenientes, os novos precisam de se impor, de dar tudo e deixar de lado os vedetismos dinásticos pouco consistentes.
Hoje, conseguiram meia casa fraca!
O cartel foi então composto pelo rejoneador Leonardo Hernández e calma com o que se diz por aí… Ao contrário de outros espanhóis que aqui marcam presença com assiduidade, Leonardo tem créditos firmados, tem ofício e tem o seu nome lacrado na porta mais importante pela qual se pode sair em ombros. Portanto não creio justas as comparações.
Frente ao primeiro dos dois toiros que compunham o seu lote, optou por interpretar um toureio sóbrio, sem alardes de rejoneo, reunindo e cravando com facilidade, agradando, sendo que no entanto “lutou” com a falta de concentração do público, ainda pouco ‘metido’ na função. Diante do seu segundo e mesmo com um toiro que viria a cumprir mas que era preciso ‘entender’, Leonardo andou em registo cumpridor, mas sem a aparente facilidade de lide que havia exibido frente ao seu primeiro, sentindo-se que nunca se acoplou verdadeiramente à investida e ritmo do oponente.
Luís Rouxinol Júnior veio à Moita com clara intenção de triunfo e se em termos comparativos, sim foi o triunfador, diz-se a bom rigor, que foi frente ao quinto toiro do festejo que rompeu em actuação de maioria de quilates. Ladeios, batidas ao piton contrário, reuniões emotivas e remates das sortes, com uma última bandarilha de qualidade inegável.
Frente ao segundo da corrida e primeiro do seu lote, esteve bem, recebendo-o à porta gaiola, deixando com muita correcção a ferragem habitual.
Tristão Ribeiro Telles surge em praça sempre com enorme fulgor e convenhamos, a sua imagem “vende” e poderia até vender mais… O primeiro comprido cravado ao primeiro toiro foi uma sorte de gaiola, com ímpeto e de boa nota. A “faena” foi em tom mais mornito, sem erros mas também sem triunfo memorável. Frente ao segundo, um toiro corpulento, o maior da corrida, andou bem, sendo que de quando em vez com uma ou outra passagem em falso e porque não dizê-lo porque mal não tem, a tentar encontrar um caminho. De todo o seu labor, conta-se o último curto como o que verdadeiramente contou como muito bom.
Em suma: Luís Rouxinol foi e fez o melhor da tarde em que os verdadeiros triunfadores foram os forcados!
As pegas foram consumadas em jeito de encerrona (pelo facto do grupo açoriano anunciado ter tido um percalço com a viagem que traria a formação ao continente), pelo Grupo de Forcados do Aposento da Moita.
Para a cara dos toiros foram, por esta ordem e número de tentativas: João Freitas, André Silva, Rafael Silva, António Lopes Cardoso, Tiago Nobre e o futuro cabo, Luís Canto Moniz – todos à primeira!
O curro de toiros de Canas Vigouroux, com alguma desigualdade no que ao trapio concerne, serviu ao conceito do espectáculo
O festejo foi dirigido com acerto pelo Delegado Técnico Tauromáquico Tiago Tavares, coadjuvado pelo Médico Veterinário Jorge Moreira da Silva.