São Pedro é Montijo e Montijo é indubitavelmente São Pedro. O adiamento devido ao mau tempo beneficiou em muito a lotação conseguida, um casão com cerca de três quartos preenchidos, com uma tarde aprazível…
Um reparo em tom construtivo: o facto de estarem poucas portas abertas para o interior do tauródromo montijense, fazendo com que o público se amontoasse na entrada principal, em nervos por não conseguir entrar não gera bom ambiente.
Ultrapassada esta questão e feitos os oportunos minutos de silêncio em memória de Alfredo Vicente e Manuel Fernandes, eis que se homenageou Gilberto Filipe pelo cumprimento do seu vigésimo aniversário de alternativa.
A função foi aberta pelo decano dos cavaleiros no activo e um toiro de Cunhal Patrício. De João Moura importa falar da capacidade de superação. É isto. Lide regular, sem alardes de triunfo, a alegrar e alegrar-se nos dois últimos palmitos. Tudo o resto é uma “história viva a cavalo”.
António Telles agradou, fazendo aquilo a que se chama uma actuação agradável mas sem brilhantismos. Deixou a ferragem da praxe, com o seu toque de classe a um toiro que se deixou lidar, da ganadaria de Canas Vigouroux.
Depois de um emotivo brinde aos céus, onde o acompanha seu Pai, Luís Rouxinol levou a efeito uma actuação limpa, com mérito, com raça e luta até ao fim a um entipado toiro de António Silva. Teve praça o astado, mas não teve qualidade, obrigando o ginete de Pegões a superar-se. Escutou música, sendo que o público lhe reconheceu os “créditos”.
Não será exagero dizer que a festa era de Gilberto Filipe e foi de Gilberto Filipe.
Bem a todos os níveis, com a sorte do seu lado por ter por diante um soberbo toiro de Murteira Grave, que acudia a todos os chamados. Bem na ferragem comprida, tal como na curta, com sortes bem desenhadas, reuniões e cravagens bem conseguidas. Terminou com um bom violino e uma outra bandarilha com a sua montada sem cabeçada.
Duas voltas à arena como prémio mais que justo e o público a reconhecer não só esta sua lide, mas também os 20 anos de alternativa.
Miguel Moura andou “benzinho” frente ao toiro de José Luís Vasconcellos e Souza D’Andrade. O toiro tinha excessiva mobilidade, quase andarilho e obrigou o ginete de Monforte a imprimir velocidade à função. Deixou a ferragem com solvência, terminando com um palmito. No entanto, o seu melhor momento na arena foi aquando da cravagem do primeiro bom comprido em sorte de gaiola.
Luís Rouxinol Júnior lidou um exemplar de Manuel Veiga, com trapio mais reduzido que o restante elenco ganadeiro, mas que transmitiu e proporcionou ao toureiro uma actuação dinâmica e com ritmo. Rouxinol foi receber o oponente à porta gaiola, mas o toiro saiu distraído e nada focado na montada. Depois do primeiro comprido interessou-se e entregou-se à lide, sendo que Rouxinol deixou a costumeira ferragem com regularidade. Terminou com um par de bandarilhas ao segundo intento (rectificando o inicial primeiro par), terminando com um palmo de boa nota.
Brindou a seu avô, visivelmente emocionado.
Finalizou o sector equestre do festejo, o jovem ginete António Telles filho e que bem o fez. O toiro de São Martinho serviu na perfeição e o toureiro aproveitou, sacando-lhe todo o sumo que tinha. Toureou devagar, bregou devagar, reuniu bem, cravou melhor, rematou as sortes e adornou-se com desplantes toureiros. Muita inspiração numa das suas melhores actuações de sempre. Terminou com palmito, deixando grande ambiente no Montijo.
As pegas estiveram por conta dos dois Grupos de Forcados da terra, ou seja, Tertúlia Tauromáquica do Montijo e Amadores do Montijo.
Pelo Grupo de Forcados da Tertúlia Tauromáquica do Montijo, estiveram na linha da frente, os forcados Jorge Malagão, concretizando ao segundo intento; Armando Costa, à primeira tentativa, Paulo Carvalheira com uma tentativa, a dobrar a inicial de João Paulo e; Pedro Tavares, ao primeiro intento, com um grupo constituído também por quatro elementos do Grupo de Forcados Amadores do Montijo.
Pelos Amadores do Montijo, pegaram de caras: Hélio Lopes, à segunda tentativa; um pegão do cabo José Pedro Suiças à primeira tentativa e; Filipe Santiago, à terceira.
Estavam em disputa prémios de Apresentação e Bravura, entregues às ganadarias de Canas Vigouroux e Murteira Grave, respectivamente.
Houve também prémios destinados à Melhor Lide, ganho por Gilberto Filipe e para a Melhor Pega, entregue a José Pedro Suiças, respectivamente. Do júri, nada se soube…
O espectáculo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Tiago Tavares, assessorado pelo Médico Veterinário, Jorge Moreira da Silva.
Fotos: João Dinis
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