Não me cansarei nunca de dizer que Vila Franca é diferente, que Ricardo Levesinho e a restante família que compõem a empresa, sabem melhor que ninguém o que “pede” a Palha Blanco e por saberem e “acudirem” ao desejo da Palha Blanco, a “menina bonita” junto ao rio, quase esgotou para a tradicional corrida do Colete Encarnado.
Teve interesse, muito interesse o espectáculo!
A cavalo um duelo importante, diferente e que por todos os motivos “e mais alguns…” tinha o seu interesse. Continuará a ter porque ambos, têm “duende” e ambos defendem as suas camisolas.
Defrontaram-se portanto, João Ribeiro Telles e Francisco Palha.
João Ribeiro Telles foi autor de duas actuações consistentes, com poderio, conhecimento e maturidade. A segunda redonda, a primeira cheia de polos de interesse.
Pois bem, frente ao primeiro e depois de receber à porta gaiola, deixou bons compridos e curtos, escutando música depois da primeira bandarilha. Ferros deixados após boas reuniões e rematados com beleza.
Frente ao segundo, a tal actuação redonda. Grande recepção do oponente, dois muito bons compridos e três curtas com batidas ao piton contrário, aproveitando as vastíssimas qualidades do toiro. Bem de verdade e claro, com epílogo de lide marcado pelos excelentes dois curtos a cargo do Ilusionista. Triunfo gordo.
Francisco Palha é um caso e mesmo quando as coisas não lhe correm de feição, ou melhor, mesmo que não consiga redondear, tem por entre as suas actuações, pormenores que se poderão sempre extrair como “mágicos”, em abono da qualidade intrínseca de que dispõe.
O seu primeiro foi mais manejável, sendo que ainda assim e por um erro seu, Palha foi colhido com aparato aquando de uma passagem em que o cavalo “não se tirou…”. Houve bons curtos, mesclados com estas fases menos conseguidas. Frente ao segundo, um toiro que de quando em vez “puxava” a tábuas e que tinha uns tiques de manso, Palha esteve enorme, mas foi um enorme para aficionados, para quem valoriza o toureio como uma obra que não vem feita de casa e apenas se constrói na praça. Para isto, é preciso tempo, é preciso paciência e é preciso um Francisco Palha que não perde os papéis às boas.
Tiago Tavares não lhe concedeu musica, mas a mim e a todos os que pediram, parecia mais que justo.
Duelo para repetir e com urgência.
As pegas estiveram por conta do Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca, sendo que para a cara dos toiros foram: Vasco Pereira (cabo), ao primeiro intento; João Maria Santos, numa efectivação em modo de despedida das arenas, à primeira tentativa, dando duas merecidíssimas voltas à arena; Lucas Gonçalves, também com uma tentativa e; Rodrigo Andrade, também ao primeiro intento.
A formação vilafranquense a passar com distinção ao chamado, como sempre, aliás…
Lidaram-se a cavalo, toiros da ganadaria David Ribeiro Telles, com comportamentos dissemelhantes e apresentações também elas desiguais. Destaca-se pelo trapio o terceiro da ordem de lide, e como mais complicado, o quarto.
Tomás Bastos foi e é o príncipe de Vila Franca e o que será no futuro, apenas Deus sabe. Contudo, é legítimo criar esperanças de que a saída a ombros de hoje, se transforme noutras saídas a ombros mais consistentes. A de hoje é discutível, mas discutível não é o cartel que tem ali e as qualidades “sentimentais” que deixa na arena sempre que actua. Sente o toureio, tem foco e tem qualidade. Tem planta toureira, tem paixão e cria paixão nos demais.
Tem sorte também! Os dois astados da ganadaria de Paulo Caetano serviram “muito” ao toureio. Tinham recorrido, proporcionaram ligação e tiveram muitos recursos para aguentar de tudo e por muito tempo. O tudo a que me refiro, é: tércios de capote variados e prolongados, pares de bandarilhas de boa nota a ambos os toiros e faenas por ambos os pitons. O menino de rosa e ouro vestido, voltou a render Vila Franca a seus pés.
O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Tiago Tavares, coadjuvado pelo Médico Veterinário, Jorge Moreira da Silva.
Fotos: João Dinis (CLIQUE PARA AMPLIAR)