Dizia-se em tempos de Abril, que o povo é quem mais ordena mas, em Abiul em Agosto, pode bem dizer-se que é o público que manda e bem!
Este António Ferrera e digo “este” propositadamente (porque ninguém tem tudo bom ou tudo mau…) não pode achar que o povo ou público “come o que lhe dão e cala…”.
O dito público que preencheu cerca de meia casa forte com maior incidência nos sectores de sombra, mandou, ordenou mesmo que Ferrera não desse volta depois da lide do segundo touro. E bem, repito, muito bem e se noutros palcos ditos de elite, os “tios” da tauromaquia fizessem o mesmo, talvez nos gozássemos por parte dos espanhóis um respeito distinto.
A presença de Antonio Ferrera resume-se em duas linhas ou três como máximo.
No primeiro toiro, é verdade que sem grande potabilidade, nada vezes nada. Mal tocou no capote, mal tocou na muleta e o que fez foram tentativas frustradas de nos mostrar que dali nem um passe. Pois ficaram dúvidas…
Frente ao segundo, mais um aire de gracia, pero sin nada más… Entre Ferrera e o Falé cabia eu e algumas das minhas irmãs gémeas e, nada, é a palavra certa.
Bandarilharam com solvência mas sem brilhantismo, Miguellin Murillo e os irmãos Oliveira.
Remate da historieta: depois de nada fazer e de três pinceladas, julgou o diestro que o público se iria derreter, mas, vetou-lhe a volta à arena embora mal permitida pela directora de corrida, bem como a música, não apropriada. Birra de Ferrera e nem o hino luso ouviu junto dos seus colegas.
O cartel foi então composto pelos cavaleiros Filipe Gonçalves e Luís Rouxinol Júnior, bem como pelo espada espanhol António Ferrera.
Filipe Gonçalves regressou a Abiul em tom morno… Frente ao primeiro do seu lote, um bisco que nem “fu, nem fá”, não se deixou “perceber” bem, andando em tom apenas regular e discreto, meio que desconfortável e sem grandes tons de triunfo. Alegrou a função com duas sequências de violino e palmo, sendo que o último palmito foi deixado após algumas passagens… Frente ao segundo sim, surgiu o toureiro do Algarve na sua maior amplitude e mais dentro do seu registo de toureiro comunicativo e alegre, impactando junto do público que soube acarinhar e retribuir em aplausos. Depois dos compridos, lidou e bem, deixando bandarilhas depois de quiebros pronunciados. Terminou com um par de bandarilhas e chave d’ouro.
Luís Rouxinol Júnior marcava nesta corrida o “sangue novo” e quiçá alguma irreverência implícita, contudo, o toureiro de Pegões não redondeou numa das funções a que se propôs.
Frente ao primeiro, cumpriu com acerto e correcção, deixando a ferragem da ordem regularmente, mas sem brilhantismos associados. Frente ao segundo, um pouco e mais do mesmo, ainda que com mais intermitências, marcando o início da sua prestação com um forte toque na montada. Cresceu nos curtos, mas destacou-se mais que tudo na raça e comunicação com o público.
As pegas estavam destinadas ao Grupo de Forcados Académicos de Coimbra.
Para a cara dos toiros foram: Martim Rodrigues, à segunda tentativa; Francisco Gonçalves, ao primeiro intento; André Gonçalves, ao segundo e; João Tavares, à primeira tentativa.
Lidaram-se a cavalo e a pé, toiros da ganadaria de Falé Filipe, que longe de serem bons, lá andaram, mas sem proporcionar triunfos.
O espectáculo foi dirigido pela Delegada Técnica Tauromáquica Sandra Strecht, assessorada pelo Médico Veterinário José Luís Cruz.
Fotos: João Dinis (CLIQUE PARA AMPLIAR)