“Sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança…”, a frase não é minha, mas, numa adaptação justa, diria que sempre que uma mulher sonha, consegue. Quando essa mulher é Ana Batista, tudo se torna mais fácil por entre as naturais dificuldades que terá enfrentado ao longo da sua carreira, pelo simples facto de ter na sua génese, elegância, classe e saber estar, qualidades por demais importantes não só no mundo da tauromaquia em particular, mas no mundo do espectáculo, em geral.
Passaram 25 anos desde que em Coruche se “doutorou” em tauromaquia, mas hoje, em Salvaterra, reafirmou tipo “flashback” tudo aquilo que viveu e fez viver. Depois de um comprido mais descaídote e do qual não reza a história, seguiu para uma série de curtos de elevadíssimo nível e gosto. As preparações das sortes, as reuniões, os remates e até os desplantes… Tudo perfeito e um público da sua terra a si rendido. Com justiça, rendido pela grande actuação.
Abriu praça o cavaleiro Luís Rouxinol, protagonizando um momento inicialemotivo, com o toiro a sair com pata e a perseguir a sua montada com afinco. A lide foi agradável, com bons momentos de brega e reuniões cumpridoras. Terminou com um bom palmito e um muito bom par de bandarilhas.
Gilberto Filipe lidou o terceiro da noite, construindo uma “faena” em crescendo. Depois dos compridos, seguiu para as primeiras curtas, corretas, elevando o tom e a “vibração” com um violino e uma derradeira curta já sem que a sua montada envergasse a cabeçada.
Depois da grande actuação no Campo Pequeno, João Moura Caetano voltou a triunfar, desta feita na catita praça de touros de Salvaterra de Magos. Depois de uma boa fase de compridos, cresceu ainda mais e brindou os presentes com uma exibição de muita qualidade, montando o cada vez mais agigantado Campo Pequeno. Lidou muito em curto, recriando-se, bregando de forma muito vistosa, impactante… rematou as sortes com soberba e deleitou o conclave.
João Ribeiro Telles não se ficou atrás de nenhum dos seus alternantes e provou que não é por ter na sua quadra um “Ilusionista”. Antes, muito antes do último ferro deixado de forma tremendista por Ribeiro Telles, já havia triunfo pela forma como bregou, a ladear, com poderio, aproveitando as aupiciosas características do oponente. Ferros de grande nota, rematados de igual forma. Muito boa actuação.
A noite de lides a cavalo foi encerrada com a prestação do mais jovem em cartel. Se Luís Rouxinol abriu a função, Rouxinol Júnior, fechou.
O toiro que lidou não foi nem de perto, nem de longe o mais potável da noite, mas Rouxinol não se ficou, conseguindo dar volta positiva à papeleta. No início foi receber o astado à porta gaiola, desenvolvendo a partir dai uma actuação de timbre positivo, ainda que sem um triunfo sonoro.
Esta noite era também de comemoração de aniversário para o Grupo de Forcados Amadores do Ribatejo. E não era um aniversário qualquer, são 120 anos de fundação e para a “Festa”, fardaram-se antigos e actuais elementos do Grupo. Na bancada marcaram presença os ilustres antigos cabos, Rui Souto Barreiros e Joaquim José Penetra. Noite muito positiva para os Amadores do Ribatejo.
Para a cara dos toiros e por esta ordem, foram os forcados Ricardo Regueira, efetivando ao primeiro intento, bem como uma tentativa para André Laranjinha, que esta noite se despediu das arenas, dando duas voltas à arena pela pega de hoje, mas também pela sua trajetória. Ao primeiro intento pegou também Leandro Catrapombo, ao terceiro, o antigo cabo da formação, Pedro Espinheira; ao primeiro Dário Silva e; finalizando, o cabo actual, Rafael Costa, efectivando à primeira tentativa.
Lidou-se um curro de toiros de Foro do Almeida, com apresentação “q.b.”, mas com comportamento muito positivo na generalidade, exibindo mobilidade e transmissão. Pelo desempenho do quinto da ordem, foi premiado com volta à arena.
Durante o intervalo, a cavaleira Ana Batista foi homenageada, bem como o Grupo de Forcados Amadores do Ribatejo, pelo cumprimento das respectivas efemérides comemoradas nesta corrida.
O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Marco Cardoso, assessorado pelo Médico Veterinário, José Luís Cruz.
Fotos: João Dinis
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