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Segunda de Abiul – Onde a festa de toiros tem raiz profunda, é identidade!

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By Redação on 3 de Agosto, 2025 Crónicas, Destaques
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Abiul tem alma e em agosto, essa alma acorda mais viva do que nunca. É tempo de Bodo, tempo de promessa antiga, de uma tradição que resiste à pressa dos dias e às modas que passam como folhas ao vento. No coração da vila, entre o bulício das tasquinhas, o cheiro a bifana no pão e a música popular que se mistura com o repicar dos sinos à hora certa, a tauromaquia ergue-se como vértice emocional e cultural desta vila.

Nesta tarde, o calor foi rei e senhor. Um daqueles dias de forno aberto, em que até as pedras da praça parecem suar memórias antigas. A prudência venceu o relógio e a corrida mista, anunciada para as 18 horas, recuou no tempo para avançar no sentido: apenas às 19h se ouviu o cornetim do afamado José Henriques, sinalizando o início do ritual maior. Nas cortesias, destacou-se a estreia absoluta de um pasodoble taurino dedicado à praça de Abiul, interpretado com rigor e brilho pela Sociedade Filarmónica Progresso e Labor Samouquense – nota musical de distinção.

O cartel apresentava promessa e equilíbrio: os cavaleiros Rui Fernandes e Duarte Fernandes, o matador Diogo Peseiro e o novilheiro Tomás Bastos. As pegas estiveram a cargo dos Académicos de Coimbra, perante sete toiros da ganadaria Varela Crujo, que pasta na Herdade dos Outeiros, no Baixo Alentejo.

Abriu praça o sobrero, por força de lesão nos curros do toiro que fora sorteado. Negro listão, algo bisco de córnea, investiu com alguma intensidade na montada de Rui Fernandes. A fase de compridos revelou um toiro com menos força do que vontade, obrigando o cavaleiro a usar da sua técnica apurada para potenciar a investida. A segunda curta saiu disforme, fruto da falta de reação do oponente. Emendou a mão com classe, terminando a função com um ferro de alta nota, deixando público rendido à arte.

Duarte Fernandes viveu um susto feio. À saída do toiro dos currais – desembolado do pitón direito – foi colhido com violência após acreditar poder ganhar-lhe junto às tábuas. Segundo se conseguiu apurar o cavalo fora evacuado para uma clínica especializada de forma a despistar e/ou tratar eventuais lesões. Dada a incongruência regulamentar, o toiro foi recolhido e a ordem de lide alterada, entrando posteriormente em praça para a lide em solitário do mais jovem da família, aquele que fora sorteado para a lide a duo com o seu tio. Muito acarinhado pelo público, o jovem cavaleiro mostrou fibra: um bom comprido, curtas com batida ao pitón contrário e remates das sortes com ajustadas piruetas que sãodo agrado do público. Encerrou com um palmito em sorte de violino e saiu sob forte ovação.

A lide a duo fechou o capítulo equestre. O toiro, com vivacidade, exigiu o que os toureiros tinham e mais ainda: chegou a atingir a montada do mais antigo de alternativa. Ferros com batida ao pitón contrário, violinos e ferros de palmo deram ritmo à função.

Diogo Peseiro entrou em cena com o piso por alisar, visto o trator ter sido impedido de entrar pela obstrução do pátio de quadrilhas com a montada do ginete que se encontrava a ser diagnosticada. Aceitou o desafio. De capote, saiu por verónicas com uma rodilla en tierra e com um outro quite por tafalleras, fechado com uma revolera. Pegou nas bandarilhas, como aqui é tão apreciado, cravando com mérito apesar das dificuldades que lhe foram impostas. A tentativa de cravar uma terna não resultou, acabando por cair na arena. Redimiu-se com um par de nota alta. De muleta, desenhou duas séries de derechazos com cadência e mando, valendo-lhe os acordes da banda. A parte final da faena foi de desplantes e domínio absoluto. Duas voltas ao ruedo concedidas, o que a meu ver, não é justificado. No segundo, iniciou com uma larga afarolada de joelhos em terra. O toiro, mais reservado, revelou-se difícil desde cedo. O tércio de bandarilhas foi acidentado; ainda assim, Peseiro mostrou-se fisicamente disponível e entregou-se. Encerrou esse tércio com um par em sorte de violino. Com a muleta, iniciou com uma série de pendulares bem no centro da arena, tendo o mérito de ensinar a custo o oponente a investir pela direita. Pela esquerda, nada havia a tirar. Com integridade, recusou volta ao ruedo apesar de ter recebido autorização para tal.

Tomás Bastos começou por enfrentar um colorado ojo de perdiz da ganadaria titular. Iniciou com um quite por verónicas que chegou às bancadas. Peseiro respondeu com chicuelinas, Bastos devolveu em emoção com outro igual. De bandarilhas na mão, mostrou confiança e classe, cravando três pares de alta nota. Com a muleta, revelou maturidade invulgar: quatro séries de derechazos de luxo e uma faena que apenas pecou na ligação entre séries visto não haver colaboração da rês para fechar com os passes de peito de forma fluída. Frente ao último do lote, voltou a brilhar com o capote, andando variado. Nas bandarilhas, sofreu uma lesão ultrapassável num pé após uma tentativa falhada, mas não desistiu. Com a muleta, mostrou sabedoria, paciência e técnica. Rematou com circulares e manoletinas em tom maior. Deu duas voltas ao ruedo que como no caso de Peseiro, talvez uma tivesse sido o suficiente.

Os Académicos de Coimbra foram eficazes. Martim Rodrigues abriu a função com pega limpa ao primeiro intento. João Gonçalves esteve irrepreensível, recuou com critério e reuniu com eficácia. João Tavares falhou na primeira tentativa, por falta de uma mãozinha junto às tábuas, mas resolveu com galhardia na segunda, aguentando derrote forte e tendo boa colaboração dos ajudas que o perseguiam.

Houve brindes com significado. Rui Fernandes e um elemento dos Académicos brindaram a Hélder Parker, cabo do recém-criado grupo de forcados amadores de Abiul, que tem enfrentado resistência. Dizer que “não há corridas para todos” não pode nem deve impedir a preservação da afición numa região que já carece de espaços que defendam a Festa. Há que repensar e defender o todo em vez de olhar apenas para o próprio umbigo.

Foi uma tarde com casa a rondar os dois terços, maioritariamente na zona de sombra. O público, festivo mas exigente, entregou-se com alma, como em Abiul se sabe fazer. Aqui, a tauromaquia não é ornamento de verão. É promessa cumprida. É raiz profunda. É identidade.

A corrida foi dirigida com correção pela delegada técnica Sandra Strecht, assessorada pelo médico veterinário Dr. José Luís Cruz, tendo sido autorizada volta ao representante da ganadaria Varela Crujo, pelo curro enviado.

Foto e Texto: Rodrigo Viana

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