O rejoneador mexicano Ramón Serrano faleceu esta terça-feira, aos 79 anos, vítima de insuficiência respiratória, depois de mais de nove meses internado num hospital da Cidade do México.
Ramón Serrano Segovia nasceu na capital mexicana a 6 de abril de 1946, no seio de uma família de origens modestas que conquistou espaço social e económico, circunstância que lhe permitiu mais tarde dedicar-se à sua grande paixão: os cavalos e o rejoneio. Desde jovem interessou-se pela charrería, mas foi ao descobrir o toureio a cavalo que a sua ligação com os equinos ganhou um novo rumo.
Apesar de ter iniciado a carreira já com 30 anos, rapidamente se destacou, surpreendendo com uma cuadra bem domada e com o seu lendário cavalo branco “Amoroso”, que ficou célebre pelos quiebros arrojados diante dos touros. Serrano apresentava-se tanto à moda charra mexicana como à portuguesa, e também com o traje campero. Foi um dos primeiros rejoneadores no México a usar chaquetilhas bordadas a ouro. Não escapou a ferimentos graves, incluindo cornadas e fraturas, mas manteve-se ativo e temperamental nos ruedos.
Tomou a alternativa a 2 de setembro de 1979 em San Luis Potosí, pelas mãos de Gastón Santos, confirmando-se como um rejoneador polémico e de forte personalidade. Ao longo da carreira lidou com diversos cavalos de destaque, entre os quais “Capricho”, “Rumbero”, “Gaudí” e “Balazo”. A tragédia também o marcou quando “Cordobés” morreu após uma colhida em Zacatecas, em 1988.
Homem generoso e desprendido, Serrano chegou a oferecer cavalos a outros rejoneadores, incluindo uma cuadra completa a Carlos Arruza filho. Doou ainda um bloco operatório móvel à Associação Nacional de Matadores. Em 1984 atuou em Portugal, chegando ao Campo Pequeno, onde partilhou cartel com Mestre Batista e João Ribeiro Telles.
A sua presença em grandes praças mexicanas ficou igualmente registada. Estreou-se na Praça México em janeiro de 1990, após mais de 200 corridas em cosos de província, e aí regressou em várias ocasiões, destacando-se a sua atuação em 1996 no 50.º aniversário do recinto, onde brilhou com vistosos quiebros montando “Lagartijo”.
A partir dessa fase, reduziu gradualmente a sua atividade pública, mas continuou a trabalhar cavalos na sua quinta em Tepeji del Río e a incentivar a carreira da filha Mónica, que se tornou amazona profissional com o apoio incondicional do pai.
Ramón Serrano foi um apaixonado pelo rejoneio, pelos cavalos e pelas yeguadas, com especial predileção pelas raças lusitanas. Acompanhava de perto a atualidade taurina em Espanha e Portugal e mantinha a nobreza e lealdade dos velhos cavaleiros.
Deixa a esposa Vivianne Velarde e as filhas Alejandra, Vivianne, Paloma, Ana Sophia e Mónica. A família, os amigos e a afición despedem-se daquele que ficou conhecido como o “Rei do Quiebro”, um rejoneador que marcou o seu tempo com valentia e singularidade.