A Praça de Touros Amadeu Augusto dos Santos, no Montijo, não é uma praça qualquer, sobretudo quando se vive a sua data rainha, o São Pedro.
Assim, em plena festividade e depois de um dia quente, o tauródromo abriu portas para receber o segundo espectáculo da temporada, entretido, com pormenores e sobretudo, com um “atractivo extra” que foi a encenação afecta a uma Corrida de Gala à Antiga Portuguesa.
Posto isto, saíram do coche do cortejo os cavaleiros João Ribeiro Telles e Luís Rouxinol Júnior, bem como o rejoneador mexicano Emiliano Gamero.
A passagem de João Ribeiro Telles pelo Montijo, concentra-se em qualidade na sua segunda actuação, aquela em que encheu as medidas, pela forma completa com que lidou o quarto da ordem. Bem na brega, nas iniciais bandarilhas e mais e muito melhor com os três curtos com o Ilusionista, sendo que o último, não o mais tremendista, mas o de melhor qualidade.
Frente ao primeiro do seu lote, cumpriu com vontade e a prova-lo, a ida à porta dos curros, tendo o toiro saído desinteressado, tónica que manteria, transmitindo muito pouco.
Emiliano Gamero regressava ao Montijo uma temporada depois de ali ter protagonizado enorme êxito e perplexidade com a sua distinta forma de estar. Ressalvo sempre, que temos ou devemos saber ao que vamos e nunca esperar fado, se formos a um concerto de música rock. Ainda assim, não há como não dizer, que na sua primeira lide, sentiu-se um Gamero desconfortável, a consentir um forte toque na montada mas ainda assim a não desistir, optando pela fórmula dos violinos para “agarrar” o público… mas foi só isso e desplantes em exagero e pior, meia volta à arena a pé… o tempo e o ritmo do espectáculo são preciosos…
No segundo, houve um acréscimo de qualidade, uma actuação mais variada, com um pouco de tudo, duas boas bandarilhas e outro violino, piruetas e cavalos ao “alto”.
Por fim surgiu o toureiro da “casa”, ou seja, Luís Rouxinol Júnior.
Duas boas lides, com uma primeira muito correcta, com boas bandarilhas, boa lide e muito mérito por parte de um toureiro cuja técnica já se nota ajudar a contornar problemas, principalmente os do início e que lhe proporcionaram dois “toquitos” na montada de compridos.
Mas passemos à segunda actuação e essa sim, foi de grande nível, com curtos após importantes batidas ao piton contrário, bem no centro da arena e merecidas ovações do público que além de gostar do seu “paisano” também entende o seu ofício pese embora a sua juventude.
As pegas estiveram a cargo dos Grupos de Forcados da Tertúlia Tauromáquica do Montijo, Amadores do Montijo e Aposento do Barrete Verde de Alcochete.
Pelos da Tertúlia Tauromáquica do Montijo, foram na linha da frente: Luís Carrilho (cabo) e Tiago Feitor, ao segundo intento.
Vestindo a jaqueta dos Amadores do Montijo, pegaram: José Pedro Suiças, tentando pega por uma vez, sendo que pelo facto do toiro ter um dos seus pitons partidos, foi devolvido aos currais sem demais intentos e; João Paulo Damásio, à terceira tentativa.
Envergando o Barrete Verde, de Alcochete, estiveram: Simão Lóia, efectivando ao terceiro intento e João Armando, à primeira tentativa.
Lidou-se um curro de toiros da ganadaria Vinhas, com peso médio a rondar os 600 quilos e que na generalidade tiveram as suas teclas a tocar, não facilitando no entanto, a vida aos toureiros.
O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Tiago Tavares, assessorado pelo Médico Veterinário, Jorge Moreira da Silva.
Fotos: João Dinis